Repórter Rodrigo Alvarez conta como foi a viagem ao lado de estudantes para o Xingu, em que dormiram em redes e comeram farofa com carne seca. Ele caiu de um burro e até lutou com índios para quadro do 'Fantástico'
O repórter Rodrigo Alvarez (37) estreará uma série no Fantástico. Chamada Expedição Xingu, a atração abordará os 50 anos do Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso, comemorados neste ano. Ao lado de Rodrigo, 8 jovens refizeram o caminho da expedição, bravamente realizada pelos irmãos Villas Bôas em 1943. E por conta disso, eles passaram cerca de 30 dias longe de casa e de todo o conforto. "Além dos meus quase 10kg a menos, a viagem foi um aprendizado. Percebemos que é possível viver com bem pouco e ficar 30 dias sem celular, internet...", contou Rodrigo em entrevista à CARAS Online. "Se desligar do mundo acelerado foi o mais incrível, vimos que é possível viver em outro ritmo”.
O motivo de ter emagrecido foram os quase 15 km de caminhada por dia e os alimentos que se restringiam aos da época dos Villas Bôas, tudo para recriar a época com riqueza de detalhes. “Comida foi o maior problema. Era uma farinha com carne seca, que não estragava por ficar longe da geladeira. Mas dava um enjoo danado e como eu não como carne, na minha tinha só farinha. A gente completava com um feijão ou arroz que fazíamos à noite. Somente alguns dias tínhamos peixes, como quando encontrávamos pescadores ou na aldeia”.
E falando em aldeia, Rodrigo adorou a experiência de poder lutar com índios do Xingu e tomar banho de rio. “Conviver com eles foi muito bacana, participamos das danças e rituais. A gente teve que lutar contra os índios, mas, claro, a gente perdeu. Foi um grande aprendizado. Eles descobriram que tenho um furo na orelha da época da minha adolescência e colocaram brincos, e me pintaram também. Tinha música e toda a tensão em volta, parecia uma final de boxe, mas foi tudo muito pacífico. E no final terminamos jogando futebol”.
As caminhadas diárias foram uma tarefa que todos tiveram que enfrentar e até teve quem passou mal com o trajeto. “Foi igual a fazer uma preparação de atividade física mesmo. No começo, todo mundo ficou reclamando e teve um desmaio, da Ágata. Isso aconteceu porque ela comeu pouco no almoço e o sol era muito forte, estávamos todos debilitados. Pouco a pouco foi ficando fácil, mas tínhamos que carregar as mochilas, preparar as fogueiras e a caixa de mantimentos, que era o que causava muitas discussões para ver quem ia levar”, revelou.
As dificuldades foram presentes o tempo todo na viagem, que contou com machucados e muitos animais pelo caminho. Para começar, o grupo demorou para se acostumar com o lugar para dormir. “Dormimos em redes com uma lona por cima para repetir o que a expedição fazia. Dormir na rede não é fácil, tem que ter uma posição certa, cabeça para um lado e perna para o outro. Foram uns 4 ou 5 dias para nos adaptarmos”.
Eles até cruzaram com cobras, pegadas de onças e outros bichos. “Em uma noite, encontramos uma cobra em cima da rede do Felipe. No total acho que vimos umas 6 cobras muito perto da gente. Também vimos antas, capivaras, arara, tucano, papagaio, maritacas e pegadas de onça o tempo todo. Teve gente que não dormia de medo das onças. Foi uma viagem o tempo todo em alerta. Eu fiquei com mais medo da cobra, acho que porque nunca vi uma onça mordendo ninguém, mas cobra já, então não dormia direito”.
Os machucados também fizeram parte do trajeto. Rodrigo até levou um tombo de um burro. “Todo mundo teve um momento de se dar mal. Eu caí do burro, machuquei a bacia e fiquei inchado por uns 20 dias, além de na hora ter que paralisar uma perna. Um outro participante deslocou o braço durante a luta com os índios e o cacique teve que colocar no lugar”.
O quadro Expedição Xingu estreia no próximo domingo, 21, e o repórter revela um dos momentos de tensão que o público poderá conferir nos seis capítulos da história. “Teve uma desistência por causa do calor pesado, os 15 km de caminhada todo dia e as discussões”, adiantou.