Em ritmo de Lollapalooza, KVSH conta em entrevista à Caras Brasil que pretende democratizar o ritmo no Brasil
A história de Luciano Ferreira (29), um dos grandes nomes da música eletrônica brasileira, começa nas tardes de uma lan house em Nova Lima, próximo a Belo Horizonte, embaladas pelas músicas do rapper Kid Cudi (39) e com vídeos de DJs publicados no Orkut (2004-2014). Hoje, anos depois, KVSH (lê-se Kush) se prepara para tocar no Lollapalooza no palco Perrys e cria projetos junto à sua marca e gravadora, para popularizar o ritmo pelo Brasil e dar oportunidade para novos artistas.
Em entrevista exclusiva à CARAS Brasil, o artista conta que o envolvimento com a música surgiu aos 6 anos, quando tocava bateria. Após tentar formar uma banda com os amigos e não conseguir, conheceu a eletrônica e o trabalho dos DJs na extinta rede social, e então pensou que poderia fazer música de outra forma. E foi assim, despretensiosamente, que ele viralizou na internet e decidiu deixar a timidez –e a faculdade de Arquitetura– de lado para se tornar um DJ.
"No último ano da faculdade, eu decidi trancar e me dedicar à música. Nesse um ano, foi quando tudo aconteceu", relembra o artista, da época em que cursava o ensino superior na PUC (Pontíficia Universidade Católica) de Minas Gerais, enquanto trabalhava na parte da manhã e dava aulas à noite. "[No começo] eu só queria aprender a fazer músicas e colocar na internet, mas o crescimento da mídia social me alavancou como DJ, minhas músicas começaram a ter repercussões virais."
A decisão de tirar um ano para a carreira musical aconteceu em 2014, e desde então ele tocou em diversos festivais e viralizou com remixes inusitados, misturando a eletrônica com os mais diversos ritmos, desde funk à MPB. Para o DJ, sua ousadia nos remixes e o trabalho de exportar a cultura brasileira são, até hoje, seus principais diferenciais.
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O artista conta que a ideia de remixes ousados já quase custou sua expulsão de uma gravadora. "Quase fui expulso de uma agência quando cheguei com um remix de funk com eletrônica, há cerca de cinco anos atrás. Na época, eles não queriam, mas eu bati de frente e a música funcionou", acrescenta o DJ, que agora está a frente de sua gravadora própria, com a intenção de dar espaço para novos talentos brasileiros.
A gravadora nasceu durante a pandemia de Covid-19, no ano de 2020, como um meio de divulgar o gênero para além das lives. O artista conta que ela veio através de seu fã clube, a KVSH Gang, que ele classifica como uma família. "Eu amo ensinar, então comecei a fazer vídeos no youtube explicando, ouvia músicas e dava feedbacks. Foi assim que surgiu a Lemon Records, que significa 'Less Ego More Noise', 'Menos Ego e Mais Barulho', [em português]."
KVSH explica que novos talentos da eletrônica estão surgindo em sua própria marca, por isso decidiu está montando seu primeiro estúdio em Belo Horizonte. "Quero democratizar a música eletrônica. Já está sendo preparado, quero receber todo mundo que quiser gravar e fazer música boa", completa o mineiro, que recentemente tocou ao lado de Luan Santana (32), na after party da gravação de seu novo DVD, Luan City 2.0.
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O artista conta que se inspira em DJs internacionais, como Skrillex (35), para começar a produzir Pop Up Shows em solo brasileiro. Os eventos são geralmente temporários e menos formais. A ideia de KVSH é realizar shows gratuitos para também levar novos talentos para seus palcos. "A música e a cultura devem ser acessíveis para todos. Estou muito nessa vibe de vida". No Brasil, suas inspirações são nomes como Zeca Pagodinho (64), Seu Jorge (52) e Ludmilla (27).
E de encontro com sua brasilidade e momento na carreira, o DJ pretende levar às ruas uma nova edição do CarnaKVSH, seu bloco de rua em Minas Gerais, que arrastou milhares de pessoas no pré-Carnaval da cidade. "Foi um bloco de música, chamei Clara e Sofia, Bruno Miranda, MC Anjim, X Sem Peita. Choveu muito no dia, eu achei que todo mundo ia embora, mas ficou uma multidão. Foi surreal."