Em entrevista na CARAS Digital, Junior celebra o lançamento da carreira solo com o álbum 'Solo Vol. 1' e conta sobre como foi acessar seus sentimentos para suas novas composições
O cantor e músico Junior está com uma grande novidade em sua longa carreira na música. Depois de fazer parte da dupla Sandy e Junior por vários anos, integrar banda e mergulhar na música eletrônica, ele está de volta ao pop com o lançamento de sua carreira solo neste domingo, 29. O álbum Solo Vol. 1 já está disponível nas plataformas digitais com 10 faixas inéditas, chamadas 'De Volta Pra Casa', 'Sou', 'Tentando Acertar', 'Passar dos Anos', 'Foda-se', 'Gatilho', 'Ninguém É Santo', 'O Dom', 'Novo Olhar' e 'Paraquedas'. Antes do dia do lançamento, Junior conversou com a CARAS Digital sobre a nova fase em sua trajetória.
“O coração está a mil, é um momento muito especial. Rola uma ansiedade, mas é uma ansiedade boa, positiva, uma sensação de novidade, que já é a grande novidade sentir esse frescor a essa altura do campeonato. Está sendo muito gostoso me ver nesse lugar… Com essa sensação de recomeço, de início, de fase inicial. Eu passei três anos levantando esse trabalho. Então é um período grande. Finalmente está chegando o momento do trabalho ir para o mundo”, afirmou ele.
Então, o artista contou a história de como veio o desejo de lançar a sua carreira solo. Tudo começou lá em 2019, quando se dedicou à Turnê Nossa História, que foi a celebração pelos 30 anos da dupla Sandy e Junior. Ali, ele conta que sentiu que encontrou o que faltava.
"Veio muito na turnê em 2019 com a minha irmã, acho que foi muito revelador para mim. Sinto que a turnê fez ficar muito claro para mim o quanto estava fazendo falta algumas coisas que eu vivi ali, que eu tinha deixado de viver nos meus outros projetos, de me ver nesse ambiente, no palco, com banda, com meus instrumentos, com amplificador, me ver com o microfone ali na frente, dançando. Inclusive, o lance da dança eu senti um prazer que eu não imaginava que ia sentir ali sabe. Me veio um sentimento de: ‘eu sou isso, na verdade’", afirmou ele.
E Junior teve vários projetos nesse meio tempo. Ele integrou a banda de rock Nove Mil Anjos e fez parte de projetos de música eletrônica, como Dexterz e Manimal. "Em todos os outros projetos que eu tinha tido depois da dupla, eu sempre acabei tendo que usar uma parte do que eu tinha aprendido para aquele projeto. Aqui eu sou baterista, aqui eu estou focado na produção e tocar algumas coisas, e ainda tem um universo desconhecido do eletrônico, preciso conhecer… Sempre me colocando em lugares que não eram os mais confortáveis para mim, que traziam um certo desafio, mas que também não me deixam completo, não me deixavam exercer tudo que eu posso exercer. Então, na turnê eu me senti muito preenchido de me ver nesse contexto de ver as pessoas cantando músicas que eu tinha composto, que eu tinha escrito, de me ver como cantor de novo. Eu fui tendo prazeres que eu não sentia e que foi muito revelador, sabe. Me veio muito a sensação de que eu precisava criar alguma coisa onde eu pudesse existir dessa forma", contou.
Com isso, ele começou a se questionar sobre a decisão de lançar uma carreira solo e recebeu o apoio que precisava. "E aí então será que é agora? Nessa altura do campeonato eu vou entrar em carreira solo? Será? Começa a vir uma coceira, noites em claro, e de repente começa a ouvir isso de fora também, gravadora vindo atrás, tem que fazer um trabalho solo, e eu só tendo a confirmação de sentimentos que já estavam em mim. Uma hora eu falei, é isso que eu vou fazer".
A partir daí, ele decidiu encerrar a parceria do Manimal para mergulhar na composição e criação de sua carreira solo. "Já no final da turnê, eu chamei o Julio Torres, que era meu parceiro no Manimal, para conversar e falei: 'Mano, surgiram sentimentos em mim que eu não posso negligenciar mais. Não tenho como não olhar para isso e eu, se eu estiver mergulhado…' Eu sou muito que se eu estiver em um trabalho, o foco é total. Eu sabia que seu estivesse focado em um trabalho como Manimal não ia sobrar espaço em mim para eu deixar isso entrar na minha vida, eu precisava abrir espaço para que isso acontecesse. Então, eu encerrei esse trabalho e agora vou correr atrás da minha carreira solo", contou.
Junior tinha muitos planos para essa nova fase na vida, mas veio a pandemia de Covid-19 e mudou tudo. Porém, mesmo assim, ele se dedicou ao novo sonho. "Estava planejando ir morar fora, ia fazer todo esse trabalho lá fora, veio a pandemia. E acabou todos os meus planos, assim como de todo mundo, tomei a minha rasteira e me vi em um buraco. Tanto é que na 'Paraquedas' eu falo isso: ‘Tudo me dizia para voar, mas eu caí’. Eu estava pensando: 'É agora!' Mas para tudo, o mundo congela… Eu fiquei mal, não só por isso, mas de assistir TV, de encarar o que estava acontecendo, o que estava acontecendo no mundo, eu fui sendo levado e me sentindo muito mal. Eu fiquei um período bem deprezão assim, não foi uma depressão, mas foi uma tristeza profunda por um período longo. E aí meu pai me mandou um pedaço da música que depois virou a Sou e disse: 'eu escrevi pensando em você'. Eu fui pego de surpresa, fiquei mexido com a música, fui mexendo nela e trazendo para o meu universo mesmo, e aí isso me deu um ânimo para começar a trazer outras, fazer outras músicas e criar um set upzinho", afirmou ele.
E completou: "Eu já tinha me desfeito do meu estúdio. Antes eu estava morando em São Paulo e, na pandemia, eu vim morar no interior, e minha casa estava reformando. A minha casa no sítio estava tudo completamente quebrado, sem piso, sem parede… a gente montou um chalé e ficamos morando em um chalé no meio do mato uns oito meses. No final desses oito meses, eu mexi nessa música e na sequência a gente mudou para a obra e montei um set up bem básico para eu conseguir mexer nas músicas, em um quartinho que a gente não sabia o que ia fazer e falei: 'vai ser o meu estúdio'. Tudo meio que de improviso. E aí comecei a fazer algumas músicas".
Depois de começar a mexer em suas primeiras composições, Junior viu o seu retorno ao universo do pop - estilo musical que explorou durante a dupla Sandy e Junior e para o qual retorna agora, na carreira solo. "Para mim era uma grande interrogação para mim qual seria a sonoridade desse projeto, e tudo mais. Eu sabia que seria pop, mas que pop? Pode ser muitos pops diferentes, não são todos os estilos de pop que eu gosto, eu sou chato para música. O que eu vou fazer? Não faz sentido fazer qualquer coisa que não me dê o prazer absoluto, que eu não acredite e goste. Nessa sentei lá e consegui fazer uma, opa, eu gosto! Fiz outra, eu gosto! E, na terceira, eu comecei a perceber uma estética mais claro e comecei… Foi a partir daí que veio todo processo de composição. Foi a partir do segundo semestre de 2020 até agora", afirmou.
Com suas primeiras músicas da carreira solo prontas, o cantor expõe diversos sentimentos nas canções e explica como foi possível acessar suas experiências de vida para criar suas composições. "É mais simples do que se eu tivesse que escrever sobre coisas que não pertencem à minha vida, sabe. Eu me sinto com mais propriedade para falar sobre essas coisas, muitas vezes só usando alguma passagem da minha vida como inspiração, mas não sendo literal com o que realmente vivi, às vezes me permitindo criar alguma situação hipotética, onde eu pudesse ter reagido dessa forma a determinado estímulo. Como, por exemplo, 'Ninguém É Santo' é uma. E se eu tivesse nessa história X que eu vivi, eu tivesse feito essas escolhas ou tivesse escolhido ceder porque fala um pouco sobre isso? Deixa eu permitir viajar. E aí eu consigo sair um pouco da minha realidade, mas é sempre baseado nas minhas próprias vivências, aí eu vou ter mais propriedade para falar, é isso que eu quero dizer", afirmou ele.
E completou: "Uma coisa que eu me propus a fazer nesse disco era só abordar temas que realmente fizessem sentido para mim, na minha vida, com sensações ou momentos que eu vivi, nada que não fosse baseado na minha verdade fazia sentido estar nesse disco, sabe? Eu não cantaria isso, eu não vivi e não teria porquê, não sou eu. Todas as escolhas foram muito pautadas a partir dessa ideia de que tinha que ser condizente com a minha vida, com o que eu acredito e sinto".
Ao ser questionado sobre o que espera para a sua carreira solo, Junior afirmou: "Eu espero que as pessoas ouçam e gostem! Eu até tento não ficar teorizando demais porque nunca vou acertar e, fatalmente, vou acabar me frustando. Eu quero é deixar a coisa rolar. Eu estava louco para chegar nesse momento de botar o projeto no mundo e aí quem quiser abraçar e vier junto comigo vai ser maravilhoso. Eu tenho a minha base de fãs, que traz um certo conforto e vai me dar um chão, quem vai primeiro parar para ouvir. Mas eu espero que as pessoas ouçam com o coração, que quem for ouvir se sinta tocado pelas letras, pelas melodias ou tudo, mas eu fiz muito de peito aberto e espero que muita gente receba de peito aberto também. Mas assim eu acho que não dá muito para escolher isso, eu aprendi nesses anos todos é melhor soltar e ver o que acontece, deixa a galera me dizer depois. O resto é consequência, joga para o mundo".
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