Sasha Meneghel incorpora arquitetura modernista brasileira em nova coleção da Mondepars

Há uma elegância bem peculiar no fato de o segundo desfile da Mondepars, marca de Sasha Meneghel (26), ser no icônico Theatro Municipal de São Paulo. Assim como o edifício, a coleção é um manifesto sobre um Brasil que não precisa gritar para ser notado. A referência ao mobiliário modernista brasileiro da década de 1960, a exemplo da mesa Pétala, de Jorge Zalszupin (1922-2020), não surge como mera inspiração, mas como chave de leitura.

Nas roupas, isso se traduz em estruturas mais limpas, mas que manifestam complexidade na execução, como os trench coats com construções duplas, os tricôs com golas, as silhuetas esculturais, além das texturas elaboradas. Na exploração têxtil, Meneghel propõe a nobre mistura de lã com a seda, que gera um caimento singular às peças, reforçando a arquitetura como linguagem estética da marca.

A paleta composta de tons cinza profundos, terrosos, verdes-musgo e até um sofisticado burgundy inédito ao repertório da marca, faz alusão à nobreza do mobiliário que serviu de inspiração-base para a coleção. Na área dos acessórios, a já consagrada bolsa Arraia agora ganha versão de camurça e o modelo João é reconfigurado para a forma de trapézio.

A parceria com o designer de sapatos Alexandre Birman (48) na passarela reforça a narrativa das marcas de prezar pelo design autoral e pelo bem-feito. Enquanto a Orquestra Camerata Bachiana ecoava pelo teatro, cada look parecia uma nota de toda essa sinfonia visual. Técnica impecável, inovação têxtil e, acima de tudo, a coragem de propor um Brasil que se revela nas entrelinhas.

Numa era de excessos, a Mondepars nos lembra que sofisticação muitas vezes vem sussurrando e talvez seja exatamente isso que precisamos ouvir. "Eu sonho alto, mas prefiro focar em um passo de cada vez, entregar o melhor que posso nesta coleção. Estou me dedicando muito para aprimorar cada vez mais os nossos códigos", disse Sasha.

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