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VILLA DE CARAS: BRUNA LOMBARDI ABRE GRAMADO

BELA LEVA O SEU CHARME AO FESTIVAL DE CINEMA E FALA SOBRE ARTE, RELIGIÃO E CASAMENTO

Redação Publicado em 16/08/2006, às 15h46

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À luz da lareira, a atriz e escritora lê Trabalhos de Amor Perdidos, de Jorge Furtado, com o Motorola V3i Dolce & Gabbana, presente da Claro.
À luz da lareira, a atriz e escritora lê Trabalhos de Amor Perdidos, de Jorge Furtado, com o Motorola V3i Dolce & Gabbana, presente da Claro.
por Ranieri Maia Rizza Radicada há 15 anos no coração da indústria cinematográfica mundial, a cidade de Los Angeles, Bruna Lombardi (51) esteve na serra gaúcha para inaugurar a 9ª temporada de inverno da Villa de Caras, point preferido dos artistas durante o Festival de Gramado - Cinema Brasileiro e Latino, que neste ano acontece até 19 de agosto. "Há algumas edições fui jurada dos filmes de longametragem brasileiros, mas há cerca de quatro anos não vinha à cidade. Adorei o convite para conhecer este lugar lindo e decorado com tanto bom gosto", disse a atriz e escritora, entrando no salão iluminado por cores fortes. "Amo lareira. Acho uma peça indispensável numa casa de campo", completou ela. Enquanto circulava pela construção colonial - localizada no loteamento Aspen Mountain - Bruna falou sobre a opção de morar fora do Brasil, a falta de tempo para cuidar da beleza, religião e a parceria com o marido, Carlos Alberto Riccelli (60), que ficou em São Paulo trabalhando na pós-produção de Sob o Signo da Cidade, filme dirigido por ele, escrito e protagonizado por ela, e com estréia prevista para o primeiro semestrede 2007. Juntos há 26 anos, eles são pais de Kim (24). "Eu e Ri temos interesses idênticos, a mesma dinâmica, os mesmos pontos de vista. Nós nos entendemos com um olhar", diz Bruna, que esteve em abril nas telas brasileiras, no longa Brasília 18%, dirigido por Nelson Pereira dos Santos (78). - Sente saudades do Brasil? - Abri uma extensão da minha vida nos Estados Unidos, mas nunca deixei o meu país. As pessoas perguntam se eu me dividi, mas, na verdade, acho que somei. Estou inclusive reformando a parte externa da minha casa em São Paulo. Meu estilo de decoração é eclético. Gosto de usar objetos comprados em viagens, de coisas que contêm a nossa história. - Por falar em história, este ano é comemorado o centenário do poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994), de quem você era musa. Como ficaram amigos? - Conheci o Mário em 1977, quando estava lançando meu primeiro livro de poesias, No Ritmo Dessa Festa, na Feira do Livro de Porto Alegre. Ele entrou na fila para pedir autógrafo como qualquer outro fã. Tivemos uma amizade bonita, fiel, até ele morrer. Nós trocávamos cartas, nos falávamos pelo telefone. Ele tinha uma foto minha no quarto. Acredito em relações duradouras. Para mim, nadaé superficial, nada passa rápido. Tudo é duradouro, para sempre. - Seu casamento é exemplo disso. Trabalhar no mesmo ramo ajuda a manter a chama acesa? - Demonstrar interesses parecidos é um componente fundamental. Mas, obviamente, temos as nossas diferenças, até de personalidade. Sempre respeitamos a individualidade do outro. Liberdade é importante para que cada um se desenvolva à sua maneira. Não quero moldar ninguém. É preciso aceitar o outro do jeito que ele é. - Além de Sob o Signo da Cidade, você e Riccelli têm outra parceria profissional? - Também escrevi e atuo em Stress, Orgasms and Salvation, com direção do Ri, que foi filmado no ano passado, em Los Angeles, mas ainda não estreou. Tenho seis livros publicados, mas há cerca de 10 anos me dedico a projetos para o cinema, que é um processo mais longo e complexo. - Não pensa em voltar à TV? - As pessoas são gracinhas comigo e com o Ri, convites não faltam. A gente só não está fazendo por causa de problemas de agenda. Muitas vezes somos obrigados a dizer não para coisas bacanas. - Como vê a opção de Kim pela carreira artística? - Não impusemos nada, mas ele sempre teve a manha de atuar e é um diretor nato. É seguro ao falar com grandes nomes do meio. No momento, está em Los Angeles, se preparando para viajar para a Irlanda e a Itália com um grupo de teatro. - Você parece ser uma pessoa tranqüila e feliz com os rumos de sua vida. Isso é fruto de alguma filosofia ou religião? - Fui criada em uma família italiana, católica, mas não costumávamos ir à igreja regularmente. Eram intelectuais, mais dedicados a discussões teóricas. Sou movida pela paixão e pela curiosidade. Minha busca sempre foi em torno das indagações comuns a qualquer ser humano. Quem somos? O que viemos fazer aqui? Isso me fez estudar várias religiões, além de cabala. Não sigo nenhuma específica, aproveito elementos. Eu acredito no bem e gosto de partilhar. Não adianta você ser feliz sozinho. Tenho alguns defeitos, mas o egoísmo não é um deles. - Essa forma de ver a vida é seu segredo para se manter bonita? - Não fui uma menina ou uma adolescente ligada à beleza, até que comecei a trabalhar como modelo, aos 14 anos. As pessoas falavam tanto nisso que quase acreditei na importância da aparência. Confesso que gostaria de ser mais vaidosa. Como toda mulher, adoraria poder passar dias me cuidando. Mas a verdade é que a gente não tem tempo para isso. Faço ioga, malho e tenho uma alimentação saudável, porque sempre gostei da natureza. A vida inteira morei em casas, tive jardins com árvores frutíferas. Nada melhor do que comer fruta no pé. Produção:Claudio Lobato, Beleza: Chris Bastos.FOTOS:FOTOS: LIANE NEVES