“É muito difícil se manter de arte no Brasil. E venho vivendo disso há dez anos. Só tenho o que festejar", diz a atriz
Nhemoakã ratã significa ‘ser uma pessoa obstinada’ na língua guarani. Porém, bem mais do que traduzir o esforço para falar um pouco o idioma no longa Partiu Paraguai, rodado no início do mês, a frase pode traduzir a própria trajetória de Nanda Costa (29). Em raro momento de folga na Ilha de CARAS, em meio a muitos projetos e celebrações – comemora dez anos de TV, estreou em Cobras & Lagartos, e faz 30 anos de idade em 24 de setembro –, a atriz sente-se recompensada por ter sido sempre focada e determinada. “É muito difícil se manter de arte no Brasil. E venho vivendo disso há dez anos. Só tenho o que festejar”, assegura.
Após filmar com Bruna Linzmeyer (23) e Johnny Massaro (24) o longa em que faz uma paraguaia e chega aos cinemas no início do ano que vem, Nanda já está envolvida com outros trabalhos. Grava a série Natureza Morta, do canal Cine-Brasil TV, um thriller passado em SP, e na virada do mês começa a protagonizar com Marjorie Estiano (34) A Costureira e o Cangaceiro, produção cinematográfica que será exibida também como série da Globo em 2017. A direção é de Breno Silveira (52) e a personagem, inspirada em Maria Bonita (1911–1938), foi escrita especialmente para ela por Patricia Andrade. Além disso, não esconde a empolgação com os desafios que vem saboreando há quase dois anos no coletivo Batida Nacional, em que ao lado da percussionista Lan Lanh (48) e do DJ Deeplick (40) faz shows em que mistura gêneros e ritmos brasileiros, sempre incrementados pela música eletrônica. No grupo, Nanda vem lapidando uma outra habilidade: a de compositora. “Sempre gostei de escrever, mas agora juntei isso com a música. Estou me sentindo mais à vontade nesse universo”, conta ela, que tem mais de dez canções novas para mostrar e já apresentou em shows e nas plataformas digitais do grupo Ninfa Baby e O Fruto.
Como é se envolver em tantos projetos ao mesmo tempo?
Complicado é quando não tenho o que fazer. Fico ansiosa e termino inventando atribuições. Gosto mesmo de me dedicar a muitas coisas. É instigante, não fico preocupada, fico ocupada.
E se envolver com três personagens simultaneamente?
Se fossem parecidos, seria mais difícil, não é o caso. Vira desafio e gosto disso. A composição, o jeito de falar e até de andar das três são diferentes. Isso dá prazer, estimula e me diverte.
E como se vê compositora?
Estou me sentindo mais à vontade. Levo a sério, mas sem deixar de brincar, extravasar e me divertir. Não sou cantora, mas uma atriz que canta. E quando escrevo as letras, é legal porque a minha verdade está ali.
A proximidade dos 30 anos vem mudando algo em você?
Estou menos ansiosa e com muita coisa para comemorar. A música, por exemplo, era uma paixão, mas tinha medo. Mas sempre tento evitar coisas que me paralisam, busco as que impulsionam.
Como assim, medo?
As coisas que amo, encaro com muito, muito respeito mesmo. Sou assim. Demorei bastante, por exemplo, para falar que era atriz. Na época, dizia: ‘estou fazendo uma novela’. (risos) Isso durou até o dia em que encontrei um cara em São Paulo que elogiou minha atuação no especial sobre Dolores Duran – exibido em 2008. Ele era amigo da filha da compositora. Disse que ela se emocionara muito com as cenas. Fiquei muito feliz por reproduzir o amor e afeto entre duas pessoas. Aí comecei a me sentir atriz. A arte é isso, mudar alguma coisa em alguém. E acho que será igual agora. Quando sentir que estou tocando as pessoas com as canções, vou poder me sentir música também.
Algum projeto?
Tenho um de teatro para o ano que vem. Fiz uma única peça na vida, tinha 19 anos e participei apenas da estreia. Me convidaram para o teste na Globo e tive que deixar a montagem. Por isso o desejo, fui atrás das pessoas certas para escrever, produzir e dirigir. Só não posso dar detalhes ainda.
Qual foi seu grande personagem nesses dez anos?
A Morena, de Salve Jorge, foi bem importante. Fez muito sucesso não só no Brasil, mas também na América Latina e Europa.