Mouhamed Harfouch, o Pérsio de Amor à Vida, fala sobre a repercussão do seu personagem palestino que se apaixonou por uma judia. O ator também conta como é fazer o par romântico de Paula Braun, que é casada com Mateus Solano
Renan Botelho Publicado em 27/09/2013, às 13h54 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20
Interpretando o palestino Pérsio em Amor à Vida, Mouhamed Harfouch percebeu que atuar em uma novela do horário nobre não é brincadeira. Até bronca de policiais ele ouviu por causa do personagem. “Foi logo depois da cena em que ele se recusou a salvar uma mulher que abortou, por causa da religião dele. Parei em um farol do lado de uma viatura policial, os dois policiais ficaram me olhando e falaram: ‘Doutor, deixar a mulher morrer não pode, não!”, conta o ator, que se diverte com a repercussão do trabalho.
“A projeção de uma novela das oito é muito grande. Tem gente na rua que fala ‘fica de olho naquele teu primo que tá querendo roubar o hospital’, outros falam que vou jogar uma bomba no hospital (risos)”, comenta. E as brincadeiras continuam dentro do set de gravação, principalmente por causa da relação amorosa do seu personagem. Mouhamed faz o par romântico de Rebeca, personagem de Paula Braun, que na vida real é casada com Mateus Solano, o grande vilão da trama. “É muito engraçado. Às vezes eu passo nos corredores e vejo eles se beijando, daí eu brinco: ‘Ô Mateus, não mexe na minha gaveta. Você está me desconcentrando’. E ele fica me perguntando: ‘E aí? Como é que é beijar a minha mulher?’”, conta o ator.
A relação de amizade de Mouhamed e Mateus nasceu bem antes da novela. “Eu o conheci antes dele ser o Mateus, famoso, antes dele trabalhar com televisão. A gente fez um curso de reciclagem para atores e logo de cara viramos amigos. A gente se fala sempre, ele é um grande parceiro.Não é à toa que ele está fazendo esse sucesso todo. Acho ele um grande ser humano e um grande artista. É uma honra fazer uma novela com ele, que eu admiro muito como profissional e como pessoa”, fala.
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Romeu da Palestina
Em Amor à Vida, o personagem de Mouhamed vive um amor proibido com Rebeca. Ela é neta de um rabino e ele lutou na guerra da Palestina contra os judeus. “A relação deles tem sido contada de uma forma muito cuidadosa. Acho muito corajoso do Walcyr colocar essa história. Embora essa trama pareça uma trama regional, ela é universal, é uma releitura do Romeu e Julieta. É o amor tentando superar as diferenças culturais, religiosas”, avalia.
Mouhamed recebeu até mensagens de uma jovem palestina que ficou feliz ao ver o personagem dele na novela. “Ela me escreveu para falar que estava contente de ver um palestino retratado na televisão”, disse. Mas logo depois vieram as polêmicas... “Essa mesma menina que mandou a mensagem, disse que a comunidade estava falando que eu não poderia me apaixonar pela judia. Acho isso fantástico, a gente só consegue promover alguma mudança, evoluir ou aprofundar qualquer debate e discurso, se a gente tiver a oportunidade de mostrar essas diferenças. O simples fato de ter um palestino se apaixonando por uma judia já proporciona curiosidade pelo tema, posicionamentos e gera o debate. Que caiam os tabus e os preconceitos!”.
A trama de Pérsio e Rebeca vai começar a ganhar mais destaque agora que Félix irá disputar a presidência do Hospital San Magno com César (Antônio Fagundes). Como o médico é dono de 10% do hospital, ele acabará se tornando alvo do vilão.
Papai
Enquanto na ficção ele está apaixonado por Rebeca, na vida real Mouhamed se divide entre dois amores: ele é casado há quatro anos com Clarissa Eyer, com quem tem uma filha de um ano e dois meses, a pequena Ana Flor. “Dá uma dó de sair de casa para fazer qualquer coisa. Ela é a alegria da vida, e tão apegadinha a mim”, conta o papai coruja.
