Conheça a mistura de estilos e as combinações únicas da residência da estilista que revolucionou a moda
Um apartamento com decoração imponente, clássica e eterna. Esse lugar é certamente o reflexo de sua moradora mais ilustre: Mademoiselle Chanel. A estilista morava no hotel Ritz, mas a poucos metros dali, mantinha um apartamento localizado no terceiro andar de um prédio no número 31 da Rue Cambon, em Paris, que usava para passar o dia e receber amigos. A residência abriga itens pessoais e icônicos, que dividem espaço com diversos espelhos e painéis chineses de cor vermelho ocre e dourado que deixam o ambiente majestoso.
Logo na entrada, a famosa bergère branca de cetim, onde ela foi fotografada por Horst P. Horst em 1937, deixa claro que as características de Chanel estão presentes por todo o espaço. Perto, as estátuas que Coco costumava chamar de ‘companheiros’, já que nunca se casou, estão posicionadas propositalmente na porta. “Um te dá as boas-vindas e o outro te vê saindo”, ela dizia. Também era nesse lugar que ela inspecionava cada modelo que vestia suas criações.
A sala principal era onde Mademoiselle passava a maior parte do tempo quando estava em casa. No ambiente, mais espelhos e biombos completam o visual, que conta com cadeiras francesas de camurça e madeira dourada e um sofá de camurça que servia como ‘cama para o dia’, já que não havia uma cama propriamente dita na casa. Passaram por essa sala personalidades como Salvador Dalí, Pablo Picasso, Jean Cocteau, Igor Stravinsky, Marlene Dietrich, Greta Garbo e Romy Schneider, amigos da estilista e frequentadores de suas reuniões.
Os objetos que fazem parte da decoração têm significados e marcam passagens da vida de Coco. Ela colocou na decoração de sua casa um pouco de tudo que mais gostava; os leões de diferentes materiais são a representação de seu signo e ainda hoje inspiram a marca. No desfile outono/inverno de 2010, o estilista Karl Lagerfeld criou um cenário com dois gigantescos leões dourados como os da casa de Chanel. As esculturas de camelos de terracota, segundo Coco, significavam sua vida nômade. Já as camélias eram suas flores preferidas e estavam presentes em suas coleções. A fênix na gaiola expressa sorte e imortalidade. Entre os livros, clássicos de Plutarco, Shakespeare, Rochefoucauld, Molière, Rousseau e Voltaire.
Um dos objetos que ela mais gostava era uma estátua em forma de mão do escultor Diego Giacometti, que ficava em cima de uma das mesas chinesas usadas como aparador do sofá. A peça mais importante para ela era uma caixa vermelha com o interior dourado e esculpida com o brasão de Westminster, lembrança de um de seus mais marcantes casos amorosos.
Na sala de jantar, mais duas telas chinesas dividem o espaço com uma mesa de nogueira maciça estilo Luís 13 e cadeiras de camurça. A história conta que Coco não costumava chamar muitos amigos para as refeições, mas quando isso acontecia, ela os recepcionava sem cerimônia, talheres luxuosos ou pratos requintados. Chanel exigia apenas frutas frescas da estação.
O estúdio do apartamento é um encontro de sensações. Um sofá do século 18 que, segundo especialistas, por sua raridade é o item mais valioso da coleção de Chanel, um lustre de cristal com pingentes em forma de flores esculpido por Paul Iribe, affaire de Coco, e uma imagem religiosa de pedra que remete à época em que ela viveu em um orfanato completam a decoração.
Em cada cômodo existe uma tela dourada, a cor preferida de Chanel. Esse é mais um retrato das peculiaridades desse lar e de sua dona, que imprimiu sua personalidade marcante à moda, colocou seu nome na história e deixou em cada detalhe, ao longo da vida, a sua marca pessoal. E a casa em que vivia é um resumo de tudo isso. Não poderia ser mais perfeita.