Mobiliário antigo, tecidos suntuosos e conceitos da decoração europeia tradicional ditam os ambientes deste palacete paulistano.
Redação Publicado em 09/08/2010, às 18h24 - Atualizado em 27/08/2010, às 15h57
Clássica e suntuosa. Assim é a casa de 2.311 m2, em São Paulo, que lembra um palácio francês. A ascendência europeia dos proprietários exerceu influência no estilo escolhido, que foi aplicado tanto na arquitetura quanto na decoração de Patrícia Penna. O mobiliário antigo, grande parte do acervo da família, encontrou o cenário ideal para exibir todo seu esplendor. Tons de branco, o dourado e o verde celadon (verde pálido característico das porcelanas chinesas) foram eleitos para compor os ambientes. "Os tecidos não têm cores carregadas para manter a sofisticação e trazer leveza à casa", diz a arquiteta. A atmosfera imperial começa no hall de entrada. Com 450 m2 e 9 metros de pé-direito, o espaço recebe luz natural por meio de um domo de vidro localizado no teto central. "Seria muito difícil fixar um lustre ali por causa do domo e porque ele teria que ser gigantesco, com no mínimo 3 metros de diâmetro. Preferi priorizar a iluminação natural", explica Patrícia. Peças adquiridas em antiquários, como aparadores e candelabros, dividem espaço com poltronas Luís 15 e Luís 16. Destaque para as escadarias estilo clássico, que levam ao segundo pavimento, de mármore calacata gold, com gradil de ferro trabalhado artesanalmente e corrimão de latão. O lavabo é um bom exemplo de como o tradicional prevalece na casa. O espaço é dividido em duas áreas, a do vaso e a do toucador.
Uma cortina de organza de seda bordada com tecido italiano separa os ambientes. "Como não há janela, escolhi tons de pérola para dar mais amplitude ao local", afirma. A decoração do toucador é marcada pela delicadeza. A pia de mármore, adaptada a um aparador antigo, tem metais banhados a ouro. Os misturadores são de cristal lapidado. Sobre a pia, uma bandeja dourada serve de apoio para perfumeiras de época. Uma caixinha de costura e um espelho de mão dão charme ao móvel, que acompanha uma cadeira provençal. O banheiro da suíte do casal também dispõe de uma divisão entre a sala de banho (onde está o toucador) e a área íntima. A estética remete ao Olimpo. Degraus de mármore branco absoluto levam à banheira, que está diante de um grande painel com pintura Tromt L´Oeil, técnica artística usada pelos gregos que, mais tarde, no período barroco, foi batizada com a expressão francesa que significa "enganar os olhos", por sua noção de perspectiva. Nas laterais da banheira, ainda há duas esculturas de bronze. "Os proprietários já tinham essas peças de arte e queriam colocá-las na sala de banho, então criei esses nichos para elas", afirma a arquiteta. Em uma casa de beleza clássica, boiseries ornamentam as paredes das salas com suas linhas em alto relevo. No living, sofás de seda adamascada compõem o ambiente com poltronas de veludo de seda. "Dá para abusar desse tipo de tecido mais frágil no living porque é um ambiente de uso eventual. Jamais usaria seda numa sala de TV, por exemplo", explica a arquiteta. As almofadas foram feitas com composição de vários tecidos e estampas diferentes da do sofá para ganhar destaque. Outro item que também foi confeccionado para merecer atenção foi a cortina. Para conseguir efeito encorpado, a decoradora usou uma camada de seda dupla sobre outra de organza de seda.
Em função da ampla área do living, dois lustres de tamanho médio foram usados em vez de uma única peça grande. Com uma proposta diferente da do living, a sala de lareira dispõe de um tipo de iluminação mais discreta. O ambiente acolhedor conta com um plafon de Murano que oferece luz mais amena. Os revestimentos têm tons mais quentes e texturas mais aconchegantes. Tanto a cor quanto o tecido do sofá, de jacquard de veludo, são prova disso. Esse ambiente é definido pela arquiteta como de estilo inglês. A mesa de centro de madeira e o carrinho de chá de prata, herança de família, reforçam essa ideia. "Os objetos decorativos em uma casa clássica são geralmente de prata, porcelana ou cristal", diz Patrícia. Na sala com lareira, isso fica evidente. Sobre a mesa de centro se vê uma floreira de prata e uma bombonière de cristal. Muitos candelabros de prata também estão espalhados pela casa. Um dos mais pungentes está na sala de jantar. Sobre a mesa de rádica de imbuia, um par de castiçais confere, com o lustre de bronze e cristal, opulência ao ambiente. "Geralmente, se colocam quadros de natureza morta ou paisagem na sala de jantar. Optei pelo espelho antigo
para valorizar os objetos e duplicar esses elementos", diz.
Um discreto espelho entalhado de madeira na suíte do casal exerce função diferente: dar um ar sofisticado, conceito que dita a linguagem desse espaço. O tecido predominante é a seda. Ela está presente na cabeceira e nas roupas de cama, na cortina, na banqueta e na cúpula do abajur. Para criar um clima mais acolhedor, o piso é de madeira e as paredes são revestidas com papel de parede. "O segredo para trabalhar o clássico é não exagerar nos excessos", ensina Patrícia. Na área externa, traços da arquitetura e da decoração clássica, como balaústres e ânforas, além do formato da piscina inspirado em fontes antigas e da arte da topiária aplicada no jardim, reforçam a sensação de se estar vivendo realmente em um palácio. Prova de que tradição, requinte e bom gosto caminham juntos.
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