A colunista Mônica Barbosa mostra a exposição Slow Design de Inês Schertel
Faz algum tempo que queria contar a linda história da arquiteta e cenógrafa gaúcha Inês Schertel (60) e acredito que este é o momento certo. Afinal, Inês acaba de estrear com sucesso a exposição Slow Design no espaço Espelho D’Água, um importante edifício à margem do rio Tejo, em Lisboa, Portugal. Mas toda essa história teve início há alguns anos, quando ela e o marido decidiram se mudar para a fazenda que possuem em São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul, depois de duas décadas morando na tumultuosa capital paulista. Na época, o local bucólico já abrigava uma criação de ovelhas, mas Inês vivia incomodada com o desperdício de lã do tosquiamento anual e buscava um destino sustentável para o material. Foi até que, em uma temporada em Milão, na Itália, ela se deparou com uma tapeçaria elaborada com técnica milenar. “Quando vi a beleza daquele feltro rústico, tive certeza de que era aquilo que eu queria fazer”, conta. Determinada a dar um rumo diferente para a atividade agropecuária, Inês fez as malas e foi para o Quirguistão, na Ásia Central, para aprender o processo manual de fricção das fibras de lã com artesãos de tribos nômades. Há quatro anos, ela transforma a matéria-prima em luminárias, cestos e bancos, como na foto abaixo. O mais curioso é que Inês realiza todo o processo sozinha. Isso inclui tosquiar, pentear e lavar a lã para eliminar a gordura animal, além de tingi-la de maneira natural com plantas e cascas das árvores da região. No fim desse minucioso trabalho, somos surpreendidos com seu bom gosto ao criar peças elegantes e atuais.