Em entrevista à CARAS Brasil, Fred Nicácio debate o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e abre o coração ao falar de relacionamento aberto
O ex-participante do BBB 23, Fred Nicácio(38) aponta que amar é um ato revolucionário, principalmente, para pessoas que são da comunidade LGBTQIAPN+, pois como ele mesmo declara: "Por mais que o amor nos seja negado, a gente tem a capacidade de gerar isso e devolver de uma maneira tão gloriosa".
Em especial para o Mês do Orgulho — um momento para celebrar as conquistas do movimento LGBTQIA+ e lembrar a importância de continuar lutando por direitos e igualdade — a CARAS Brasil entrevista Fred Nicácio, que reforça o marco desta data.
"Se tem uma coisa que pessoas LGBT sabem fazer é: amar! A gente recebe ódio de vários lados e a gente continua amando. A gente continua sendo amado e buscando amor. Por mais que o amor nos seja negado, a gente tem a capacidade de gerar isso e devolver de uma maneira tão gloriosa, tão afetuosa", avalia.
A 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo ocorre neste domingo, 22. Recordista de público, a edição paulista do evento terá como tema 'Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro', uma homenagem a representantes idosos da comunidade. Fred Nicácio confessa.
"Eu acho que quando a gente tem amor, a gente oferece amor. Pessoas LGBT falando sobre amor é uma revolução, é uma resistência! É o que a gente sabe fazer de melhor, transformar violência e ódio em amor", diz. Abaixo, confira trechos editados da conversa de Fred Nicácio à CARAS Brasil.
Na sua opinião, em quais pontos avançamos ao longo de quase trinta edições da Parada do Orgulho LGBT em São Paulo?
Eu acho que a gente amadureceu bastante na questão de discussões, de aprofundamento das nossas discussões, antes nós lutávamos por espaço, existência e não sermos agredidos na rua [...] Hoje, eu acho que estamos em uma evolução. Olha o tema da nossa parada deste ano, ela é exatamente isso, etarismo, sabe? A população LGBTQIA+ está envelhecendo, isso é maravilhoso. Nós estamos falando sobre envelhecimento no meio LGBT. Isso é um grande avanço, uma grande pauta para ser celebrada.
Acredita que a nossa sociedade estám mais conservadora?
A gente não pode regredir, você vê o Trump (Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos), que regressão hororrosa. Nós precisamos nos manter vigilantes para que a gente não caia nessas armadilhas que são tão traiçoeiras. Nós estamos avançando mais do que regredindo, eu sou esperançoso. Temos que ser otimistas e esperançosos.
Para pessoas afrodescendentes e LGBTQIAPN+, você também avalia avanços na luta por direitos iguais?
Recorte racial? A luta LGBT avança 80 vezes mais rápido do que a luta preta, porque são pessoas brancas envolvidas. Não tem como comparar. Quando você coloca o recorte de uma pessoa LGBT preta, é outra parada. A travesti preta, ela é alvo de afeto de quem? Não tem como eu responder esta pergunta sem te colocar estes questionamentos. A luta LGBT avança muito mais rápido do que a luta de movimentos pretos.
Você fala muito sobre religião, qual a importância dela em sua vida?
Eu adoro a mudança, adoro o movimento e Exu é o próprio movimento. Exu é o que faz você conseguir levantar da cama. O dinamismo, tudo isso é Exu. Eu acho que a religão tem a função de religar as pessoas. Aqui no Brasil, a gente fala que eu sou de Ifá, uma filosofia tradicional iorubá, que é um culto nigeriano que não sofreu diáspora. Eu sigo uma filosofia de vida. Ifá também é uma filosofia de vida e tem a missão de te trazer valores para você conseguir viver melhor e mais equilibrado. Eu acho que a importância da religião é esse contexto de filosofia.
Na vida amorosa, você tem um relacionamento aberto, como é viver uma relação fora dos moldes da monogâmia? Sente que ainda existe estigma?
A gente é muito bem resolvido com relação a isso. São dez anos juntos e estamos seis anos em um relacionamento não monogâmico. De lá para cá, a nossa relação vem se transformando muito. Eu acho que o segredo, isso todo mundo deveria fazer, é conversar.
Como manter um relacionamento aberto saudável por tanto tempo?
Nós respeitamos os nossos acordos. Se eu quero experimentar coisas novas, ele também [pode]. A nossa relação não tem como ficar engessada em pactos que nós fizemos há 10 anos atrás. Eu sou um outro ser, ele também. A nossa relação também vai mudar. Eu acho que é [importante o] diálogo, a conversa, a sinceridade, verdade e essa constante pactuação dos nossos acordos.
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