“Coloquei a bota, o chapéu, deixei o salto de lado... renasceu uma nova mulher”
Dona do título de Rainha do Cacau, Elcy Gutzeit é pioneira em tudo o que faz. Nascida em família de origem alemã, na década de 1990 ela se mudou para a Suíça, mas regressou ao Brasil para abraçar o negócio de seus descendentes: a produção de cacau. “Faz 15 anos que estou à frente do setor cacaueiro e tem sido a melhor experiência da minha vida”, diz ela, que precisou enfrentar barreiras
sua liderança.
“Quando cheguei, eram poucas mulheres no setor. Coloquei a bota, o chapéu, deixei de lado o salto... precisou renascer uma nova mulher! Tive muitas lutas, por- que não era fácil liderar homens que não estavam acostumados a receber ordens de uma mulher. Tive que ter muita psicologia e sabedoria para li- dar com isso”, recorda ela.
À frente da fazenda Panorama, no Pará, em meio ao coração da Floresta Amazônica, Elcy tem como filosofia de vida a sustentabilidade. “Na cultura do cacau, não é preciso desmatar para plantar, podemos usar o solo de várias formas. É o conceito de agrofloresta. Nós trabalhamos com foco na sustentabilidade e no social”, explica a profissional que não troca a vida no campo por nada. “Amo acordar cedo e ver floresta por todos os lados, ouvir o canto dos pássaros, poder abraçar uma árvore. Morar na floresta é um privilégio para poucos e sou grata por isso. Grata também por poder continuar a saga da família Gutzeit”, emenda.
Formada em Pedagogia e fluente em francês, Elcy aponta que a maior lição que aprendeu com o agronegócio foi a humildade e a perseverança. “Sem isso, não alcançamos objetivos. Somos todos iguais, com as mesmas lutas.”