Em livro, James Cameron agradeceu a produtora que acreditou no filme e revelou toda a estratégia para a divulgação na imprensa
Em novembro, o filme Titanic, de James Cameron, irá completar 20 anos desde a sua estreia no Tokyo International Film Festival. Considerado o segundo maior sucesso de bilheteria dos cinemas mundialmente - o primeiro é Avatar (2009), também de Cameron - o longa foi recusado por estúdios, produtores e era alvo de críticas pesadas da imprensa americana bem antes de seu lançamento.
Quem revelou os bastidores da produção do filme foi o próprio Cameron em uma carta escrita para o livro Leading Lady: Sherry Lansing and the Making of a Hollywood Groundbreaker, que conta a história da produtora executiva Sherry Lansing, da Paramount, a única que comprou a ideia de Titanic e apoiou o diretor em suas decisões.
Cameron conta no texto que os estúdios da FOX decidiram desde o começo que precisariam dividir os custos do filme com outra produtora. A previsão inicial era de US$ 100 milhões, mas o valor acabou dobrando até o fim das filmagens. Era julho de 1996, os estúdios estavam construídos e prontos para iniciarem a filmagem, mas a FOX ainda não tinha conseguido um sócio. A Universel, então, recusou o projeto. A única que demonstrou interesse foi Sherry Lansing, representante da Paramount. Porém, ela estava praticamente sozinha.
"Sherry sempre amou o filme, mas os empresários da Paramount agiam como se eles tivessem sido diagnosticados com câncer terminal", conta o diretor. "Todo mundo pensou que ia perder dinheiro e todos os esforços eram para que a 'hemorragia' não fosse fatal. Ninguém estava jogando pelo lado positivo, inclusive eu, porque ninguém poderia imaginar o que viria depois", diz.
O filme estava agendado para estrear em julho de 1997, mas acabou atrasando por conta dos efeitos visuais e toda parte técnica que se mostrou mais difícil e lenta do que o diretor imaginava. "A realidade de terminar o filme no nível necessário de qualidade visual estava se tornando quase impossível. O filme era muito longo e os efeitos visuais eram muito inéditos", explica. "Cortar o filme estava o tornando mais demorado. Na sala de corte, o filme ficava poucos segundos mais curto por dia. Era como cortar um diamante", lembra.
Foi neste momento que a imprensa americana começou a criticar o filme de Cameron, criando uma expectativa negativa sobre seu lançamento. As críticas giravam em torno de seu custo épico, o atraso da estreia e a segurança no set de filmagem. Neste momento, o diretor disse que se inspirou na arte-marcial aikido e decidiu usar 'a força do oponente para derrubá-lo'. Cameron jogou a estreia de Titanic em território nacional para dezembro, mas antes decidiu lançá-lo no Japão e em Londres, onde a imprensa local aplaudiu o longa e fez grandes elogios - a estratégia incluiu uma exibição particular do filme para o Príncipe Charles, no Reino Unido. Assim, a imprensa americana viu que precisava ver o projeto com outros olhos.
Sherry, a única que apoiava o filme, ficou emocionada quando assistiu ao longa pela primeira vez e elogiou a química entre Jack e Rose, personagens de Leronardo DiCaprio e Kate Winslet. E o resultado disso todo mundo conhece:Titanic estreou nos Estados Unidos no dia 21 de dezembro, em primeiro lugar, onde ficou por 16 semanas, estabelecendo um recorde que nunca foi superado.