Diva americana rouba cena no Castelo de Caras
Ela integra a elite de Hollywood e reina absoluta nos red carpets. Com igual paixão, se entrega a personagens complexos ou cruza o oceano para ajudar uma comunidade atingida por desastres naturais. A beleza é atemporal, o charme é avassalador e a voz rouca embala os sonhos de homens de todas as idades, ainda que prefira usar a palavra para lutar contra as injustiças sociais. Susan Sarandon (64) é uma mulher única e chegou ao Castelo de CARAS revelando humildade surpreendente: “Que lugar lindo! Tenho uma casa de campo na região, mas nunca imaginei encontrar um cas t e lo tão próximo a Manhattan. Estou honrada e agradecida pelo convite de CARAS.”
Estrela de filmes que fazem parte da história do cinema como Thelma e Louise (1991) e Os Últimos Passos de um Homem (1995), que lhe deu o Oscar de Melhor Atriz, a norte-americana já interpretou toda a gama de personagens, mas se confessa fã das vilãs. Na vida real, se divide entre os papéis de mulher, atriz, engajada ativista e mãe de Eva (26), com o diretor Franco Amurri (53), Jack (22) e Miles (19), estes com o ator Tim Robbins (52), seu marido entre 1988 e 2009. “Em breve, vou ser sogra! Eva se casa em outubro e eu não poderia estar mais orgulhosa”, ressalta Susan. Com exclusividade, ela fala de forma franca sobre fama, vaidade e paixões.
– Você é um exemplo de mulher poderosa. Sabe disso?
– Obrigada. Acho que temos de abraçar a nossa maneira de ser diferente dos homens, não é preciso cometer os mesmos erros deles para chegar ao poder. Como mãe, você precisa criar seus filhos, meninos e meninas, da mesma forma. Feminismo é uma palavra às vezes usada com sentido negativo. O correto é ter os homens como aliados! Se você trata o seu filho diferente ou seu marido a destrata na frente do seu filho, ele um dia fará o mesmo quando for adulto.
– Você também acumula elogios por ser ativista social. Quando surgiu essa paixão?
– Cresci em uma época em que os problemas eram latentes e as notícias nas revistas, TV e jornais não eram tão controladas pelo corporativo. Você tinha imagens impressionantes do Vietnã, eu cursava faculdade em Washington quando Martin Luther King foi assassinado. O mundo vivia uma revolução e você acreditava que podia mudar as coisas. Era a época da liberação feminina, do ‘sexo, drogas & rock’n’roll.’ Sempre me incomodei com a injustiça. Sou a mais velha de nove irmãos, não era rebelde, não tive namorado até entrar na faculdade. Casei-me com o primeiro homem com quem transei. Tornei-me ativista antes de ficar famosa. Com espaço na mídia, fez ainda mais sentido usar a minha voz. Só porque você virou celebridade não quer dizer que deva parar de exercer o seu papel de cidadão. Ensine uma criança a ler, recicle, atue na sua comunidade!
– Se vê como ícone de beleza?
– Quando eu era nova, Barbarella era a imagem que vendia, mas eu via mulheres como Silvana Mangano, que não tinha beleza clássica popular nos EUA e pensava: ‘como ela é sexy!’. Eram mulheres que pareciam dizer ‘sim’ à vida. São as imperfeições que fazem ser quem você é, que lhe dão personalidade. Eu nunca me vi como uma beldade, mas sim como uma atriz. Talvez por isso essa transição dos anos tenha sido mais fácil. Você fica mais velha e ‘encontra’ a sua voz, fica menos confusa, mais tranquila e forte ao mesmo tempo. Isso é atraente para muita gente.
– Os anos parecem não passar para você...
– Bette Davis dizia ‘envelhecer não é para os fracos.’ É difícil, sim, especialmente quando você se vê na telona! Você tem de focar em seu interior, esta é a beleza que vai durar de verdade. O corpo, aos poucos, vai lhe trair se você não aceitar as mudanças. Eu fico louca ao ouvir garotas de 20, 30 anos reclamando das coxas, do braço!
– Qual é o segredo para sempre manter o glamour no red carpet?
– Não sou tão glamourosa assim! Primeiro, procuro looks para quem tem peito, seja Donna Karan, Diane Von Furstenberg ou Lila Rose, que fará o vestido de noiva da minha filha. Gosto de coisas que sejam meio fora do eixo e surpreendentes, mas não muito. Não sou alguém que muda o guarda- roupa a cada estação, tenho peças que amo e conservo por anos.
– Você já guardou o figurino de algum filme seu?
– Às vezes acontece o contrário: uso algo meu. Mas fiz um longa com Richard Gere, Arbitrage, ainda inédito. Éramos ‘muito ricos’ e usei algumas peças de cashmere italiano que quis guardar.
– No cinema, é melhor ser heroína ou vilã?
– Vilã, sempre! Quando você pode falar e fazer coisas que jamais faria na vida real, é mais divertido. Capitão Gancho é mais interessante que Peter Pan! (risos)
– O que procura em roteiros?
– Gosto do novo. Precisa me emocionar, mesmo que não seja por meio do meu personagem. Ajuda se o elenco traz grandes atores; se o diretor é alguém que você admira. Se você é pago, melhor ainda! Mas é raro conseguir tudo ao mesmo tempo... (risos)
– É verdade que guarda o seu Oscar no lavabo de casa?
– Sim, com ‘amigos’, como o prêmio Sag. Meus filhos dizem que é o ‘banheiro dos famosos.’
– Sua filha se casa em outubro com o ex-jogador de futebol Kyle Martino. Está pronta para ser sogra e, quem, sabe, avó?
– Sim. Fui mãe tarde e disse a ela para esperar ao menos um ano antes de começar... Só quando você tem filhos é que compreende o tempo que precisa dedicar a eles.
– Planeja visitar o Brasil?
– Tenho um projeto sobre uma mulher que trabalha com mulheres de rua, uma história verdadeira, mas ainda não consegui realizálo. Acho que é em São Paulo. Fui a Olinda por conta de um documentário sobre trabalho infantil e a Manaus com o meu filho. Conhecemos a selva amazônica, foi fabuloso. Adoraria visitar a Amazônia com meus filhos e ainda conhecer o carnaval ou passar o réveillon. Mas acho que viagens assim, de lazer, devem ser com pessoas que conheçam bem o lugar. Já que não dá para ficar dois meses, há de se encontrar as coisas certas em pouco tempo.