EM BARILOCHE COM A MÃE, A MUSA DE CAETANO REALÇA O ESPÍRITO CONTESTADOR
Redação Publicado em 28/08/2008, às 18h29
por Bianca Portugal
Conhecida desde a adolescência como "a morena dos olhos de gato", Ildi Silva (24) orgulha- se de seus traços marcantes. Descendente de escravos, ela carrega também genes holandeses e ainda temperou a mistura com o gingado baiano. "Sei que chamo a atenção. Mas também tem o outro lado. Quando era modelo, deixei de fazer anúncios porque meu rosto é muito marcante", contou a atriz, durante a temporada CARAS/NEVE em Bariloche. Descoberta aos 15 anos por um booker nas ruas de Salvador, ela não parou mais. E, além de modelo, se tornou atriz na novela Agora É que São Elas, de 2003, e já atuou no Sítio do Picapau Amarelo (2006) e em Paraíso Tropical (2007), entre outras. Além disso, sua beleza encantou fãs como Caetano Veloso (64), apontado como seu affaire até o mês passado. O cantor admitiu ter escrito a música Musa Híbrida para Ildi. "Sou atriz, as pessoas têm curiosidade sobre minha vida amorosa, mas isso não me agrada. Caetano opina sobre o que quer, quando quiser. Inclusive falou da música em um show. Mas eu me incomodo. É assunto polêmico, envolve muita coisa, outras pessoas", frisou ela, que há três semanas passeou pelo Rio com um loiro desconhecido.
- Você está namorando?
- Vamos dizer... estou bem feliz.
- Quem era o homem misterioso que passeava com você?
- Apenas um amigo. Inclusive minha mãe estava junto.
- O que Caetano representa?
- Ele é uma pessoa muito especial, muito amigo, é tudo.
- Por que não falar disso? Você nunca teve curiosidade sobre a intimidade de famosos?
- Eu entendo hoje quando me vêem na rua com um olhar diferente, de admiração mesmo. Sei que é meio mágico encontrar alguém da TV. Sentia essa sensação, de que o ator era envolvido num pano mágico. Compreendo, mas agora estou do outro lado.
- Atuar ocorreu por acaso ou era um antigo sonho?
- Era meu grande sonho. Ser modelo é que foi por acaso. Gosto dessa coisa de transcender. Se for preciso ficar feia para um papel, eu fico. Se for preciso fazer um nu, não tem problema. Nunca fiz, apenas em testes. Mas representou um crescimento tanto profissional quanto pessoal.
- Mas transcende só na carreira ou no dia-a-dia também?
- Sou certinha, mas não sou careta. Sabe vanguarda? Gosto de estar na vanguarda e de me cercar de pessoas assim. Meus valores estão estabelecidos desde criança e não passo por cima deles, mas gosto de contestar. Quando falam que não posso ir em tal lugar, pergunto: por que não? Não preciso ir, mas quero saber o motivo.
- Mas você é de uma família nordestina e evangélica...
- Mas, com a minha mãe, eu contesto o tempo todo. Fui criada como evangélica, mas não pratico, embora acredite em muitas coisas desta religião. Minha ligação com Deus é muito forte. Faço orações, leio a Bíblia... Mas o importante é Deus. Não entendo gente que morre por causa de religião. Isso me incomoda.
- Você é politizada?
- Estou há anos justificando meu voto porque nunca estou em Salvador em eleição. Mas preciso voltar a votar. É necessidade mesmo. Não estou satisfeita com o atual modelo de política. Antes, os jovens reivindicavam, iam para as ruas. Vejo hoje todo mundo desenganado. Parece que já está estabelecido na nossa cabeça que é assim mesmo, que político rouba e é tudo uma bagunça. Também vivo isso, mas quero mudar essa minha forma de pensar.
- Você crê no ser humano?
- Não mais como antes. Eu cheguei em São Paulo com 20 anos, bem baiana. No sentido de ser amiga de todo mundo, de acreditar, ter o coração aberto. Me dei muito mal. Descobri que no mundo existem pessoas que não são boas. Então, aprendi a cuidar de mim. Na época em que fazia o Sítio, ficava um psicólogo à disposição dos atores, éramos muito novos. Sempre tive receio, mas fui fazer análise. Foi uma experiência péssima. Virei analista do psicólogo. Chegava e o cara já ia desabafando, não sabia se continuava na profissão ou investia em sua banda. Dizia que não tinha o que fazer comigo porque eu apresentava um problema e logo em seguida a solução.
- Mas você é do tipo que encara a vida com leveza ou não?
- Sou muito leve. Claro, tenho momentos de melancolia, como todo mundo. Eu acredito que todos os dias lutamos com a gente mesmo para passarmos por cima de coisas que carregamos. A gula, a inveja... E é importante termos essa noção, de que carregamos vários pecados. Triste quem não sabe disso porque acaba sendo invejoso sem nem perceber. Torna-se uma pessoa má e iludida consigo mesmo.
FOTOS: Cadu Pilotto
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