Cantora Claudia Leitte fala como concilia bebê, rotina de estrela e cuidados com Davi e o marido, Marcio
O bebê loirinho e de olhos azuis observa, sereno, do carrinho, a movimentação estranha na casa carioca onde a família passa temporada. Mas Rafael (3 meses) não se assusta. O caçula da cantora Claudia Leitte (32) com o empresário Marcio Pedreira (33) tira de letra a estreia como filho de estrela. Em seu primeiro ensaio de fotos com os pais e o irmão, Davi (3), para ser apresentado à imensa legião de fãs da mãe, o garoto nem sequer fez manha. “Ele é tranquilaço. Mesmo quando tem fome, não chora, só dá um sinal”, conta uma das cantoras brasileiras de maior sucesso — só no Twitter são mais de 6 milhões de seguidores — e única mulher no júri do programa The Voice Brasil.
Ao contrário do caçula, Davi já se mostra serelepe e diverte com suas tiradas. Ao chegar da escola, contou que a fantasia de esqueleto e a maquiagem feitas por Claudia tiveram êxito. “Mããããe, entrei na sala e meus colegas saíram correndo de medo”, festejou. Orgulhosa, ela disse que o primogênito se adaptou rápido ao período no Rio. “Davi é bem resolvido”, justificou ela, que deseja aumentar a prole. “Quero tentar uma menininha. Isso, se for a vontade de Deus”, avisou ela, que já voltou à forma de antes da gravidez, 59kg em 1,67m.
Ao aceitar o convite para o reality da Globo, Claudia, além de trocar por um período Salvador pela Cidade Maravilhosa, encurtou pela metade a licença-maternidade. Além do trabalho no The Voice, há um mês e meio iniciou a turnê Sambah e ensaia novo bloco, Largadinho, que desfilará três dias no circuito Barra/Ondina durante o carnaval baiano. O ineditismo é que os fãs poderão fechar pacote com direito a um dia de abadá acompanhando o trio; cinco noites no hotel Claudia Leitte, no Mercure Boulevard, e uma ida ao camarote da cantora. A ótima fase não para aí. Lançado no fim de setembro, o DVD Negalora vendeu 50000 cópias e Largadinho é a música de axé mais tocada no País. “Estou feliz. É o princípio básico para tudo dar certo”, ressaltou. Engajada em causas sociais, ela é madrinha da oncopediatria do Hospital Aristides Maltez, em Salvador, a musa celebrou o momento doando, em parceria com a Pampers, 150 000 reais para projetos do Unicef.
– Como está o seu dia a dia?
– A rotina é árdua, em que sou mãe com três letras maiúsculas. Cantar vem ao natural. Quando tenho tempo de me olhar no espelho, penso: ‘Caraca, sou uma supermulher’. Mas consigo fazer tudo sorrindo. A maternidade dá isso.
– Não bate uma culpinha de ter que sair para as viagens e ficar longe de Davi e Rafael?
– Sou muito feliz. Esta é a resposta. Culpa de quê? Isso não me acomete. Meus filhos têm tudo, saúde, uma infância que eu não tive, com recursos, bens que a maioria das famílias brasileiras não tem. E o amor dos pais.
– Como vem administrando o seu tempo?
– Tenho privilégio de fazer meus horários. Acabo o show, entro no meu avião e volto para casa. Pode parecer luxo, mas é imprescindível para mim. Me apresentei recentemente à noite no Pará e, às sete da manhã, estava aqui, com as crianças. Não dormi, mas pense na alegria de brincar com Davi, rolar na grama. Não há nada igual.
– Está mais relaxada com a chegada do seu segundo filho?
– Estou dando esta entrevista ‘ligada’ no Rafa. Mas me sinto mais light. Com Davi, quase não respirava. A verdade é que tenho uma família maravilhosa. Quando voltei ao trabalho, nas madrugadas, dizia: ‘Não vou conseguir ficar em pé e fazer Rafa arrotar’. Marcio só não amamentava porque não tinha leite. Minha mãe, Ilna, também esteve todo o tempo comigo nestes meses. Se pudesse, colocava os dois netos, eu e Marcio no colo. Me emociono só de falar dela.
– O que mudou com o Rafael?
Marcio – Aumentou a alegria, o trabalho e a responsabilidade, mas está bom demais. Então, vamos tentar o terceiro, o quarto...
– Como define a fase do Rafa?
– Tudo é novidade. Ele ri, a gente diz: ‘Ahh, faz manha, ahh’. Agora começou a segurar mais o peito, principalmente no final, puxa. Amo amamentar, Davi foi até o sétimo mês. Fisicamente, Rafa lembra bastante o irmão. Os olhos são iguais, a forma, a cor. Tinha o rei Davi, ganhei o rei Rafael.
Marcio – Hoje tenho de dizer a verdade, Davi parece comigo. Mas o jeito espevitado, de falar muito, é da Claudia. (risos)
– Que tipo de mãe você é?
– Zelosa, leoa. Hoje entendo todo o cuidado de minha mãe. Sou assim também, 24 horas de olho em tudo. Quando viajo, estou direto em contato com as pessoas em casa. Ninguém nem espera eu fazer uma ligação, vão se antecipando: ‘Ah, hoje entrou massinha no nariz do Davi’. Quando acontece algo longe de mim, resolvem antes de me avisar, porque lido com a emoção no palco e sabem que vou me descabelar. Mas sei ser também uma mãe durona, se precisar. Ensino ao Davi o que é certo, errado, converso, coloco de castigo. Claro, longe dele, choro. (risos)
Marcio – Ela é tão mãezona que, às vezes, fica chata com tantas regras a impor. (risos) Mas faz pelo bem dos filhos, da família. Tenho muito orgulho da minha mulher.
Claudia – É a arte do encontro. Deus sabia o que estava fazendo: ‘Vai lá, Claudia, vai lá, Marcio, fiz vocês dois um para o outro’. Os meninos são frutos dessa relação.
– Davi recebeu o irmãozinho com tranquilidade?
– Tem um ciuminho. Fica evidente, quer tudo mais para si. Mas é carinhoso, educado. Então, assimila bem o que conversamos. E ele mesmo se corrige. Daí olha para o Rafa e diz: ‘É o meu irmãozinho, vou cuidar dele’.
– Com crianças pequenas ainda dá tempo de namorar?
– Sim, armamos jantarzinho quando minha mãe está com os meninos. Depois de um show não dá, volto só o ‘milho da pipoca’. Ele, também. (risos) Mas somos animados, muito amigos e presentes um na vida do outro. Se um está chateado, coisas de casal, o outro respeita. Mas o que mais acontece é um dizer: ‘Vem que eu ajudo, te coloco para cima’. É isso que impera em nossa relação.
– Marcio é também seu empresário. Isso atrapalha a relação?
– Já foi mais difícil, amadurecemos. Vou lutar pela felicidade dele e ele, pela minha, sempre. Quando vier o problema, a dificuldade, a gente enfrenta junto.
– O que fez para retomar tão rápido à boa forma?
– Em um mês perdi tudo: 13 quilos. Quinze dias após o parto, o médico me liberou para malhar. Tenho genética boa, disposição, alimentação saudável. Hoje, fiz um treino forte, tipo de guerra, preparado pela personal. A musculatura tem de estar bem para o palco, assim como a respiração. Disciplina é a chave. Tinha um tempo para voltar. Sou o gerador da empresa, tenho responsabilidade com várias famílias. Elas merecem todo o meu esforço, assim como os meus fãs.
– No carnaval, uma das novidades é o seu hotel. Estará lá?
– Irei no sábado. Vou bater nos quartos. Cada andar foi batizado com o nome de uma música minha. Gosto de estar perto dos fãs, foi tudo criado para eles. Não menos importante é o meu novo bloco, o Largadinho. Saí muito tempo com o Papa, foi especial, mas agora tenho o meu, é uma grande conquista. O camarote também está com uma dimensão enorme.
– Qual a importância do lançamento de Negalora?
– De me situar como intérprete, consigo sentir tudo o que canto lá em cima. É um trabalho fundamental para mim, com canções mais intimistas. Mas tudo sempre acaba em carnaval, é minha raiz. O axé está em tudo na minha vida. Vou cantar lá fora e minha percussão tem de ir junto.
– A que atribui o seu sucesso?
– Acho que três fatores são fundamentais para celebrar estes dez anos de profissão. O fato de eu ser uma cantora de axé, de ser uma mulher determinada, que desde criança sabia que seguiria a carreira musical, e por me cercar das pessoas certas.
– Planeja carreira fora do País?
– É uma consequência. Tenho vontade, parceiros fortes como a produtora XYZ Live, em que acredito bastante. Mas não abro mão de trabalhar no Brasil. Aqui, sou amada. Posso fazer turnê fora e voltar. Também adoro o Rio, mas é uma base. Nossa casa é em Salvador, onde quero envelhecer.