Atriz de sucesso, Claudia Rodrigues convive com a Esclerose Múltipla há mais de 20 anos e irá se submeter a um tratamento nos EUA
Claudia Rodrigues (52), atriz de sucessos como A Diarista, Zorra Total e Sai de Baixo, causou polêmica ao anunciar que colocou uma cobertura à venda no Rio de Janeiro para fazer um procedimento que pode chegar a R$ 25 milhões nos Estados Unidos, a fim de tratar sua Esclerose Múltipla, doença neurológica que recebeu diagnóstico há mais de 20 anos. No entanto, o tratamento ainda é experimental e não tem sustentação científica, o que causou estranhamento entre os especialistas.
A técnica é chamada de Túnel Térmico Cerebral e não tem eficácia comprovada. Ela é proposta por um médico brasileiro chamado Marc Abreu e utiliza uma máquina, de criação própria, que recebeu autorização apenas para medir a temperatura cerebral, não para a aplicação de tratamentos, como é o caso. O neurocirurgião Bruno Burjaili, que trata doenças como Parkinson, afirma ser improvável que a doença crônica seja revertida e que as explicações do aplicador da técnica não são claras.
"Há confusão na tentativa de explicar cura ou regressão de doenças consideradas crônicas, já que cientistas e médicos do mundo todo não têm acesso a esses resultados. É improvável que esse tipo de promessa seja cumprida, se ele afirma ser possível, precisa provar, e isso certamente teria repercussões fantásticas. Algo tão essencial que não é revelado gera, naturalmente, suspeitas", acrescenta o médico, que atua nas cidades de São Paulo, Vitória e Uberlândia.
O especialista ainda diz que tratamentos experimentais não são cobrados de seus pacientes, por isso o alto valor divulgado causa estranhamento --pode chegar a R$ 25 milhões. "Sempre estamos ansiosos para oferecer novos tratamentos a quem precisa, porém, que sejam seguros, amplamente documentados e que funcionem", ressalta. Além disso, ele afirma que apenas relatos de pacientes que sentiram melhora após o procedimento não comprovam a eficácia, pois pode existir o efeito placebo.
Além disso, com a repercussão do tratamento, a Academia Brasileira de Neurologia e a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia divulgaram notas onde ressaltam que a técnica é "estranha aos postulados da medicina"e que "a ciência ainda procura uma cura para essa patologia". Os textos ainda acrescentam que "toda nova possibilidade de intervenção terapêutica deve passar por uma rigorosa etapa de testes clínicos multicêntricos".
Burjaili diz que a Esclerose Múltipla ainda não tem cura e que os pacientes acometidos pela doença podem seguir uma série de tratamentos para que as complicações e sintomas causados por ela sejam reduzidos e conquistem uma melhor qualidade de vida. "Há sim muito estudo e tecnologia empregados para fazer o melhor possível a quem enfrenta esses desafios. Tudo isso sempre embasado pela ciência séria e pelo respeito a essas pessoas."
Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, a condição se trata de uma doença neurológica, crônica e autoimune. Nela, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões no cérebro e na medula.
As causas da doença ainda são desconhecidas, e ela costuma afetar três vezes mais as mulheres do que os homens e atinge geralmente pessoas entre os 20 e 40 anos. O diagnóstico deve ser feito por um neurologista, o quanto antes, assim que começarem as suspeitas. Apesar disso, não há exames específicos para a doença, o diagnóstico ocorre após a exclusão de outras patologias, segundo especialistas do Hospital Albert Einstein.
Entre os sintomais mais comuns estão fadiga, dormências, dor ou queimação no rosto, visão borrada ou visão dupla, perda de força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular, falca de coordenação nos movimentos, tonturas, dificuldade de controle da bexiga ou intestino, problemas ed memória e atenção, e até mesmo alterações no humor, depressão e ansiedade.
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