Psiquiatra explica os riscos de transtorno de Mariana Goldfarb: 'Danos irreversíveis'

ALERTA GATILHO: Este texto contém informações sensíveis sobre anorexia, bulimia e compulsão alimentar. Se você se identifica com esses sintomas, procure ajuda profissional. O Programa de Tratamento de Transtornos Alimentares (Protal), do SUS, oferece apoio psicológico gratuito.

A modelo e apresentadora Mariana Goldfarb (33) abriu o coração ao relembrar uma fase delicada da sua vida. Em meio a dietas extremas e uma rotina exaustiva de treinos, ela viveu episódios marcantes, incluindo um desmaio por fraqueza. Por trás desse momento, havia um diagnóstico sério: anorexia.

Em entrevista à CARAS Brasil, a psiquiatra Maria Fernanda Caliani explica que essa é uma das principais características dos transtornos alimentares, especialmente da anorexia.

"O medo intenso de engordar, mesmo estando abaixo do peso, é um dos principais critérios diagnósticos dos transtornos alimentares, especialmente da anorexia nervosa. Isso ocorre por uma distorção significativa da autoimagem, em que a pessoa não consegue perceber seu corpo de forma realista", afirma.

Além disso, segundo ela, vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento desse quadro: "Muitos fatores contribuem para esse quadro: pressões sociais e culturais sobre padrões estéticos, experiências pessoais de insegurança, traumas e até predisposições genéticas. O corpo pode estar visivelmente magro, mas o sofrimento psíquico é tão profundo que o medo de ganhar peso se torna paralisante, irracional e constante", explica a médica.

O que acontece com o corpo quando a alimentação é restringida por tanto tempo?

O desmaio de Mariana não foi um acaso. É uma consequência direta dos efeitos fisiológicos que a fome extrema provoca. Segundo a psiquiatra, o organismo entra em estado de alerta máximo.

"Quando o corpo passa por longos períodos de restrição alimentar, ele entra em um estado de alerta máximo. O metabolismo desacelera, há perda de massa muscular, queda de pressão, alterações hormonais e deficiências nutricionais graves", detalha.

E os impactos vão além do físico: "O cérebro, por sua vez, fica com menor aporte de glicose, que é sua principal fonte de energia — isso prejudica funções cognitivas, memória, raciocínio e regulação emocional. Desmaios são um sinal claro de colapso fisiológico. Esses quadros são perigosíssimos e podem levar a danos irreversíveis em órgãos vitais e, em casos mais graves, à morte", alerta.

Estudar nutrição e psicologia ajuda ou atrapalha na recuperação?

A modelo é conhecida por buscar conhecimento sobre o funcionamento do corpo e da mente. Mas será que isso realmente colabora com a cura? A especialista acredita que sim, desde que isso venha acompanhado de suporte clínico.

"O reconhecimento do transtorno é um passo fundamental na recuperação, e buscar conhecimento sobre nutrição e psicologia pode ser uma forma positiva de retomar o controle de forma mais saudável. Compreender o funcionamento do corpo, a importância da alimentação equilibrada e os gatilhos emocionais envolvidos é essencial para a melhora", afirma Caliani.

Mas ela faz um alerta importante: "É importante que esse processo aconteça com acompanhamento profissional, até porque existe o risco de recaídas. A recuperação de um transtorno alimentar é complexa e exige cuidados contínuos, com suporte de uma equipe multidisciplinar e muita autocompaixão", reforça.

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