Para a CARAS Brasil, Leticia de Oliveira explica como traumas da infância e exposição precoce podem desencadear crises, como a vivida por Priscilla
Publicado em 19/06/2025, às 17h40
A cantora Priscilla(29) abriu o coração ao relembrar um episódio marcante de sua juventude. Aos 20 anos, enfrentou um surto emocional que a levou a buscar ajuda psicológica, após anos lidando com uma ansiedade silenciosa desde a infância. "Foi um grito da alma", definiu a artista, que acredita que a exposição pública precoce impediu que ela processasse suas emoções com maturidade.
Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Letícia de Oliveira analisou o impacto da pressão na infância, os sinais invisíveis da ansiedade e o papel da terapia como ferramenta de transformação emocional.
Segundo a psicóloga, experiências adversas na infância, como cobranças excessivas, ausência de acolhimento ou ambientes instáveis, podem desencadear mecanismos emocionais disfuncionais que persistem até a vida adulta.
"Uma infância marcada por pressão constante — seja por expectativas irreais, cobranças excessivas, falta de acolhimento emocional ou ambientes instáveis — pode afetar profundamente o desenvolvimento emocional. Nessas condições, a criança aprende, desde cedo, a viver em estado de alerta, com o sistema nervoso constantemente ativado", explica Letícia.
Esse padrão, com o tempo, gera autocrítica intensa, medo constante de errar e sensação de inadequação: "O que, na infância, era uma estratégia de sobrevivência, se transforma, na fase adulta, em sofrimento psíquico", completa.
Priscilla só percebeu a gravidade de sua ansiedade quando já estava em crise. Para a especialista, isso é mais comum do que parece.
"Isso é bastante comum. Muitas pessoas convivem com sintomas de ansiedade sem perceber ou sem dar a devida importância. Elas normalizam sinais como tensão muscular, insônia, irritabilidade, preocupação constante e dificuldade de relaxar", analisa Letícia.
Ela alerta que comportamentos como perfeccionismo extremo ou hiperprodutividade mascaram os sintomas: "A ansiedade permanece mascarada. Até que, em algum momento de sobrecarga, o corpo e a mente não conseguem mais sustentar esse funcionamento e manifestam um colapso", afirma, citando quadros como burnout, síndrome do pânico e crises emocionais.
Para quem sofre em silêncio, a terapia pode ser o primeiro espaço de escuta real e acolhimento. E, segundo a psicóloga, é aí que começa a virada.
"A ansiedade é um mecanismo de alerta do nosso cérebro, uma resposta natural diante de ameaças. No entanto, quando estamos sobrecarregados — seja por excesso de trabalho, autocobrança, traumas não elaborados ou falta de autocuidado — esse sistema de alerta fica hiperativado. É como se a mente dissesse: 'Algo não está bem, você precisa parar e olhar para isso'", aponta.
O tratamento psicológico ajuda o paciente a se reconectar com seus limites e emoções: "A terapia é justamente esse espaço de escuta interna. Ela permite que a pessoa compreenda suas emoções, reconheça os próprios limites e quebre padrões disfuncionais construídos, muitas vezes, desde a infância", explica.
"Com o apoio terapêutico, é possível desenvolver ferramentas para regular as emoções, reduzir a ansiedade e construir uma vida com mais equilíbrio, autonomia emocional e bem-estar", conclui a psicóloga.
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