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Bem-estar e Saúde / Recuperação

Pedro Severino escapou da morte: Médico explica se ele terá sequelas após alta

Pedro Severino recebeu alta após ter o protocolo de morte encefálica iniciado. Em entrevista à CARAS Brasil, o médico Feres Chaddad falou da recuperação do atleta

Juliana Dracz
por Juliana Dracz

Publicado em 13/06/2025, às 12h48 - Atualizado às 14h23

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Pedro Severino - Foto: Reprodução / Instagram; @raulramos_foto
Pedro Severino - Foto: Reprodução / Instagram; @raulramos_foto

Após mais de três meses internado por conta de um grave acidente de carro, o jogador de futebol Pedro Severino, de 19 anos, recebeu alta hospitalar na última terça-feira, 10, em Ribeirão Preto (SP). O jovem chegou a ter o protocolo de morte encefálica iniciado, mas reagiu e viveu uma evolução gradual. Em entrevista à CARAS Brasil, o médico Feres Chaddad detalhou o processo de recuperação de pessoas que vivem o que o atleta passou.

Quando o protocolo de morte encefálica é iniciado?

Para quem não acompanhou, o Hospital Municipal de Americana, onde o jogador foi levado após o acidente, chegou a iniciar o protoloco de morte encefálica por causa da situação dele após o acidente. No entanto,o processo foi interrompido após um "quadro de reflexo de tosse presente".

Segundo Chaddad, que é professor e Chefe da Neurocirurgia Vascular da UNIFESP e coordenador da Neurocirurgia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, o protocolo de morte encefálica é iniciado quando existem sinais clínicos consistentes com a perda total e irreversível das funções cerebrais.

"Envolve exames clínicos feitos por dois médicos diferentes, com intervalo entre eles, além do teste de apneia (para verificar a ausência de respiração espontânea). Também são necessários exames complementares como eletroencefalograma, angiografia cerebral ou Doppler, especialmente se houver fatores que possam confundir o diagnóstico", explicou.

"No caso de Pedro Severino, é provável que os achados clínicos iniciais tenham sido compatíveis com morte encefálica, como coma profundo, ausência de reflexos do tronco encefálico e respiração espontânea ausente. Esses indícios justificaram o início do protocolo. No entanto, durante a reavaliação obrigatória após o intervalo, a equipe médica detectou o retorno de alguma atividade neurológica, o que levou à suspensão correta do protocolo. Isso demonstra a importância do cumprimento rigoroso dos critérios antes de se confirmar o diagnóstico", completou.

Recuperação

Pouco mais de três meses após o acidente, Pedro já respira sem aparelhos, consegue caminhar e falar.  E o médico analisou a recuperação do atleta. "A capacidade de Pedro respirar espontaneamente, caminhar e falar indica recuperação significativa das funções neurológicas, o que, em casos de traumatismo craniano grave, nem sempre é possível. Essa melhora demonstra a eficácia da assistência intensiva precoce e da reabilitação neurológica, além da notável plasticidade cerebral — a capacidade do cérebro de se reorganizar após uma lesão".

Além disso, o doutor ressaltou que alguns fatores podem ter contribuído para a recuperação de Pedro Severino:

  • Idade jovem e condição física atlética, que favorecem a regeneração e resistência neurológica.
  • Assistência médica precoce e intensiva, com suporte adequado na fase aguda.
  • Suspensão correta do protocolo de morte encefálica, evitando decisões precipitadas.
  • Reabilitação neurofuncional multidisciplinar bem conduzida, envolvendo fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e neuropsicologia.
  • Neuroplasticidade, que permite ao cérebro reorganizar-se e formar novas conexões para compensar áreas lesionadas.

Sequelas

Mesmo com a boa evolução, o médico não descarta a possibilidade de que Pedro apresente sequelas neurológicas a longo prazo. "Podem ser motoras, cognitivas ou emocionais, dependendo da extensão e da localização das lesões cerebrais. A recuperação neurológica é um processo prolongado e imprevisível, e mesmo pacientes que retomam muitas funções ainda podem conviver com déficits residuais".

Outros casos

O especialista resslaltou ainda que, embora raros, existem outros casos de pacientes que apresentaram reflexo após o protocolo de morte encefálica ser iniciado. "Isso geralmente ocorre quando há condições clínicas que mimetizam a morte encefálica, como hipotermia, distúrbios metabólicos graves, estados vegetativos transitórios ou coma profundo. Por isso, o protocolo é extremamente rigoroso, para garantir que apenas casos irreversíveis sejam diagnosticados como morte encefálica".

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