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Otávio Mesquita faz cirurgia invasiva e médico alerta: 'Muitas vezes silenciosos'

Em entrevista à CARAS Brasil, o médico Rafael Boesche explica os riscos ocultos que podem passar despercebidos em casos como o de Otávio Mesquita

Dr. Raphael Boesche Guimarães
por Dr. Raphael Boesche Guimarães

Publicado em 13/06/2025, às 14h50

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Otávio Mesquita passou por cirurgia no início do ano - Reprodução/Instagram
Otávio Mesquita passou por cirurgia no início do ano - Reprodução/Instagram

O susto que Otávio Mesquita (65) levou não foi pequeno no começo do ano. O apresentador precisou passar por uma cirurgia cardíaca de urgência após descobrir uma obstrução de 95% em uma artéria coronária. A situação gerou preocupação — e muitas dúvidas. Afinal, o que pode levar alguém aparentemente saudável a uma cirurgia cardíaca tão grave?

Para entender os bastidores desse tipo de caso e os riscos que ele representa, a CARAS Brasil conversou com o médico cardiologista Rafael Boesche, que apontou os principais fatores envolvidos na obstrução coronária, os cuidados após o procedimento e, principalmente, como prevenir que isso aconteça.

É possível ter uma artéria quase totalmente obstruída e não sentir nada?

De acordo com o especialista, sim, e é justamente aí que mora o perigo: "Os exames de rotina têm papel fundamental na cardiologia moderna por permitirem a detecção precoce de obstruções coronarianas, principalmente pelo fato de muitas dessas lesões se desenvolverem de maneira silenciosa. Ou seja, é comum que o paciente não manifeste quaisquer sintomas até que a obstrução atinja um nível crítico, frequentemente culminando em um evento grave, como o infarto agudo do miocárdio", alerta o médico.

Boesche explica que, atualmente, a medicina conta com exames avançados que ajudam a mapear o risco antes do problema se manifestar: "Hoje, dispomos de métodos de avaliação não invasiva altamente eficazes que revolucionaram o rastreamento cardíaco. Entre eles, destacam-se o teste ergométrico, a cintilografia miocárdica, a tomografia de coronárias e, mais recentemente, a ressonância magnética cardíaca", destaca.

Segundo o cardiologista, a ressonância magnética, por exemplo, "é capaz de fornecer imagens detalhadas do fluxo sanguíneo, identificar áreas de isquemia e avaliar o comprometimento do músculo cardíaco antes mesmo do surgimento de sintomas, e sem a necessidade de radiação ou contraste iodado".

Se algo suspeito é detectado, o caminho pode exigir mais precisão: "Nos casos em que esses exames não invasivos indicam alterações importantes, pode-se lançar mão de métodos invasivos, como o cateterismo cardíaco. Este permite a visualização direta das artérias coronárias, medição precisa da extensão das obstruções e, se necessário, a realização imediata de procedimentos de desobstrução, como a angioplastia com colocação de stent", explica.

O que leva uma artéria a se entupir quase completamente?

As causas são mais comuns do que se imagina e, muitas vezes, evitáveis: "O acúmulo de placas de gordura — chamado de aterosclerose — é resultado de fatores clássicos, muitas vezes silenciosos: hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes, tabagismo, sedentarismo, obesidade e histórico familiar de doença cardíaca", enumera o médico.

E ele ainda faz um alerta extra: "Ressaltamos a influência crescente do estresse crônico e dos distúrbios do sono como agentes inflamatórios e lesivos para as paredes arteriais".

A boa notícia é que a prevenção existe e está nas mãos de cada um: "O controle desses fatores é plenamente possível e passa pela adoção de um estilo de vida saudável: alimentação rica em fibras e pobre em gorduras saturadas, prática regular de atividade física, abandono do cigarro, controle rigoroso do colesterol, glicemia, pressão arterial e acompanhamento médico sistemático", detalha Boesche.

"Pequenas mudanças comportamentais, quando adotadas de forma consistente, têm grande potencial para retardar o avanço das placas de gordura e evitar intervenções cirúrgicas na maioria dos casos", complementa.

Depois da cirurgia, a vida volta ao normal?

O médico é direto: sim, mas com disciplina: "O pós-operatório de uma cirurgia cardíaca inaugura uma nova etapa de responsabilidade e autocuidado. A reabilitação cardíaca, que inclui fisioterapia supervisionada, suporte nutricional e acompanhamento psicológico, é crucial para restaurar não apenas a função do coração, mas a qualidade de vida como um todo", ressalta o especialista.

E o comprometimento diário faz toda a diferença no longo prazo: "Após a alta hospitalar, é fundamental aderir rigorosamente à medicação prescrita, monitorar pressão, glicemia e peso corporal, seguir uma dieta equilibrada e manter um programa progressivo de exercícios físicos, sempre sob orientação médica", orienta.

Por fim, o cardiologista reforça: "A longevidade e a qualidade de vida, após uma cirurgia cardíaca, dependem diretamente do comprometimento do paciente com esses cuidados diários. O sucesso não reside apenas na tecnologia empregada no centro cirúrgico, mas principalmente na disciplina com os hábitos saudáveis e no controle rigoroso dos fatores de risco ao longo da vida".

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