Em entrevista à CARAS Brasil, o cardiologista Raphael Boesche analisa o infarto de Maurício Mattar e revela os riscos do estresse prolongado
Publicado em 19/06/2025, às 14h45
Em 2019, o ator Maurício Mattarsofreu um infarto. Na época, ele chegou a ser internado e recebeu alta três dias depois. O artista de 61 anos contou que o seu infarto foi motivado por questões emocionais relacionados com um problema com a filha, sem dizer qual delas. Mas isso realmente é possível?
A CARAS Brasil conversou com o cardiologista Raphael Boesche sobre o caso e ele explica como os fatores emocionais afetam o coração e ainda revelou riscos silenciosos de infarto em uma pessoa supostamente saudável.
Segundo o médico, um infarto pode realmente ser causado apenas por fatores emocionais: "Fatores emocionais intensos, como estresse extremo, podem, de fato, desencadear um infarto, mesmo em pessoas sem doenças cardiovasculares prévias significativas."
O cardiologista afirma que "isso está relacionado a condições como a síndrome do coração partido (cardiomiopatia de Takotsubo), que pode simular um infarto e é frequentemente desencadeada por situações de estresse agudo."
"O estresse crônico também pode levar a consequências cardiovasculares significativas, como hipertensão arterial descontrolada e aumento da liberação de hormônios como adrenalina e cortisol, que provocam sobrecarga do coração. Além disso, o espasmo das artérias coronárias — uma contração súbita das artérias que reduz temporariamente o fluxo sanguíneo — também pode ser provocado pelo estresse e resultar em um infarto mesmo na ausência de placas de gordura nas artérias", diz o médico.
Boesche completa: "Essas condições são mais comuns em pessoas com fatores de vulnerabilidade, como hipertensão, diabetes, tabagismo ou predisposição genética. Portanto, o impacto emocional direto no sistema cardiovascular é uma causa reconhecida de infartos, especialmente em momentos de grande turbulência emocional."
"Embora alterações metabólicas como níveis elevados de colesterol sejam fatores de risco significativos para infarto, muitos casos ocorrem sem esses padrões tradicionais. A identificação de infartos atípicos exige uma combinação de exame clínico e métodos diagnósticos não invasivos e invasivos", diz o médico, citando alguns:
"Nos casos mais graves ou quando os resultados dos exames não invasivos não são conclusivos, é necessário realizar uma estratificação invasiva com cateterismo cardíaco(cineangiocoronariografia). Esse procedimento permite a visualização detalhada das artérias coronárias para identificar lesões, espasmos ou outras anormalidades que possam estar causando o infarto. Além disso, o cateterismo permite intervenções imediatas, como a realização de angioplastia com implante de stent em casos de obstruções significativas", diz o médico.
O médico ainda aponta sinais de alerta de um infarto, especialmente silencioso ou gradual:
"Reconhecer esses sinais, mesmo quando discretos, é essencial para conduzir uma avaliação precisa e iniciar o tratamento adequado", orienta o cardiologista.
Após um infarto, o médico afirma que a prevenção de novos eventos cardíacos deve envolver uma abordagem multidisciplinar, combinando mudanças no estilo de vida, controle emocional, acompanhamento médico e, frequentemente, tratamento medicamentoso. As principais medidas incluem:
Mudanças no estilo de vida
Controle emocional:
Acompanhamento médico:
"Essas abordagens, combinadas com o engajamento do paciente, ajudam a reduzir significativamente o risco de novos eventos cardíacos. Além disso, criar uma rede de apoio social, incluindo familiares e amigos, pode ser essencial para manter as mudanças adquiridas no longo prazo", conclui o médico.
Leia também: Filha de Mauricio Mattar mostra nova silhueta e fala sobre evolução: "Emagreci e treinei"