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Bem-estar e Saúde / Isso é possível?

Médico faz alerta sobre infarto de Maurício Mattar: 'Pode desencadear mesmo sem doenças'

Em entrevista à CARAS Brasil, o cardiologista Raphael Boesche analisa o infarto de Maurício Mattar e revela os riscos do estresse prolongado

Dr. Raphael Boesche Guimarães e Gabriela Cunha
por Dr. Raphael Boesche Guimarães e Gabriela Cunha

Publicado em 19/06/2025, às 14h45

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Maurício Mattar sofreu infarto em 2019 - Reprodução/Instagram
Maurício Mattar sofreu infarto em 2019 - Reprodução/Instagram

Em 2019, o ator Maurício Mattarsofreu um infarto. Na época, ele chegou a ser internado e recebeu alta três dias depois. O artista de 61 anos contou que o seu infarto foi motivado por questões emocionais relacionados com um problema com a filha, sem dizer qual delas. Mas isso realmente é possível?

A CARAS Brasil conversou com o cardiologista Raphael Boesche sobre o caso e ele explica como os fatores emocionais afetam o coração e ainda revelou riscos silenciosos de infarto em uma pessoa supostamente saudável.

Infarto pode ser causado por problemas emocionais?

Segundo o médico, um infarto pode realmente ser causado apenas por fatores emocionais: "Fatores emocionais intensos, como estresse extremo, podem, de fato, desencadear um infarto, mesmo em pessoas sem doenças cardiovasculares prévias significativas."

O cardiologista afirma que "isso está relacionado a condições como a síndrome do coração partido (cardiomiopatia de Takotsubo), que pode simular um infarto e é frequentemente desencadeada por situações de estresse agudo."

"O estresse crônico também pode levar a consequências cardiovasculares significativas, como hipertensão arterial descontrolada e aumento da liberação de hormônios como adrenalina e cortisol, que provocam sobrecarga do coração. Além disso, o espasmo das artérias coronárias — uma contração súbita das artérias que reduz temporariamente o fluxo sanguíneo — também pode ser provocado pelo estresse e resultar em um infarto mesmo na ausência de placas de gordura nas artérias", diz o médico.

Boesche completa: "Essas condições são mais comuns em pessoas com fatores de vulnerabilidade, como hipertensão, diabetes, tabagismo ou predisposição genética. Portanto, o impacto emocional direto no sistema cardiovascular é uma causa reconhecida de infartos, especialmente em momentos de grande turbulência emocional."

Como diagnosticar um infarto?

"Embora alterações metabólicas como níveis elevados de colesterol sejam fatores de risco significativos para infarto, muitos casos ocorrem sem esses padrões tradicionais. A identificação de infartos atípicos exige uma combinação de exame clínico e métodos diagnósticos não invasivos e invasivos", diz o médico, citando alguns:

  • Eletrocardiograma (ECG): Detecta alterações elétricas no coração associadas a isquemia ou lesão miocárdica.
  • Dosagem de troponinas: Exame de sangue altamente sensível que pode identificar lesões mínimas do músculo cardíaco, mesmo em estágios iniciais.
  • Ecocardiograma: Avalia a função cardíaca e identifica áreas de contração alterada, indicando comprometimento por redução do fluxo sanguíneo.
  • Angiotomografia coronária: Examina as artérias coronárias de forma não invasiva, avaliando possíveis obstruções.

"Nos casos mais graves ou quando os resultados dos exames não invasivos não são conclusivos, é necessário realizar uma estratificação invasiva com cateterismo cardíaco(cineangiocoronariografia). Esse procedimento permite a visualização detalhada das artérias coronárias para identificar lesões, espasmos ou outras anormalidades que possam estar causando o infarto. Além disso, o cateterismo permite intervenções imediatas, como a realização de angioplastia com implante de stent em casos de obstruções significativas", diz o médico.

Existem sinais ocultos de infarto?

O médico ainda aponta sinais de alerta de um infarto, especialmente silencioso ou gradual:

  • Dor torácica inespecífica e leve, com sensação de aperto ou queimação;
  • Falta de ar (dispneia) durante esforços pequenos ou mesmo em repouso; 
  • Sudorese fria (diaforese) inesperada;
  • Fadiga extrema sem causa aparente;
  • Dor irradiada para mandíbula, braços ou costas, especialmente em mulheres e idosos.

"Reconhecer esses sinais, mesmo quando discretos, é essencial para conduzir uma avaliação precisa e iniciar o tratamento adequado", orienta o cardiologista.

Após um infarto, quais os principais cuidados?

Após um infarto, o médico afirma que a prevenção de novos eventos cardíacos deve envolver uma abordagem multidisciplinar, combinando mudanças no estilo de vida, controle emocional, acompanhamento médico e, frequentemente, tratamento medicamentoso. As principais medidas incluem:

Mudanças no estilo de vida

  • Dieta saudável: Adotar uma dieta balanceada, como a dieta mediterrânea, rica em vegetais, frutas, gorduras saudáveis (como azeite de oliva) e grãos integrais. Reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras saturadas.
  • Atividade física: Praticar exercícios moderados regularmente, como caminhadas ou atividades aeróbicas, sempre após liberação médica.
  • Abandono de hábitos nocivos: Parar de fumar e evitar o consumo excessivo de álcool são fundamentais para proteger o coração.

Controle emocional:

  • Gerenciamento do estresse: Práticas como meditação, yoga e mindfulness podem ajudar a reduzir a sobrecarga emocional;
  • Terapia psicológica: Buscar apoio profissional, especialmente se o infarto estiver vinculado a fatores emocionais, como o ocorrido com Maurício Mattar.

Acompanhamento médico:

  • Reabilitação cardíaca: Participar de programas supervisionados que combinam exercícios, avaliação médica e educação sobre hábitos saudáveis.
  • Medicamentos de longo prazo: Uso de aspirina (para prevenir formação de coágulos), estatinas (mesmo sem colesterol elevado, para estabilizar as placas arteriais) e betabloqueadores (para reduzir o esforço cardíaco), entre outros, conforme prescrição médica.
  • Monitoramento regular: Consultas frequentes para avaliar a pressão arterial, frequência cardíaca, controle glicêmico e níveis de colesterol.

"Essas abordagens, combinadas com o engajamento do paciente, ajudam a reduzir significativamente o risco de novos eventos cardíacos. Além disso, criar uma rede de apoio social, incluindo familiares e amigos, pode ser essencial para manter as mudanças adquiridas no longo prazo", conclui o médico.

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