Irmã de Ana Furtado, Tina Furtado, luta contra câncer de intestino nível 4, avançado e metastático. Médico esclarece os mitos sobre a doença
Irmã da apresentadora Ana Furtado, Tina Furtado luta contra o câncer desde 2021. Ela recebeu o diagnóstico de câncer de intestino nível 4, avançado e metastático. Ao longo dos anos, ela passou por cirurgias e sessões de quimioterapia e radioterapia. Agora, ela revelou o seu diagnóstico publicamente ao revelar que contará a sua história na série documental Eu Escolho Vencer. Com isso, que tal saber mais sobre a doença?
O médico oncologista Artur Ferreira, da Oncoclínicas São Paulo, alertou sobre os mitos e verdades que rodeiam o tumor colorretal, que se desenvolve no intestino grosso ou no reto. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre os anos de 2023 e 2025, é estimado que existam 45.630 casos da doença a cada ano.
Para começar, o médico disse que é um mito que todas as pessoas câncer colorretal precisariam usar bolsa de colostomia. "A colostomia (situação em que o intestino se exterioriza através de um orificio na parede do abdome para a eliminação das fezes) é uma estratégia utilizada apenas em alguns casos de câncer colorretal – por exemplo: após urgências médicas, como obstruções ou perfurações intestinais, cirurgias de emergência ou tumores localizados no canal anal ou na parte mais baixa do reto. Com a evolução das técnicas cirúrgicas e a otimização dos cuidados ao paciente, a probabilidade de uma pessoa necessitar de colostomia reduziu drasticamente".
E ainda comentou sobre os tipos de bolsa de colostomia. "Quando necessário, o procedimento é realizado com o intuito de permitir a eliminação das fezes para uma bolsa coletora de forma temporária ou permanente, a depender do caso. A colostomia temporária é indicada quando a doença que acomete o cólon pode ser tratada e há expectativa de reconstrução do trânsito intestinal em um futuro próximo. Já a colostomia definitiva é realizada quando o problema que bloqueia o trajeto intestinal não pode ser corrigido ou quando o tratamento cirúrgico envolve a remoção do ânus ou porção final do reto, tornando inviável a reconstrução do trânsito intestinal".
O segundo mito exemplificado pelo oncologista desmente os boatos de que um pólipo seria uma certeza de que o câncer iria aparecer. "É fato que a maioria dos tumores colorretais surge a partir da transformação maligna de pólipos intestinais, mas apenas uma pequena parcela desses pólipos progredirá para tumores. Por esse motivo, quando um pólipo é detectado no exame de colonoscopia, deve ser removido e analisado por um patologista", afirmou.
Outro mito é de que seria possível prevenir 100% o surgimento do câncer. "Deve-se investir em uma dieta rica em fibras e uma menor ingesta de carnes vermelhas e processadas, praticar atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas e tabagismo e, manter ativo fisicamente e com peso adequado. Além disso, é importante investigar se o paciente possui doenças inflamatórias intestinais crônicas, como a doença de Crohn ou colite ulcerativa e, se presentes, tratá-las. A observação de todos esses pontos certamente reduz em muito o risco, porém não o elimina por completo".
O oncologista revelou que é verdade que o doenças inflamatórias podem aumentar os riscos do câncer. "Entre os fatores relacionados ao surgimento de tumores colorretais, as doenças inflamatórias intestinais são causas bem conhecidas e associadas ao aumento do risco. Nos casos de retocolite grave e extensa, por exemplo, o risco de desenvolvimento de câncer colorretal pode ser 5 a 15 vezes maior em relação à população geral", informou.
Outra verdade é que a carne vermelha e a carne vermelha processada pode levar ao surgimento do câncer. "Dietas ricas em carne vermelha e em carnes processadas estão associadas a um maior risco de surgimento do câncer colorretal, conforme ratificado em relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2015. Em números, entende-se por consumo excessivo desses tipos de alimentos o que passe de 100 gramas por dia de carne vermelha e de 50 gramas por dia de carne processada. O ideal é que o consumo desse tipo de alimento seja limitado no máximo a duas vezes por semana e, nas outras refeições, substituído por carnes brancas, ovos, derivados de soja e outras fontes de proteína", informou.
E a terceira verdade sobre o tema é de que o câncer na região do intestino acontece mais em homens do que em mulheres. "A diferença não é tão grande (por isso não motiva diferenças nas diretrizes de rastreamento da doença de acordo com o sexo), mas existe. Em termos absolutos e em nível mundial, indivíduos do sexo masculino são mais propensos a ter câncer colorretal. A estimativa mundial para o ano de 2020 apontou cerca de 1,9 milhão de novos casos, cerca de 1,1 milhão de casos novos em homens e 800 mil casos novos em mulheres", declarou.
De acordo com o oncologista Artur Ferreira, os sintomas são: “Apesar de a doença muitas vezes ser silenciosa, o paciente deve observar se há alterações do hábito intestinal, tais como constipação, diarréia, afilamento das fezes, ausência da sensação de alívio após a evacuação (como se nem todo conteúdo fecal fosse eliminado), massas palpáveis no abdome, sangue nas fezes, dores abdominais, perda de peso sem motivo aparente, fraqueza e sensação de fadiga”, explicou.
Alguns hábitos do dia a dia podem influenciar o surgimento do câncer na região do intestino. Os principais são: consumo de dietas ricas em alimentos ultra processados e pobres em vegetais, alto consumo de carnes vermelhas, sobrepeso e obesidade, inatividade física, tabagismo e a presença de doenças inflamatórias intestinais como a retocolite ulcerativa. Além disso, os fatores hereditários também são uma causa.
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