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Médica sobre doença da mãe de Eliezer: 'A dor se torna insuportável quando não é vista'

O influenciador Eliezer revela que a mãe está em tratamento de doença e médica explica para CARAS Brasil como a rede de apoio pode salvar vidas

Dra. Roberta França
por Dra. Roberta França

Publicado em 15/06/2025, às 11h18

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Mãe de Eliezer está morando em sua mansão - Reprodução/Instagram
Mãe de Eliezer está morando em sua mansão - Reprodução/Instagram

O influenciador Eliezer comoveu ao revelar que sua mãe, atualmente em tratamento contra a depressão e a dependência de medicamentos, está morando com ele, Viih Tube e os filhos do casal, Lua e Ravi. A decisão de acolhê-la em casa, segundo ele, tem sido essencial no processo de cuidado e acolhimento. Mas por que essa convivência familiar é tão importante nesse contexto?

Em entrevista à CARAS Brasil, a geriatra Roberta França analisou a situação com um olhar clínico e humano, destacando os impactos da solidão em idosos e os riscos de tratamentos inadequados.

A presença da família pode ajudar a tratar a depressão?

A médica reforça que o caso exposto por Eliezer precisa ser debatido publicamente: "O relato do Eliezer é importante. É uma discussão que precisamos trazer à tona, tirar a depressão da sombra, como ainda é tratada em 2025, algo de menor valor e importância, que muitas pessoas consideram frescura, bobagem, falta do que fazer, falta de fé, falta de Deus", afirma.

Segundo Roberta, mulheres idosas que passaram a vida cuidando da família estão entre as mais vulneráveis. "É muito comum a Síndrome do Ninho Vazio, quando os filhos saem de casa para construir suas próprias vidas. Essas mulheres se veem perdidas em sua função, perdem o propósito e, muitas vezes, o desejo de viver. Isso leva a quadros depressivos graves", alerta.

A médica ainda pontua que o apoio da família é decisivo para a recuperação. "É fundamental perceber que algo não está funcionando. Em um quadro grave, muitas vezes a pessoa não tem força nem para buscar ajuda. Por isso, trazer a pessoa para perto, oferecer convivência, rede de apoio e companhia é um passo essencial", explica.

Apenas medicação resolve?

A especialista é clara: o uso de remédios, embora necessário, não pode ser o único pilar do tratamento. "A medicação faz parte do processo, mas a rede de apoio é fundamental. O paciente precisa de energia e motivação para buscar terapia, mudar hábitos e retomar atividades que tragam bem-estar", afirma.

Ela ainda faz um alerta sobre o uso descontrolado de remédios: "O excesso de medicação é muito comum, especialmente quando o idoso está sozinho. Por conta da depressão, ele pode ficar letárgico, confuso, até desorientado. Vemos pacientes tomando doses muito acima do prescrito, tentando aliviar uma dor que não é só física", diz.

Nesse cenário, a vigilância da família pode ser decisiva: "É importante ter alguém que acompanhe, que administre corretamente os medicamentos, e que incentive outras formas de cuidado, como atividade física, leitura, jogos e ocupações que ajudem o paciente a reencontrar prazer de viver", completa.

Quando é hora de morar com a família?

A decisão de acolher um idoso em casa deve ser baseada em sinais claros de alerta, segundo Roberta. "Não existe fórmula pronta, mas é preciso ficar atento. Se a mãe ou avó, que sempre cozinhou, costurou, cuidou da casa, começa a se isolar, perder o interesse, deixar de realizar suas atividades, isso é um alerta importante", orienta.

Mais do que um gesto de carinho, a convivência familiar pode ser um fator de sobrevivência: "É essencial entender que a depressão mata. Ela é uma doença grave, e o tratamento eficaz é multimodal: envolve medicação, terapia e, principalmente, a presença ativa de pessoas queridas. Pode ser a família de sangue ou a que você escolheu", enfatiza.

Ao final, a geriatra deixa uma reflexão tocante: "Ter alguém que olhe por você, que te abrace, que diga 'estou aqui para te ajudar' é absolutamente fundamental. Eu sempre digo que toda dor só se torna insuportável quando ela não é vista. Quando alguém se torna invisível para o outro, a dor se torna ainda mais insuportável. Precisamos refletir sobre isso e entender que a pessoa precisa de ajuda. Não é falta de fé ou de força, é simplesmente uma doença que precisa ser tratada".

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