Em entrevista à CARAS Brasil, médica avalia caso de Giovanna Lancellotti e comenta riscos da cirurgiã por pressão tão precoce
Publicado em 15/06/2025, às 14h40 - Atualizado em 16/06/2025, às 08h15
A atriz Giovanna Lancellotti (32), revelou que decidiu passar por uma cirurgia de redução de mamas aos 19, no auge da repercussão por sua atuação na novela Gabriela, em que apareceu em diversas cenas sem roupa. Na época, a artista diz que já se incomodava com comentários sobre o próprio corpo, o que acelerou uma escolha que, segundo ela, poderia ter sido feita com mais calma. Mas afinal, quais os impactos de uma decisão tão precoce?
Em entrevista à CARAS Brasil, a cirurgiã plástica Heloise Manfrim avaliou os riscos físicos e emocionais envolvidos em casos como o de Giovanna e chamou atenção para a importância do acolhimento psicológico nessas situações.
Segundo a médica, a procura pela cirurgia de redução mamária entre jovens é mais comum do que se imagina, principalmente após a primeira menstruação: “É comum a procura pela redução de mama em pacientes jovens, até porque algumas desenvolvem bastante volume mamário após a primeira menstruação. A partir de dois anos dessa primeira menstruação, a mama já apresenta poucas alterações hormonais. Então, teoricamente, a gente já está autorizado a fazer a cirurgia", explica.
Ela reforça, no entanto, que a conversa com a família e o acompanhamento emocional são essenciais antes da decisão: "Claro que, sendo menor de idade, a gente sempre precisa ter uma conversa clara e franca com os pais, entender a real necessidade, o quanto isso interfere na rotina dela, se sofre bullying, se muda o comportamento nas saídas com os amigos, se está usando roupas para se esconder. Essa questão emocional é muito importante e precisa ser trabalhada", completa.
O procedimento pode impactar aspectos futuros, como a amamentação e a durabilidade do resultado, especialmente em pacientes muito jovens: "Toda vez que a gente faz qualquer manipulação mamária, é preciso ter em mente que, independentemente da técnica, estamos trabalhando com tecidos, e isso pode interferir numa possível amamentação", afirma Manfrim.
A médica explica que mesmo sem a cirurgia, muitas mulheres com mamas grandes já enfrentam dificuldades para amamentar. Além disso, oscilações de peso ao longo da vida podem alterar o resultado da cirurgia: "A cada quilo que a mulher ganha, há um aumento de cerca de 30 gramas de mama. Isso, ao longo da vida, pode causar flacidez mamária".
Ainda segundo a especialista, cirurgias realizadas muito cedo podem ter um efeito menos duradouro: "Quanto mais jovem a cirurgia é realizada, maior a chance de a mama voltar a crescer. É diferente de operar uma paciente mais velha, que já tem filhos, por exemplo, onde o resultado tende a durar mais tempo", esclarece.
A médica confirma que casos como o de Giovanna não são exceção, e que o fator psicológico é frequentemente decisivo: "Na verdade, a pressão estética e os comentários, o bullying, são o que mais afetam essas pacientes, principalmente as mais jovens, que estão no começo da vida, começando a se relacionar. Isso é muito forte", alerta.
Ela também comenta que muitas pacientes chegam ao consultório com quadros emocionais complexos: "A paciente jovem vem com um quadro de impulsividade, às vezes até associado a um transtorno como o TDAH, querendo resolver logo, barganhar a cirurgia. E nem sempre é isso que ela precisa", afirma.
A escuta, segundo ela, é o ponto-chave para um diagnóstico correto: "O mais importante é ter clareza do que está acontecendo, escutar bem. Muitos profissionais hoje não escutam, só dizem que a paciente é jovem e que tem que esperar", critica.
E finaliza: "Se for o caso de uma paciente que nunca sofreu bullying, tudo bem. Mas muitas já passaram por isso, especialmente por volta dos 18, 19 anos, então dificilmente elas vão querer fazer a cirurgia por impulso ou algo momentâneo. Não é tão superficial assim".
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