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Especialista avalia drama de Graciele Lacerda com filha: 'Exige atenção redobrada'

Em entrevista à CARAS Brasil, a fisioterapeuta Alessandra Paula explica os riscos e alternativas para amamentação da filha de Graciele Lacerda

Dra. Alessandra Paula e Gabriela Cunha
por Dra. Alessandra Paula e Gabriela Cunha

Publicado em 18/06/2025, às 15h15 - Atualizado em 21/06/2025, às 11h25

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Graciele Lacerda fala sobre amamentação da filha, Clara - Reprodução/Instagram
Graciele Lacerda fala sobre amamentação da filha, Clara - Reprodução/Instagram

Graciele Lacerda abriu o coração ao relatar as dificuldades que enfrentou ao tentar amamentar a filha Clara, que nasceu prematura e com baixo peso. A esposa de Zezé Di Camargotentou de tudo para manter a produção de leite e alimentar a pequena exclusivamente no peito, mas, mesmo com muito esforço, precisou aceitar o fim da amamentação direta após quatro meses.

Em entrevista à CARAS Brasil, a fisioterapeuta Alessandra Paula, especialista em aleitamento materno e cuidados com recém-nascidos, analisou o impacto da interrupção precoce da amamentação exclusiva e orientou sobre os cuidados necessários nessa fase de transição.

Quais os riscos de parar de amamentar antes dos 6 meses?

De acordo com a especialista, a interrupção precoce da amamentação pode afetar diretamente o desenvolvimento do bebê: "A amamentação deve ser exclusiva até os 6 meses de idade. A interrupção precoce traz diversos riscos", afirma Alessandra. Do ponto de vista imunológico, ela destaca ainda quais os riscos:

  • Menor proteção contra infecções: O leite materno contém anticorpos (como IgA secretora), células imunológicas e fatores anti-inflamatórios que ajudam a proteger o bebê contra infecções respiratórias, diarreias, otites, entre outras.
  • Risco aumentado de doenças crônicas: A amamentação prolongada está associada à menor incidência de doenças como asma, alergias, diabetes tipo 1 e obesidade no futuro.
  • Maior risco de deficiências nutricionais: O leite materno fornece exatamente os nutrientes que o bebê precisa, na forma mais biodisponível. A introdução precoce de fórmulas ou outros alimentos pode resultar em desequilíbrio nutricional, ou sobrecarga de certos nutrientes (como proteínas).
  • Pior aproveitamento dos nutrientes: Nutrientes como ferro e zinco são melhor absorvidos do leite materno do que da fórmula ou alimentos.

O que fazer quando o bebê tem dificuldade para sugar?

O caso de Clara não é isolado, mas requer atenção. Alessandra explica que há várias formas de contornar esse desafio sem recorrer imediatamente à fórmula.

"Existem diversas estratégias para proteger e recuperar a amamentação em situações assim, a primeira estratégia é confiar no processo, se manter longe de palpites de leigos e procurar apoio profissional precoce. O ato de amor, começa bem aqui."

Ela reforça que o desejo da mãe, aliado à orientação adequada, pode fazer a diferença: "Amamentar nem sempre é fácil ou intuitivo, mas a mãe precisa querer, e entender os benefícios que estão por trás desse esforço."

"Todos os dias recebo no consultório, pacientes com dificuldades na amamentação. São situações comuns no início deste processo. No entanto, com ajuda especializada, é, na grande maioria dos casos, passageiro."

No entanto, nem toda dificuldade é apenas uma fase: "E problemas de sucção, como de Clara, não são normais. Algo está por trás disto. Mais uma vez ressalto a importância de equipe multidisciplinar para resolver uma questão. E não mascará-la com fórmula. Tal dificuldade pode surgir novamente na introdução alimentar, por exemplo."

Estratégias para evitar o desmame precoce

A especialista ainda alerta sobre o uso de fórmula: "A fórmula não deve ser a primeira opção, e jamais deve ser ofertada quando a mãe produz boa quantidade de leite. Existem outras formas que Graciele, por exemplo, poderia ter oferecido o leite materno, que evitariam o uso do complemento artificial."

Alessandra lista as principais estratégias indicadas para evitar o desmame precoce:

  • Ordenha frequente: Manual ou com bomba, para manter a produção mesmo quando o bebê não suga bem.
  • Contato pele a pele: Em um ambiente calmo, reforça o vínculo e estimula a produção de leite.
  • Relactação com sonda (SNS): Técnica que permite ao bebê mamar no peito ao mesmo tempo em que recebe o leite ordenhado.
  • Evitar mamadeiras: Usar copinho, colher ou seringa para não causar confusão de bicos.
  • Acompanhamento especializado: Ajuste contínuo das condutas com profissionais de aleitamento.

E ela conclui com um dado de impacto: "Já que estudos mostram que bebês que mamam leite materno nos primeiros dias, de forma exclusiva, têm 100x menos chances de desenvolver alergias como APLV, se comparados com bebês que se alimentam de leite artificial."

O que fazer após o fim da amamentação?

Quando a amamentação é interrompida, o cuidado com a nutrição e o desenvolvimento do bebê precisa ser redobrado. "Essa transição exige atenção redobrada", explica a fisioterapeuta. Segundo ela, é fundamental garantir uma alimentação complementar, rica e variada:

"Alimentação complementar equilibrada: oferecer alimentos variados, ricos em ferro, zinco, proteínas, gorduras saudáveis e vitaminas. A comida precisa ser segura, adequada à idade e com boa densidade nutricional", explica.

Além disso, o acompanhamento profissional contínuo faz toda a diferença: "O pediatra ou nutricionista infantil deve acompanhar o crescimento (peso, altura, perímetro cefálico) e o desenvolvimento da criança. Fonoaudiólogo ajuda na fase da introdução de alimentos sólidos, evitando os temidos engasgos. Avaliações regulares podem indicar se há necessidade de suplementações (ferro, vitamina D, entre outras). O acompanhamento também ajuda a garantir que a introdução alimentar esteja ocorrendo de forma correta, respeitando os sinais de fome e saciedade do bebê."

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