Atriz Bella Ramsey, da série The Last of Us, foi alvo de críticas por seu desenvolvimento e médico fala o que é normal no crescimento adolescente
Publicado em 23/05/2025, às 11h35
Após a estreia da segunda temporada de The Last of Us, a atriz Bella Ramsey se tornou alvo de críticas nas redes sociais. Muitos questionaram sua aparência e alegaram que ela 'não cresceu o suficiente' para interpretar sua personagem mais velha. Mas o que isso realmente significa? Há algo de errado com o crescimento da artista?
Para entender melhor o assunto, a CARAS Brasil conversou com o médico pediatra Miguel Liberato, que explicou os fatores que influenciam o crescimento de adolescentes e por que essas críticas podem ser profundamente injustas.
Segundo o especialista, acompanhar o desenvolvimento infantil é essencial para detectar precocemente qualquer alteração de crescimento. E isso vai muito além de comparações estéticas.
"A baixa estatura é uma das queixas mais comuns e que mais levam à procura de um endocrinologista pediátrico. Então, para identificar de forma precoce qualquer problema no crescimento, é de extrema importância que toda criança tenha seu desenvolvimento acompanhado regularmente por um pediatra", diz o médico.
Miguel reforça que há sinais que podem indicar distúrbios de crescimento, como demora para trocar roupas e calçados ou diferença de estatura em relação à colegas da mesma idade:
"As avaliações regulares da criança são fundamentais para que ela tenha seu peso e altura avaliados a fim de possibilitar a identificação precoce de qualquer alteração. No caso de crescimento, se inferior ao esperado, isso é identificado antes mesmo de que se torne uma alteração visível no dia a dia", explica.
Ele completa: "É preciso estar atento para quando a criança está demorando muito para trocar a numeração de roupas e calçados ou até mesmo quando ela se torna menor em estatura comparando às demais de sua idade."
Muitos pais se perguntam se o uso de hormônio do crescimento seria indicado em casos como o de Bella. O médico esclarece que o tratamento é bem regulamentado e reservado a condições específicas:
"Atualmente, temos várias indicações de uso de hormônio do crescimento aprovadas pelos órgãos regulamentadores, como a ANVISA. São elas: deficiência na produção do hormônio do crescimento; baixa estatura idiopática - que acaba sendo um dos principais grupos em uso do hormônio, que engloba crianças sem qualquer alteração nos exames, mas que têm baixa estatura -; crianças que nascem PIG (Pequenas para Idade Gestacional) e que não recuperam o crescimento até os 2 anos de idade; crianças com doença renal crônica ou portadoras de alterações genéticas como a Síndrome de Turner, a Síndrome de Noonan e Prader Willi", avalia.
A diferença no crescimento entre jovens da mesma idade pode ser natural. E não, isso não quer dizer que haja algum problema.
"Crianças que iniciam a puberdade de forma precoce apresentam antecipação do estirão de crescimento e, assim, podem também parar de crescer mais cedo. Da mesma forma, crianças que entram na puberdade mais tarde tendem a crescer por mais tempo. Por isso é tão importante estarmos atentos ao momento do início da puberdade nas crianças e adolescentes", orienta.
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A cobrança social que recai sobre os corpos dos adolescentes pode ser prejudicial, principalmente quando vem de expectativas irreais de familiares ou do público.
"Na prática, avalio que a maior cobrança atualmente não chega a ser a da expectativa da criança já ter um corpo desenvolvido, com características mais maduras, mais cedo. O que observo é que, hoje em dia, existe uma cobrança bem mais voltada para que essa criança não seja muito baixa em relação aos pares. Uma preocupação realmente mais relacionada se a criança vai atingir uma altura mais aceitável 'socialmente' que, muitas vezes, é baseada na expectativa dos pais e transferida para os filhos, independentemente de ter ou não problemas de crescimento", finaliza.
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