No sábado, 27, Vanessa da Mata retorna a São Paulo com a turnê Vem Doce. Em entrevista à CARAS Brasil, a cantora fala de seus 20 anos de carreira e maternidade
Celebrando 20 anos de carreira, Vanessa da Mata (48) retorna a São Paulo no próximo sábado, 27, para levar a turnê de Vem Doce ao palco do Tokio Marine Hall. O álbum de mesmo nome é sucesso de crítica e foi indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor álbum de música popular brasileira. Em entrevista à CARAS Brasil, a artista fala do show e do orgulho que tem de sua trajetória e confessa que não é fácil ser cantora e compositora no Brasil. “Somente cerca de 10% do direito autoral é feminino”, destaca.
Vanessa afirma que é feliz de ter chegado onde chegou e de ser valorizada pelo seu trabalho. “Tenho muito orgulho da minha trajetória. Não é fácil ser uma cantora e compositora no Brasil, onde somente cerca de 10% do direito autoral é feminino. Eu vivo do meu repertório. Tenho um trabalho autoral desde o primeiro disco e muitas músicas são só minhas, sem parceria”, diz a cantora, que se pudesse voltar no tempo, daria um recadinho para a Vanessa de 20 ano atrás. “Continue, com menos preocupação. Já deu certo”, revela.
Natural do Alto Garças, no Mato Grosso, a artista relembra um caso divertido desses anos de estrada. “São muitos. Um em especial me diverte muito. Bem no começo da carreira, me lembro de cantar na praia. Anunciaram meu nome e a banda demorou a entrar. Eu olhei a plateia e tinham dois bêbados, muito bêbados. Eles ouviram só o segundo nome e um começou a gritar: ‘Mata, mata todo mundo. Mata esse desonrado inútil aqui do meu lado. Pode matar’. Precisamos de um tempo para nos recompor. Foi muito engraçado”, conta.
VEM DOCE
Vem Doce oferece a potente voz de Vanessa da Mata ao lado de sua talentosa banda, em um espetáculo que une elementos de grandes gêneros da música e da cultura brasileira. O álbum possui 13 faixas inéditas e contempla diferentes gêneros e parcerias, como João Gomes, com quem a artista canta Comentário A Respeito de John, regravação de Belchior, além de Marcelo Camelo, L7NNON e Ana Carolina. Multi-talentosa, ela atua como compositora, arranjadora, produtora e intérprete.
“A Vanessa desse projeto é uma mulher livre, que canta, escreve e produz seus próprios trabalhos e quer dividir sua arte com o mundo. Em Vem Doce, eu quis explorar um lado mais cronista meu. Falo de situações cotidianas, abordo diferentes aspectos da condição humana, como em Vizinha Enjoada e A Amiga Fofoqueira, mas também de assuntos mais sérios como em Foice e, claro, de amor também, como em Vem Doce, que dá o tom do disco”, destaca.
“A recepção tem sido extremamente positiva, tanto do público quanto da crítica especializada. Isso fica claro com os números que venho atingindo nas plataformas de streaming e o alcance cada vez maior que venho tendo nas minhas redes sociais. Estou verdadeiramente feliz com tudo isso”, emenda.
SHOW DE SÃO PAULO
Vanessa diz o que o público de São Paulo pode esperar de seu show. “No meu repertório, estão músicas novas do meu trabalho mais recente, o Vem Doce, mas também passo pelos meus discos mais antigos e os sucessos que o público gosta de ouvir como Ai Ai Ai…, Amado, Não Me Deixe Só. Será lindo!”, garante.
O álbum foi indicado ao Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. Vanessa fala também deste reconhecimento. “Fui a única mulher concorrendo na categoria. Esse reconhecimento é uma alegria enorme, é combustível para fazer sempre mais e a cada vez melhor. Sou muito grata. É realmente um álbum grandioso, não só por mim, mas por todos os envolvidos”, diz.
MATERNIDADE
Vanessa da Mata tem três filhos e revela que nunca sonhou com a maternidade. “Pode parecer estranho para uma mãe de três falar isso, mas não, ser mãe nunca foi algo que passou pela minha cabeça. Acho lindo, poderosíssimo, a mulher gerando uma vida dentro de si, mas nunca foi uma vontade presente em mim. Sempre estive concentrada mais nas viagens, na minha carreira, até o dia em que fui visitar um abrigo em Alto Araguaia, Mato Grosso. Foi lá, em 2010, que conheci Felipe, Micael e Bianca, então com 8, 6 e 5 anos. No fim da visita, quando estava indo embora, Bianca se aproximou de mim e disse: ‘Não vai, não’. Saí de lá com a sensação de que não poderia mais viver sem eles. Maternidade é a coisa mais bonita que eu já fiz na vida”, conta.
Será que Vanessa já se imagina vovó? “Olha, nunca pensei sobre isso. Mas acho que seria incrível. Minha avó foi o grande amor de minha vida, então se eu puder ser para meus netos perto do tanto que ela foi pra mim, estarei realizada”, confessa.
Conciliar maternidade e carreira artística não foi uma tarefa tão fácil para a cantora. “Não diria que foi difícil, mas a chegada deles foi uma adaptação, um reajuste na bússola da minha vida. Mãe sempre dá um jeito, não é? (brinca) Mas posso dizer que hoje, com eles mais maduros e independentes, eu consigo fazer as minhas músicas, os meus shows, ter a minha vida também mais independente”, revela.
Se os filhos de Vanessa decidirem também seguir a carreira artística, ela já tem um conselho na ponta da língua: “Meu conselho é: seja feliz. Assim como sou feliz e realizada com a música, com a arte, o que desejo é que meus filhos se realizem com aquilo que quiserem”.