Esposa de Lula, Janja da Silva não segurou as lágrimas e chorou ao falar sobre a morte do Papa Francisco
A primeira-dama Janja da Silva não segurou as lágrimas e chorou ao falar sobre a morte do Papa Francisco. Em entrevista para a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, ela contou que o papa e seu marido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trocaram cartas no passado, inclusivo quando o neto de Lula, de 7 anos, morreu há alguns anos.
"Ele [Lula] passou por diferentes momentos naqueles 580 dias [de prisão]. Houve momentos de desesperança. E aquele era o momento em que o Arthur [neto de Lula de 7 anos] tinha morrido. Ele estava realmente bastante abalado, e talvez por isso escreveu uma carta ao líder espiritual. [Janja se emociona] Para que ele pudesse também, né... por mais que as pessoas estivessem ali fora na vigília [referindo-se a apoiadores que acamparam na entrada da Superintendência da Polícia Federal], a mensagem do papa Francisco naquela circunstância foi fundamental para ele saber que estava no caminho certo, da busca [pelo reconhecimento] da inocência. Foi a mensagem de um líder espiritual, para [Lula] saber "Deus está contigo". Eu acho que isso deu muita força para ele. [Chorando] Falar desses momentos da prisão do meu marido, e da morte do Arthur... Mas, enfim [Janja tira os óculos para limpar as lágrimas]", disse ela.
A primeira-dama também contou como recebeu a notícia da morte do Papa. "Era feriado, então a gente acordou um pouco mais tarde, umas 7h30, 8 horas. Eu sempre deixo o meu telefone [no modo] "não perturbe" à noite. E não vejo as mensagens que chegam. O meu marido se levantou e foi ao banheiro. Eu, ainda na cama, desativei o "não perturbe". E começaram a entrar algumas mensagens do AJO [ajudante de ordens]. Eu achei estranho, né, às 7h da manhã? Vi então também uma mensagem da embaixatriz Luciana, esposa do embaixador [do Brasil em Roma, Renato] Mosca [de Souza]. E na hora eu já pensei: "O papa faleceu". Levantei rápido, avisei o meu marido e já liguei a televisão para ver as notícias. E um filme foi passando na minha cabeça porque, em fevereiro, eu tive um encontro com ele, bastante emocionante, que ocorreu depois que ele tinha saído do hospital", relembrou.
Então, Janja relembrou como foi um encontro com o Papa Francisco. "Para a minha surpresa, antes de a nossa delegação entrar, o padre do cerimonial me chama e diz: "O Santo Padre quer ter uma conversa reservada com a senhora". Ele já estava bastante debilitado. Tinha acabado de sair de uma crise de bronquite, estava com problema de audição por conta da inflamação. Eu tive que falar bem alto. A primeira coisa que ele me perguntou foi "como está o meu amigo"? Eu disse "está muito bem, santo padre" [Lula tinha se recuperado de uma cirurgia na cabeça feita em dezembro de 2024]. Agradeci pelas orações. Ele ficou tranquilo. E a gente conversou sobre a minha agenda em Roma", disse ela.
E completou: "Expliquei que eu tinha trazido o tema da Aliança Global Contra a Fome para mim, ele me deu apoio. [Disse] "Precisamos que as mulheres estejam dentro dos lugares, precisamos que as mulheres falem". Foi quando ele me deu essa escultura de metal que mostra uma pessoa ajudando outra a se erguer [do chão] e me disse: "Todos os homens deviam se olhar nos olhos porque todos somos iguais. O único momento em que uma pessoa pode olhar a outra de cima para baixo é quando estende a mão para ela se reerguer". Ele segurava a minha mão neste momento. Vou guardar para sempre em minha memória".
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