Tratamentos para o excesso de suor na maioria das vezes são paliativos
Patrícia Guedes Rittes (CRM 48444) Publicado em 11/01/2007, às 10h36 - Atualizado em 11/12/2012, às 07h34
O ato de suar é fundamental. É uma das formas de que o organismo dispõe para manter sua temperatura constante em cerca de 37 graus. Mas parte das pessoas sua em excesso, o que complica seu dia-adia. Elas são portadoras de uma doença conhecida como hiper-hidrose.
A hiper-hidrose atinge 2,8% da população. Pode ocorrer no corpo todo ou em locais específicos. Há três tipos: a cortical ou emocional, a hipotalâmica ou térmica e a resultante de lesões medulares, no tronco ou nas próprias glândulas sudoríparas.
As glândulas sudoríparas localizam-se na derme, camada mais interna da pele. São de dois tipos: as écrinas e as apócrinas. As primeiras estão espalhadas pelo corpo inteiro e soltam suor na pele; já as apócrinas excretam o fluido nas glândulas sebáceas. Como só existem tais glândulas onde há pêlos, as apócrinas são características das axilas, região genital, incluindo virilhas, e couro cabeludo.
A hiper-hidrose cortical ou emocional é a mais comum. Ocorre por estímulo excessivo do córtex cerebral, camada exterior do cérebro. É desencadeada ou agravada por estados emocionais como stress e dificuldade financeira, que estimulam a liberação exagerada de uma substância chamada acetilcolina, fazendo aumentar a produção de suor nas glândulas écrinas. Melhora durante o sono, pois a pessoa relaxa e a produção de acetilcolina diminui. A quantidade de suor não se altera quando o portador é submetido ao frio ou ao calor. O suor é mais intenso no couro cabeludo, fronte, testa, axilas, virilhas, planta dos pés e palma das mãos.
A hiper-hidrose axilar é uma das que mais incomodam. Em geral aparece na puberdade, quando se formam as glândulas apócrinas. O suor aumenta por problemas emocionais, elevação da temperatura e atividade física, que fazem aumentar os níveis de adrenalina no sangue. Por volta de 25% dos portadores apresentam também o tipo palmo-plantar.
Já a hiper-hidrose hipotalâmica ou térmica resulta de sensibilidade exagerada nos centros reguladores de temperatura do hipotálamo. Pode ser provocada tanto por fatores externos, como aumento da temperatura, quanto por fatores internos, ou seja, reação ao uso de medicamentos, final de gravidez, menopausa, doenças cardiovasculares e neurológicas, gota, hipertireoidismo, diabetes e obesidade. Não diminui durante o sono, às vezes até aumenta.
A hiper-hidrose resultante de lesões medulares, no tronco ou nas glândulas sudoríparas, enfim, é a menos freqüente. Pode manifestar-se anos depois da ocorrência do acidente. Surge por um descontrole nas glândulas produtoras de suor.
As conseqüências da hiper-hidrose são terríveis. Os portadores se sentem envergonhados e diminuídos. A situação causa embaraço social, transtornos psicológicos e de relacionamento.É comum os portadores se isolarem para tentar esconder a doença. A pele úmida, finalmente, os deixa mais expostos a alergias e infecções por fungos e bactérias.
O diagnóstico de hiperhidroseé clínico. Também é fundamental afastar a possibilidade de estar sendo causada por doenças, o que é feito com exame clínico ou de sangue.
Ela é tratada de diversas formas, dependendo da intensidade dos sintomas. Os tratamentos mais simples usam pomadas, sabonetes, desodorantes e talcos. Outra alternativa são remédios para inibir a produção de acetilcolina e adrenalina. Mas apresentam alívio parcial e ainda podem ter efeitos colaterais. O tipo axilar vem sendo combatido com injeções locais de toxina botulínica. O resultado é bom, mas o método tem o inconveniente de ser dolorido e precisar ser repetido, em média, a cada nove meses.
A mais nova técnica no combate à doença, porém, é a simpatectomia torácica videotoracoscópica. Trata-se de intervenção cirúrgia que consiste em cortar o nervo que estimula a sudorese nas axilas. Mas algumas pessoas passam a apresentá-la em outros locais. Como se vê, só com a melhora dos dos tratamentos se poderá controlar de fato essa doença tão incomôda e desgastante.
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