Stênio Garcia, Lima Duarte, Débora e Caruso

A memória cultural brasileira acaba de ser alimentada com o lançamento de 36 títulos da Coleção Aplauso, organizada e publicada pela Imprensa Oficial do Estado de SP, em festa que reuniu cerca de 1500 convidados no 4º andar do Shopping Frei Caneca, na capital paulista, durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Em clima de muita emoção, um time de primeira linhadas artes cênicas compartilhou histórias e relembrou momentos marcantes de suas carreiras. "É fantástico registrar o trabalho do ator, já que tantos se vão e são esquecidos", diz Stênio Garcia (76), cuja vida e obra é retratada por Wagner de Assis (38) em Força da Natureza. "Há menos de 40 anos nosso trabalho era comparado ao das prostitutas e hoje somos homenageados desta maneira. É muito emocionante. Me sinto mais que orgulhoso", comemorou o ator ao lado da amada, Marilene Saade (40). No momento, Stênio dirige e atua em Pamonha e Panaca, peça de Ricardo Blat (58), em que ambos interpretam dois preguiçosos "inspirados em tipos bem brasileiros, a exemplo de Macunaíma". Para o autor, seu biografado é "autoexplicativo": "Stênio demonstra sua alegria de viver, encarna valores que faltam na sociedade, como a simplicidade", declara Assis. Quem também não esconde a satisfação por fazer parte da coleção, que chega ao expressivo número de 200 títulos publicados em cinco anos, é a atriz Débora Duarte (59), filha do veterano Lima Duarte (79), já homenageado pelo selo, organizado pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho (64). "Esta iniciativa é de importância indiscutível, pois permite que as pessoas tenham acesso a este universo cultural, além da oportunidade da descoberta mais íntima, profunda e detalhada do artista. Estou muito feliz e orgulhosa", conta ela, que já ensaia para viver Guta no monólogo Adorável Desgraçada, de Leilah Assumpção (65), que estreia dia 9 no Teatro Solar do Botafogo, no Rio. Débora também estará na próxima novela das 7 da Globo, Tempos Modernos, de Bosco Brasil (48), com estreia prevista para janeiro de 2010. "Pela riqueza do que ela já produziu eu poderia escrever uma enciclopédia", diz Laura Malin (35), ex-mulher de Danton Mello (34) e autora de Filha da Televisão. Um dos veteranos mais respeitados das artes cênicas, Mauro Mendonça (78) considera a coleção um exemplo a ser seguido. "É uma iniciativa de grande importância que vai formar um painel cultural amplo", analisa o ator retratado no título Em Busca da Perfeição, de Renato Sérgio. "Mauro foi muito leal e verdadeiro na biografia, além de muito corajoso, pois abriu seu coração", conta sua mulher, Rosamaria Murtinho (74). Ela ensaia para a peça Isaurinha, com estreia em janeiro, no Rio. "Sou audaciosa: canto e danço na peça, que mistura samba, jazz e bossa nova." Figura emblemática dos programas de humor da televisão, Jorge Loredo (84) ganhou biografia à altura de seu mais ilustre personagem, o imortal Zé Bonitinho, na obra Jorge Loredo - O Perigote do Brasil, de Cláudio Fragata. "É um grande incentivo à carreira do artista, pois dessa forma nos sentimos queridos. É importante e muito bom que o público possa nos conhecer melhor", diz o grande veterano. Para o ator Umberto Magnani (68), ganhar uma biografia, intitulada Um Rio de Memórias e escrita por Adélia Nicolete, "é um gesto de carinho". "Mais do que biografias de artistas, trata-se da história oficial do país. A coleção faz um registro fidedigno das mais diferentes épocas, com as pessoas que riram e sofreram conosco." Presente ao evento, o governador de São Paulo, José Serra (67), elogiou a competência com que as obras foram executadas: "A coleção foi feita de maneira inteligente, didática e profunda. Minha contribuição foi apenas sugerir uma tiragem de exemplares em capa dura para que possa ser abrigada nas bibliotecas das escolas. Estou orgulhoso por nosso governo dar apoio à expansão desta coleção, que permite expor nossa memória cultural por meio da vida dos artistas."