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Se continuarmos a destruir a biota, do grego biotés, do mesmo étimo de bios, vida, o ecossistema...

...vai transformar-se só num fotismo, do grego fotismós, sensação visual, de cor ou de luz, produzida não pelo olho, mas por qualquer um dos sentidos ou pela memória.

por <b>Deonísio da Silva</b> Publicado em 10/12/2008, às 18h17 - Atualizado às 18h45

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Biota: do grego biotés, do mesmo étimo de bios, vida, pelo francês biota ou talvez pelo inglês biota, designando o conjunto de seres vivos de um ecossistema de determinada região, incluindo fauna, flora, bactérias, fungos, abrangendo toda forma de vida em terra, mar e ar, inclusive em águas profundas de oceanos, mares, rios e também a biosfera. No francês a palavra apareceu em 1892 e no inglês, em 1901. Seu primeiro registro em nossa língua deu-se em 1982. É muito freqüente a presença do prefixo grego "bio" em palavras portuguesas que de algum modo referem a vida: biologia, biografia, biodiversidade e muitas outras, algumas de entrada recente na língua, como é o caso de biota, cujo sinônimo é bioma. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) tem um programa denominado Biota, reunindo esforços da comunidade científica paulista, muitos deles deflagrados pela Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada durante a ECO-92 e ratificada pelo Congresso em 1994. Substituindo biota por bioma, o colunista Ancelmo Góis usou a palavra em sua tradicional coluna em O Globo em 18 de novembro: "Lula assina hoje o decreto Mata Atlântica, que regulamenta o uso e a proteção ambiental daquele bioma". Fotismo: do grego fotismós, fotismo, sensação visual, de cor ou de luz, produzida não apenas pelo olho, mas por qualquer um dos sentidos ou pela memória. Os pacientes recordam objetos, pessoas ou conceitos que os impressionaram. Foi assim definido pelo poeta, professor e ensaísta Affonso Romano de Sant'Anna (70) no livro O Enigma do Vazio (Editora Rocco), comentando as visões da mística e escritora medieval alemã Hildegarda von Bingen (1098-1179): "É um tipo de sensação ligada ao êxtase histérico ou psicótico, que pode ser produzido também por enxaqueca, intoxicação ou até manifestação epiléptica". Lambada: de origem controversa, talvez variação de lombada, já que designa pancada que seria dada preferencialmente no lombo. Mas pode ter havido influência do quimbundo lamba, desventura, tristeza, infelicidade, mágoa. Os ambundos usam a expressão lamba riámi, que naquela forma dialetal do quimbundo africano quer dizer "ai de mim!" O convívio de portugueses e brasileiros com os negros de Angola nos primeiros séculos ensejou em Portugal a expressão "chorar a lamba", chorar as mágoas, e no Brasil "passar lamba", isto é, levar vida de cachorro. No português do Brasil designa também dança acompanhada de música alegre e sensual, com meneios licenciosos. Resultou de síntese de ritmos negróides, caribenhos e brasileiros. Os pares dançam a lambada entrelaçados, de modo muito lascivo. Ocorreu divertida entrevista na televisão, simulada pelo humorista Carlos Nobre na TV Gaúcha, na década de 1970, quando esse tipo de dança explodiu no Brasil: "Vovó", pergunta o repórter, "olhe bem para aquela dança ali, no seu tempo se dançava assim também?" E a velhinha, fixando os óculos para ver melhor, responde: "Em pé, não". Pedante: do italiano pedante, palavra ligada a piede, pé. O conceito nasceu no ensino, vinculado também à palavra pedagogo, do grego paidagogós, professor, designando o escravo que conduzia as crianças para templos ou palácios onde eram ministradas as aulas. Aula veio do grego aulé, pátio de uma casa, pelo latim aula, palácio, corte de um príncipe, locais de aprendizagem. Como fosse mais instruído do que o patrão, depois da conquista da Grécia por Roma, o escravo culto parecia romper suas limitações, indo além do exigido ao ministrar aulas na casa em que morava, à hora do descanso, que é skholé, em grego, origem do termo escola, escrita schola em latim. O professor arrogante, escravo ou não, valorizava demais as minúcias, dando mais atenção aos escritos de pé de página do que ao conteúdo do texto. Foi assim que a palavra italiana piede influenciou a formação de pedante, termo usado quase sempre como insulto, ainda que certas pessoas tenham orgulho de seu pedantismo, freqüentemente associado à observação exagerada da norma culta de uma língua. O pedantismo traz indícios de desordens mentais, levando a pessoa a dar excessiva atenção a minúcias, desprezando o essencial, o que foi definido como transtorno obsessivo cumpulsivo, ou síndrome de Asperger, em homenagem ao psiquiatra austríaco Hans Asperger (1906-1980). Ele observou que algumas crianças tinham demasiado interesse num único assunto.