Maternidades de todo o país têm de fazer Teste da Orelhinha nos bebês
por Marcos Roberto Nogueira* Publicado em 26/10/2010, às 18h40 - Atualizado em 30/10/2010, às 12h35
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (64) sancionou em agosto último a Lei 12303, originária do Congresso Nacional, que torna obrigatório em todo o país o exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas, ou Teste da Orelhinha, como vem sendo chamado pela população. A partir daquele mês, portanto - como já ocorre com o Teste do Pezinho, exame de sangue que identifica se o bebê sofre de fenilcetonúria e de hipotireoidismo, doenças congênitas que causam deficiência mental irreversível -, todas as maternidades do país têm de realizar gratuitamente o exame nas crianças que nascerem em suas dependências. O objetivo é diagnosticar problemas auditivos e orientar os pais sobre o tratamento.
O Teste da Orelhinha, vale destacar, não constitui propriamente uma novidade. Ele já era realizado por maternidades e hospitais públicos em parte dos municípios. Em São Paulo, por exemplo, era obrigatório por lei. Também era oferecido por hospitais e maternidades privados, com a aceitação ou recusa voluntária por parte dos pais.
O exame deve ser realizado nos dias subsequentes ao nascimento do bebê por uma equipe multidisciplinar no leito, no berçário ou na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Quem o executa é principalmente o fonoaudiólogo, num trabalho multiprofissional juntamente com otorrinolaringologistas, pediatras, neonatologistas e o corpo de enfermagem, utilizando-se de software próprio. Coloca-se um sensor no ouvido do recémnascido e se emite determinado ruído. O ouvido gera, então, uma resposa, que é captada pelo computador e interpretada pelos especialistas. Trata-se de uma triagem e os bebês passam ou não no teste. Aqueles que não passam fazem novos exames após a alta hospitalar para detectar se realmente apresentam problema auditivo ou se foi uma falsa reprovação.
Todos os recém-nascidos, vale destacar, precisam fazer o Teste da Orelhinha. Isso é fundamental. Mas o teste é indicado em especial a bebês cujos pais têm história familiar de recém-nascidos com problemas auditivos; prematuros; e bebês nascidos de mães portadoras de imunodeficiências, toxoplasmose, sífilis, rubéola, varicela e herpes.
As pesquisas indicam que a incidência de problemas auditivos nos recém-nascidos é muito maior que a das doenças descobertas com o Teste do Pezinho e outros testes obrigatórios por lei no Brasil. Três em cada grupo de 1000 bebês nascidos vivos apresentam problemas auditivos, enquanto 2 a 3 em cada grupo de 10000 têm doenças congênitas causadoras de deficiência mental irreversível, como a fenilcetonúria e o hipotireoidismo.
"E qual é a importância de se fazer o diagnóstico precoce de problemas auditivos no bebê?", você pode estar se perguntando. É fundamental, porque se pode iniciar o quanto antes o tratamento. Os estudos mostram que 50% das deficiências auditivas podem ser superadas ou minimizadas quando se inicia o tratamento até os 6 meses de idade. O desenvolvimento da fala e da linguagem fica muito comprometido quando a criança não ouve. Quanto mais cedo se der início à reabilitação, seja com o uso de aparelhos, seja com outras técnicas, melhor ela desenvolverá a fala e a linguagem.
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