Implante de cóclea já proporciona uma audição próxima do normal
por Arthur Menino Castilho* Publicado em 29/11/2010, às 21h19 - Atualizado em 17/01/2013, às 22h55
A cóclea, órgão do ouvido interno, é um longo canal enrolado sobre ele mesmo. Em seu interior existe um líquido no qual há células com estruturas ciliadas que captam o som que chega aos ouvidos, o transformam em impulso elétrico e o transferem para o nervo auditivo. O nervo o leva até o cérebro para ser identificado. A destruição total ou parcial tanto do nervo como dos cílios é a principal causa de surdez. Felizmente, é possível superar esse problema com implante de cóclea.
São estas as pessoas que podem se beneficiar com o implante coclear:
Crianças que nasceram surdas, também chamadas pré-linguais. Elas tiveram a cóclea alterada por doenças genéticas ou ao contrair moléstias como a rubéola ainda no útero da mãe. Em geral o problema já é detectado na maternidade ao fazerem o Teste da Orelhinha. Tais crianças podem fazer a cirurgia a partir dos 6 meses de idade.
Adultos pós-linguais. Pessoas que nasceram sãs, escutavam bem, têm memória auditiva e perderam a audição após ouvir sons muito intensos; por traumas como batida da cabeça; depois de ingerir medicamentos tóxicos; ou devido à otoesclerose, doença degenerativa da parte interna do ouvido. Quem já escutava, perdeu a audição e faz implante em geral obtém bons resultados, porque tem memória auditiva e suas vias auditivas estão formadas.
Adultos pré-linguais, isto é, aqueles que nasceram surdos, cresceram e, como não havia tratamento ou não lhes foi dada a chance de se tratar, nunca puderam escutar. Não têm, pois, memória auditiva. Parte deles pode fazer implante coclear, o que depende de avaliação. Trata-se de saber quanto de oralização têm, se conseguem ler lábios e quanto de seu sistema de comunicação foi estimulado até então. Adultos nessas condições que fazem implante vão escutar, mas o resultado pode ser pior quando comparado com o de crianças implantadas precocemente, porque seu cérebro nunca foi treinado a interpretar o que ouvem. Até podem ser treinados a partir do implante, mas, como a plasticidade do cérebro do adulto - capacidade das células de se rearranjarem para assumir novas funções - é diferente da de uma criança, os resultados são incertos.
O implante consiste de uma prótese composta de uma parte interna e outra externa. A interna, que tem antena com ímã, receptor-estimulador e cabo com filamento de múltiplos eletrodos envolvido por tubo de silicone, é posta na cóclea por meio de cirurgia realizada em hospital com anestesia geral. A cirurgia dura cerca de 90 minutos e em geral o paciente recebe alta no mesmo dia. A parte externa compõe-se de microfone, processador de fala, antena transmissora com bateria e um cabo. A parte interna liga-se à externa por ímã. O aparelho é testado na cirurgia, desligado e reativado 15 a 30 dias depois, após a recuperação e a adaptação do paciente. Então ele faz terapia com fonoaudiólogo para aprender a ouvir com o aparelho.
A cirurgia de implante coclear está disponível também no serviço público e tem cobertura dos planos de saúde. O aparelho proporciona audição próxima do normal. O implante é definitivo, mas, claro, com o tempo, pode ser que o portador queira trocá-lo para incorporar alguma tecnologia nova. Infelizmente, é feito só de um lado no país. A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia luta para que seja feito nos dois ouvidos, pois facilita o aprendizado da audição e proporciona melhor audição.
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