Saiba o que é Asperger, transtorno que se manifesta mais nos meninos
por Estevão Vadasz* Publicado em 26/04/2010, às 11h11 - Atualizado em 27/04/2010, às 12h06
A síndrome ou transtorno de Asperger foi identificada pelo pediatra austríaco Hans Asperger (1906-1980) em 1944. É um dos transtornos do espectro do autismo. Está entre os menos graves, em que o quadro tem bom prognóstico, pelo fato de o portador ser dotado de boa capacidade de articulação verbal e ter um quociente de inteligência (QI) no mínimo normal.
Caracteriza-se a síndrome quando a pessoa apresenta estes problemas:
* Dificuldade de comunicação. Quem sofre de Asperger aprende e fala normalmente, mas sua linguagem é rebuscada e correta demais e tem dificuldade para entender metáforas, sentido figurado e mensagens subliminares.
Ele leva tudo ao pé da letra. Como tem dificuldade para entender o que falamos, precisamos ser bastante claros e concretos com ele.
* Dificuldade de socialização. O portador de Asperger tem dificuldades de relacionamento em casa, na escola e no trabalho e para fazer amigos e conseguir namoradas. Em geral quem toma a iniciativa é a mulher - parte deles até se casa. Pela dificuldade de comunicação, o portador do transtorno não gosta de trabalhar com público. Gosta é de trabalhar sozinho em atividades que domina, como pesquisador e cientista.
* Interesses restritos. Quem sofre de Asperger tem mania de restringir seu interesse a um assunto, mas que pode mudar com o passar do tempo. Na infância, por exemplo, só se interessa por dinossauros; na adolescência, muda para química; e tempos depois, para matemática. Ao contrário das pessoas comuns, que têm uma gama de interesses, ele se interessa por uma coisa e se dedica só a ela.
Portadores de Asperger são muito racionais, metódicos, pouco criativos, obsessivos. São também ingênuos, desengonçados ao caminhar e não têm o que chamamos ginga; por isso, detestam atividades físicas. São ainda seletivos até na alimentação, às vezes consumindo apenas determinados alimentos por toda a vida.
A síndrome é mais frequente nos meninos. Em 70% dos casos, é genética, ou seja, o portador herdados pais e já nasce com ela. Nos casos restantes, resulta da danificação das células cerebrais do feto por doenças infecciosas que a mãe contrai na gestação, como herpes, toxoplasmose, rubéola e citomegalovirose.
As indicações aparecem já nos primeiros anos de vida, como atraso na aquisição de linguagem, dificuldade de socialização e interesses restritos. Às vezes as crianças estão brincando na área de lazer do prédio e os portadores preferem ficar sozinhos em casa. Hoje, com a televisão, os videogames e o DVD, é comum eles passarem o dia inteiro nessas atividades.
Os portadores têm consciência de suas limitações. Parte deles, porém, em especial os de maior QI, mergulha tão profundamente na atividade que elegeu que se sobressai socialmente. Mas os restantes em geral sofrem muito. Por isso tendem a viver sozinhos e isolados. Nas situações mais graves, se tornam presas fáceis de depressão. Também podem, por deficiência alimentar, apresentar infecções de repetição.
Pais que suspeitem que o filho autista possa ter Asperger devem levá-lo a um psiquiatra com especialização nos transtornos do espectro autista. A síndrome ainda não tem cura, mas, quanto mais cedo for diagnosticada e se iniciar o tratamento, maior a chance de controle, dando melhor qualidade vida ao portador.
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