A mídia deu destaque à notícia de que, nos EUA, a hepatite C já mata mais do que a aids. O alerta veio após pesquisa do Instituto Nacional de Saúde constatar que, de 1999 a 2007, o número de mortes por aids foi caindo, enquanto o de hepatite C aumentava, a ponto de superá-lo. A situação no Brasil com certeza é parecida. Em 2011, o Ministério da Saúde estimou em cerca de 630000 os portadores de HIV e 2 milhões os de hepatite C no País.
A hepatite se caracteriza pela inflamação do fígado. O vírus causador da hepatite C foi descoberto em 1989. É contraído em especial ao se ter contato com sangue contaminado. Boa parte dos portadores da doença no Brasil contraíram-na antes de 1993, quando o sangue usado nas transfusões não era controlado. Muitos dependentes de drogas ilícitas o contraíram, de outro lado, ao compartilhar seringas, canudos para inalar cocaína e cachimbos para fumar crack. Ele pode ser adquirido ainda em manicure, ao se fazer piercing e tatuagem com especialistas que não esterilizam o seu equipamento e ao se fazer sexo sem a proteção da camisinha.
Quando entra no organismo, as defesas de 15% a 20% das pessoas o neutralizam e eliminam. No caso das restantes, ele se aloja em seu fígado. O organismo delas tenta neutralizá-lo, mas não consegue. Essa “briga” gera inflamação e, pois, fibrose (cicatrizes). Isso às vezes ocorre durante anos e o portador não sente nada. Com o passar do tempo, pode causar insuficiência hepática e câncer no fígado. Os sintomas, quando há cirrose, são: aumento do volume do abdome, inchaço nas pernas e pés, sangramento digestivo, alterações mentais, coma e até óbito. Mas pode-se, em casos selecionados, fazer transplante do fígado.
Você pode evitar a contaminação pelo vírus com algumas medidas básicas. Use sempre seringa descartável. Na manicure e ao fazer tatuagem ou piercing, exija materiais descartáveis e esterilizados corretamente. Não use objetos cortantes e escovas de dentes de terceiros. Use preservativo nas relações sexuais.
Pessoas que suspeitem que possam ter a doença devem ir a um Posto de Saúde e fazer exame de sangue — é gratuito no SUS. Isso é importante porque o tratamento pode evitar que a doença cause danos ao fígado delas. Devem também ser submetidas à biópsia do fígado ou a um método não invasivo, como elastografia hepática, que mostra o grau de destruição do órgão.
O tratamento de hepatite C no País é feito com remédios fornecidos pelo Ministério da Saúde. Usa interferon peguilado, que é aplicado sob a pele uma vez por semana para aumentar o combate ao vírus, e ribavirina em cápsula, tomado por via oral diariamente, para evitar que o vírus se multiplique. Os dois curam cerca de 40% dos doentes.
Em breve estarão disponíveis no SUS dois novos remédios: telaprevir e boceprevir. Eles neutralizam a ação de uma substância necessária para que o vírus se multiplique. São tomados diariamente por via oral. Ingerido por 12 semanas com os dois remédios atuais, o telaprevir eleva a chance de cura a 75% dos casos. Com o boceprevir, em tratamento de 24 a 44 semanas, a chance de cura chega a 63%. Mas aumentam os efeitos colaterais. Estas medicações são indicadas só para o tipo 1 do vírus C. É importante, como você vê, prevenir a hepatite C, saber se é portador e seguir à risca o tratamento em serviços médicos especializados.