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Pais têm olhar generoso e em geral subestimam a obesidade dos filhos

Marcio Mancini Publicado em 22/01/2014, às 17h11 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Saúde - Divulgação
Saúde - Divulgação

A boa notícia: não é tão difícil para uma criança perder peso, já que conta a seu favor com o fato de estar em crescimento. Mas, como os pais são o exemplo da casa, para que isso ocorra, eles têm de se predispor a também adotar uma nova rotina alimentar. São eles que irão oferecer o suporte para o tratamento e fazêlo dar certo ou não. O problema é que muitos pais querem mudar só os hábitos alimentares do filho e não os próprios.

É comum crianças obesas terem pais acima do peso. A obesidade é uma doença poligênica, ou seja, a criança herda dos pais genes que fazem  com que as gorduras e carboidratos queimem com menor facilidade, os músculos trabalhem menos e o impulso para comer seja grande. Se essa criança com propensão genética para a obesidade tiver acesso a bolachas recheadas, doces, salgadinhos e refrigerantes, ela continuará engordando.

Até o irmão magro — que por sorte não herdou essa carga genética — deve colaborar. Todos irão se beneficiar ao deixar de lado comidas gordurosas e açúcar em excesso. Um bom início é observar o carrinho do mercado e retirar dele tudo que não é saudável.

O novo cardápio deve conter arroz e feijão, carne, frango ou peixe (proteína) assado ou cozido, verduras, legumes e frutas. O leite e seus derivados, fontes de cálcio, são fundamentais na dieta — quatro porções diárias. Importante também criar o hábito de se alimentar a cada três horas, portanto, entre as três refeições principais — café da manhã, almoço e jantar —, devem ser oferecidos lanches como pão integral e queijo branco, frutas ou iogurte. Doces e outras guloseimas podem ser degustados duas vezes por semana.

Outra medida fundamental para que a criança perca peso é estimulá-la a gastar menos tempo com jogos eletrônicos e em frente à televisão — duas horas diárias no máximo —, reduzindo o sedentarismo e promovendo atividade física. Mas atenção: ela deve escolher a modalidade. Não adianta forçá-la a nadar se prefere jogar futebol.

Agora a notícia ruim: se nada disso for feito e o pequeno continuar acumulando gordura em excesso, o risco de ele se tornar um adulto obeso é elevado. Adolescentes com obesidade mórbida por toda a vida adulta têm expectativa de vida reduzida em até 12 anos. Estão mais suscetíveis, por exemplo, a doenças cardiovasculares.

Além disso, a criança pode ter vários problemas de saúde associados à obesidade, como hipertensão e níveis altos de colesterol e triglicérides. Podem ainda desenvolver diabetes, apneia do sono e problemas ortopédicos. Doenças que às vezes não dão sintomas na infância — só são detectadas com exames —, mas que se agravam na fase adulta.

Os pais geralmente subestimam o grau de adiposidade de seus filhos. Quando desconfiam que esteja acima do peso e o levam ao médico, já está obeso. Quem mais sofre é a criança. A primeira causa de bullying nas escolas é a obesidade. As intermináveis chacotas levam à baixa autoestima e depressão. Ou seja, os hábitos errados iniciados em casa fazem com que a criança seja discriminada fora dela. Após excluir causas endócrinas de obesidade, raras na infância, a base do tratamento será aumento das atividades físicas e reeducação alimentar. O endocrinologista ou o nutricionista irá identificar os erros e corrigilos. Nos casos mais graves, indica medicação.