O NOVO PASSO DE ANA BOTAFOGO

por Karine Tavares Principal nome da dança brasileira e primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio há 25 anos, onde estrelou clássicos como Romeu e Julieta, Lago dos Cisnes e Dom Quixote, Ana Botafogo (49) achava que não teria mais desafios profissionais. Enganou-se. A convite do autor Manoel Carlos (73), ela estreará como atriz na próxima novela das 8, Páginas da Vida, prevista para ir ao ar em 10 de julho, na Globo. Ana será Elisa, uma professora de dança filha de Tarcísio Meira (70) e Glória Menezes (71). "Atuar pode ser uma maneira de prolongar a minha permanência no palco", acredita ela, apesar de, por enquanto, não pensar em aposentadoria. "Acho que estou me preparando para esse momento, mas ainda não será neste ano. Tenho muito o que dançar", completa, em seu apartamento, no Rio. É ali, com bela vista para o Parque do Flamengo, que Ana recarrega as energias. "A vista é revigorante. Saio até mais feliz de casa", revela ela, que mora sozinha desde a morte de seu segundo marido, o advogado Fabiano Marcozzi, em outubro de 2001. Sua companhia é o pug chinês Pu Yi. "Não namorei ninguém depois do Fabiano, mas não digo que isso nunca vá acontecer. Acho que todos precisam de companhia. Mas posso viver sozinha e estou muito bem", garante ela. O único arrependimento, porém, é não ter tido filhos. "Às vezes fico um pouco triste por isso. Não foi uma escolha, aconteceu. Mas curto os sobrinhos", brinca, para manter o alto-astral. Outra novidade é que está previsto para o dia 27 deste mês o lançamento da boneca Susie Bailarina by Ana Botafogo. "Após tantos anos de carreira, é bom poder brincar com o sonho da bailarina que gira, roda, salta, flutua e, de alguma maneira, servir de exemplo para meninas que querem ser como eu", resume. - É um desafio ser atriz após 31 anos como bailarina profissional? - É uma grande mudança, mas fiz quase todos os clássicos e tenho uma carreira sólida. Nunca pensei em ser atriz de TV, mas quando Manoel Carlos me fez o convite, adorei a idéia, me empolguei. Acho que será ótimo, principalmente porque vou viver uma professora de dança. É o tipo de personagem que dá dimensão maior à arte. - Já sentia vontade de atuar? - Eu achava que poderia, um dia, atuar em teatro. Nos últimos dois anos, andei fazendo leituras de várias peças. Acho que o teatro é mais próximo daquilo que já faço como bailarina. - Pretende seguir a carreira de atriz ao se aposentar do balé? - Acho que sim. Atuar pode ser uma maneira de prolongar minha permanência no palco. Sei que a carreira de bailarina tem fim. Ainda não penso em aposentadoria, mas acho que devo parar enquanto estiver bem, para que o público tenha boas lembranças. - Estrear ao lado de nomes consagrados a assusta? - Acho que eles vão até me dar uma certa segurança. Todos me dizem que Tarcísio e Glória são generosíssimos e certamente vão me ajudar sabendo que eu sou novata. - Na novela, você terá uma grande família. Sente falta disso? - Sinto falta do meu marido, que era muito companheiro, grudado em mim. A gente fazia tudo junto. Quando eu viajava, ele ia comigo. Até o cachorro a gente levava para passear junto. Não namorei ninguém após a morte dele. - Por quê? - Quando fiquei viúva a primeira vez (do bailarino inglês Graham Bart, morto em 1988), disse que não me casaria nunca mais. Aí conheci o Fabiano e tive um casamento maravilhoso. Mas a minha vida anda tão agitada que nem sinto falta de ter um namorado. Eu não procuro, não tenho necessidade de ter alguém. Agora estou sozinha e muito bem. Mas acho que todo mundo devia ter uma companhia.É bom ter alguém para se abrir. Conto com o apoio da família, mas não é a mesma coisa. - Sente falta de filhos? - Não ter filho não foi exatamente uma escolha, mas um acontecimento. E sou um pouco triste por isso. Se eu tivesse tido filhos, certamente já teria diminuído a intensidade de trabalho. Não aconteceu, então curto meus sobrinhos. E agora vou ter dois filhos adolescentes na novela. - E como você vai conciliar os ensaios de balé com a novela? - Estou atriz neste momento, mas sou bailarina e não vou deixar de fazer minhas aulas. Vou adaptar meu exercício diário à rotina de gravação. Como funcionária pública, tenho que ensaiar seis horas por dia no Theatro Municipal, mas vou tirar uma licença-prêmio, a que tenho direito, porque seria realmente impossível conciliar tudo. Mas sempre que a novela permitir, vou dançar os meus espetáculos. - Essa rotina de balé é suficiente para manter o corpo esbelto? - Sim, mas gosto de fazer também pilates, que ajuda no alongamento e fortalece a musculatura. No mais, cuido da alimentação, evito frituras e gorduras, e procuro dormir bem para ficar descansada. - Dá para ser vaidosa mesmo com os pés calejados, os cabelos maltratados por tantos coques... - Sou vaidosa, sim! Gosto de estar bem vestida, maquiada, mas acho que devia me cuidar mais. Sou branquinha, deveria passar filtro solar sempre, mas esqueço. Bailarina não tem muito tempo para essas coisas mesmo.. Agradecimentos: Da Casa da Táta, Natan, Tessuti; Produção: Cláudia Mello, Beleza: Duh.