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O amor obsessivo sufoca, aprisiona e destrói qualquer relacionamento

Redação Publicado em 31/01/2012, às 12h00 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Muito pra mim é nada/ Tudo pra mim não basta/ Eu quero cada gesto/ cada palavra/ Cada segundo da sua atenção.” Este trecho da canção Eu só Sei Amar Assim, de Herbert Vianna (50), gravada por Zizi Possi (55), é a descrição perfeita do amor obsessivo, aquele em que o enamorado acredita que as 24 horas do dia não são suficientes para estar junto de seu amor. No começo da relação isso pode parecer só um grude inofensivo, mas, com o tempo, vira vício, prisão, doença.

Quem traz dentro si uma obsessão dessas carrega também em sua estrutura psicológica imensa carência e baixa autoestima, que se traduzem naquele “não sei o que será de mim sem você!”.

Para sobreviver, a pessoa se agarra ao seu sentimento com unhas e dentes e até esquece o amor do outro, porque o seu é tão cego que absorve a relação por completo. Apegado às suas fantasias, o amante obsessivo nega o fato de que diante de si tem uma outra pessoa, com seus desejos e escolhas, que não precisa da sua presença em tudo, que necessita respirar, ter seus momentos de solidão, ou com amigos, e que não pode absorver todo esse amor como uma esponja mergulhada na água.

A música A Maçã, de Raul Seixas (1945-1989) e Paulo Coelho (64), traz essa percepção. Diz a letra: “Mas compreendi que além de dois existem mais..../ Amor só dura em liberdade (...)”. Pois é, mas para quem ama com obsessão (o que chamo “amor doença”), qualquer sinal do desejo do outro de caminhar sozinho — o que não significa deixar a pessoa amada — é interpretado como abandono. E isso, para quem ama às margens da loucura, é a morte! A pessoa vive em ansiedade, com um medo constante da perda e da rejeição. Tudo porque, como explica a escritora e psicoterapeuta norte-americana Susan Forward, no livro Amores Obsessivos, “quem ama dessa maneira jamais acredita estar recebendo o suficiente, sempre anseia por mais, não importa quanto o parceiro lhe ofereça...”. O que vale, portanto, são suas necessidades, nunca as da pessoa amada.

Como seria possível construir uma relação com uma base dessas? No fundo, os dois perdem: quem ama obsessivamente, porque deixa de aproveitar os prazeres e o amor da relação, já que está sempre preocupado em controlar e ansioso pelo medo de ser abandonado. E, quem é amado, por não usufruir a relação e por se sentir sempre sufocado, vigiado, sem liberdade até para um bate-papo com os amigos ou para curtir aqueles momentos de solidão tão importantes para todos nós. Sem esse espaço, o aprisionado começa aos poucos a se afastar, o que é o oposto do que o outro deseja e espera. Aí, é o começo do fim da relação.

O que fazer, então? Procurar uma terapia. É comum que pessoas assim tenham sido rejeitadas pelos pais na infância ou por parceiros em relações anteriores. Elas levam o medo de rejeição para outros relacionamentos e precisam ter consciência disso. Precisam perceber também que o amor e a felicidade estão dentro de cada um de nós, não no outro, que a pessoa amada não pode ser o alicerce da sua existência e não será a única capaz de realizar seus sonhos ou preencher os vazios da sua vida. Quando se tem esse tipo de expectativa, a relação só pode dar errado, porque ninguém sadio na vida psíquica consegue viver com a obsessão alheia por muito tempo, precisa voar para poder voltar e, se quiser, ficar.