Mulher erra ao imaginar que sexo pode ser o início de uma relação
por <B>Alberto Lima*</B> Publicado em 13/10/2009, às 11h02
Muitas mulheres apostam no interesse do homem pelo sexo como se essa fosse a única - ou a principal - isca capaz de fisgá-lo. Às vezes, conseguem seduzi-lo, para mais tarde descobri-lo apaixonado por outra - que nem parece sexualmente tão interessante quanto elas. Aí se perguntam: "O que ela tem que eu não tenho?"
Homens não costumam ter dificuldade de perceber quais desejos experimentam, nem de procurar realizá-los. Essa posição autorreferente leva-os a pressupor que todos, independentemente do gênero, devam se responsabilizar por seus desejos. Em razão disso, as mulheres em geral os percebem como egoístas (ocupam-se consigo mesmos, sem cerimônia) e insensíveis (desatentos ao desejo feminino).
Já as mulheres não costumam reconhecer como seus os desejos que experimentam. Eles são vistos como atributos do homem, a cujo serviço elas deverão se colocar - o que as tornaria altruístas. Por acreditarem que essa autorreferência seja universal, concebem que a atenção ao outro (entendida como sensibilidade) qualifica uma pessoa, seja ela homem ou mulher. Assim, um homem torna-se interessante para uma mulher se for altruísta e sensível, ou seja, se for capaz de intuir e realizar o desejo dela, sem que ela o tenha de explicitar, e se souber e puder silenciar seu próprio desejo, como prova de desprendimento e amor. Ela espera que ele assuma como seu o desejo que é dela, em sinal de peculiar "cumplicidade". Paradoxalmente, também espera que, no plano sexual, ele a submeta, arrebate e possua apaixonadamente. Isso o qualificaria como capaz de percebê-la como qualificada, isto é, como um ser sexualmente desejável.
Deixo para as mulheres as correções a possíveis distorções nessa descrição. Mas se desejam ser interessantes para os homens, precisarão conheçer um pouco sobre o universo masculino, a partir da realidade masculina. Elas não chegarão muito longe se tomarem suas próprias crenças e valores como aplicáveis à realidade deles. O que, então, promove o enamoramento e a paixão de um homem por uma mulher? Não é o sexo. Isso eu lhes garanto. O sexo, para os valores de um homem, numa cultura patriarcal como a nossa, é o ponto de chegada, não o ponto de partida. Ele se apaixona e, então, transa. Se partir direto para a transa, isso provavelmente significa que não quer vivenciar um processo, nem um relacionamento, mas só uma transa. Escolhe transar, como poderia escolher ir ao estádio.
Empregar o sexo como isca, portanto, é a melhor forma que uma mulher tem de finalizar um relacionamento. Se o que ela quer é iniciar um relacionamento, é melhor observar o que o homem quer, não o que ela supõe que ele queira.
O homem quer uma mulher que não se interponha ao seu desejo e que, além disso, não o submeta a ela como único objeto desejável. Se quer prestar um concurso, espera que a parceira não o impeça de focalizar seu propósito em paz. O desapego altruísta da mulher vai deixá-lo apaixonado. Ao lado disso, o homem quer que a mulher receba o que ele lhe proporciona espontaneamente. Uma mulher capaz de receber o que é verdadeiro em um homem fará com que ele se sinta importante, admirado, validado, um homem pleno do que tem de melhor. E é a ela que ele entregará seu melhor.