Protagonista de ‘À Deriva’, terceiro filme de Heitor Dhalia, aos 15 anos, Laura Neiva fala sobre seu processo de transição e amadurecimento depois do longa-metragem
<i>por Thais Arbex</i><br><br> Publicado em 20/08/2009, às 18h34 - Atualizado em 21/08/2009, às 11h39
Vaidosa, mas sem exageros. Uma menina em fase de transição e amadurecimento. Uma estudante que não gostava das aulas obrigatórias de teatro na escola, e que pensava ser arquiteta. Internauta assídua. Aos 14 anos, Laura Neiva viu sua vida mudar quando recebeu, pelo site de relacionamento Orkut, o convite para fazer parte do elenco de À Deriva, terceiro filme de Heitor Dhalia. Contracenando com Débora Bloch e Vincent Cassel, Laura, que fez sua estreia como atriz no filme, hoje já com 15 anos, é apontada como uma das maiores revelações da nova geração do cinema brasileiro, mas ela prefere seguir o conselho da mãe: "Ela me fala o tempo todo para manter os pés no chão".
Em conversa com o Portal CARAS, Laura, que no filme dá vida à Filipa, uma adolescente de 14 anos que faz o rito de passagem para a idade adulta em meio às descobertas do amor e revelação de segredos dentro da família, falou de sua primeira experiência como atriz, das mudanças em sua vida e dos planos para o futuro. Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
- Você foi descoberta pelo Orkut. Como foi isso? Você desconfiou, em algum momento, que poderia sem algum tipo de spam?
- Na primeira vez que vi o convite da Anna Luiza, produtora de casting do filme, nem me passou pela cabeça ser verdade, e por isso nem respondi. No dia seguinte, ela me mandou outro scrap dizendo que era um teste seguro, e que eu não precisava ter medo. Mas eu só respondi: 'não estou interessada, obrigada'. Depois de três meses, ela conseguiu meu endereço no MSN por intermédio de uma amiga. Começamos, então, a conversar melhor. No começo, minha mãe tinha medo porque achava que pudesse ser um golpe, mas Anna ligou para ela e conseguiu convencê-la.
- Depois que você viu que o convite era sério, o que aconteceu? Topou logo de cara ou ficou receosa?
- Já nas conversas com Anna pelo MSN, comecei a ter certeza de que eu iria participar do filme. Era meio que uma intuição. E eu estava com uma super vontade de fazer parte do projeto.
- Antes do convite para fazer parte do elenco de À Deriva, você já tinha pensado em ser atriz? Se não, quais carreiras pensa ou pensava em seguir?
- Não, nunca tinha pensado em ser atriz. Minha única experiência com interpretação havia sido no teatro da escola, que era obrigatório. Mas eu me sentia muito mal no palco, tanto que quando recebi o convite, essa lembrança foi um dos motivos para a minha recusa. Eu sempre pensei em ser arquiteta.
- E como ficou a escola durante as filmagens?
- Fiz um acordo com o colégio para faltar dois meses durante as filmagens e compensar as aulas perdidas assim que voltasse.
- Quem é a Laura depois de À Deriva?
- Quando coloquei os pés em São Paulo, na volta de Búzios, onde foram as gravações, passou um filme na minha cabeça. Comecei a lembrar de tudo o que tinha acontecido comigo em tão pouco tempo: convivi com adultos, acordava e ia dormir junto com todos, tinha muitas obrigações e responsabilidades, eu não podia falhar. Ao mesmo tempo em que tudo era intenso, também era recompensante chegar no final, e ver que tudo deu certo. Além disso, eu estava trabalhando com pessoas muito legais.
- O que foi mais difícil durante as filmagens? Em algum momento, você teve medo de não conseguir?
- Os horários às vezes eram bem complicados. Em alguns dias, tive que acordar às 4 horas da manhã. Em outros, ia dormir às seis horas da tarde! (risos). Era cansativo passar o dia todo debaixo do sol, mas nunca pensei em desistir porque, além de estar muito envolvida com o trabalho, eu também sabia que muitas pessoas dependiam de mim.
- Como foi trabalhar com Débora Bloch e com Vincent Cassel, sendo dirigida por Heitor Dhalia?
- A Débora é quase uma mãe para mim até hoje. Desde o início, ela me olhava e me tratava como filha. Ela é muito concentrada, sempre chegava no set com o texto decorado e ficava em um canto pensado na cena. Apesar de também ser muito disciplinado, o Vincent sempre arranjava algum jeito de fazer piadas nos intervalos das filmagens. O Heitor, como a minha personagem, que é muito decidida, sabe o que quer. Ele foi muito fofo comigo e sempre esteve disposto a me ajudar o tempo todo.
- A Filipa tinha alguma coisa em comum contigo?
- Sim, estávamos passando pela mesma fase da saída da infância e entrando na adolescência, acho que amadurecemos juntas. Filipa é muito diferente das amigas, uma menina de personalidade muito forte, bastante séria. Às vezes, eu a acho um pouco chatinha! (risos) Nem sei se eu seria amiga dela. Em algumas coisas a gente se parece, mas em outras somos muito diferentes.
- Você tem recebido muitos elogios. Como tem lidado com isso? O assédio te incomoda?
- Minha mãe me fala o tempo todo para eu manter os pés no chão. Não tenho problema com assédio, acho que é algo que faz parte da profissão que escolhi. É ótimo receber os elogios, vivenciar todo esse lado da fama, mas também é muito bom ficar em casa sem fazer nada, ver meus amigos, ir à casa da minha tia e conversar durante horas.
- O que mudou na sua vida? Agora que o filme já foi lançado, você voltou a ter a mesma vida de antes?
- Durante as pré-estreias, e um pouco depois do lançamento do filme ainda tinha muitos compromissos, mas agora está tudo está ficando mais calmo.
- Você continua internauta assídua? Além de Orkut, tem perfis no Facebook e Twitter?
- Claro! Acho que isso nunca vai parar (risos). Continuo no Orkut, e há pouco tempo criei perfis no Facebook, no MySpace e No Twitter.
- Você é vaidosa? Gosta de moda? Pode dar alguma dica de moda para as meninas que se identificam com você?
- Não sou vaidosa ao extremo. Em alguns dias, acordo com uma vontade de me arrumar, mas isso acontece de vez em nunca! (risos). A minha dica: é muito bom gostar de si mesma, e sempre se arrumar para você se sentir bem, principalmente. Sem exageros, é claro.
- Pretende continuar na carreira de atriz?
- Sim, é claro! Estou fazendo curso de teatro na Escola Célia Helena para me preparar melhor. À Deriva foi um trabalho bom, muito gostoso, mas eu tenho que me preparar para fazer qualquer tipo de personagem.
O filme é muito intenso. Você se emocionou quando assistiu pela primeira vez?
- As primeiras vezes que eu o vi, foi muito estranho me ver na tela. Depois vi o filme pronto em Cannes, quando À Deriva foi o único longa-metragem brasileiro em competição no Festival, pela seção Um Certo Olhar. Fiquei muito emocionada com a plateia aplaudindo.
E o que os seus pais e amigos acharam do filme?
- Meus pais se emocionaram muito. Meus amigos já foram algumas vezes assistir À Deriva. Minhas amigas fazem questão de gritar um 'uhuu' quando eu apareço na primeira cena (risos).
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