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'Lado a Lado': drama de Laura é inspirado em história real

A autora de ‘Lado a Lado’, Cláudia Lage, conta que momento dramático da personagem Laura foi inspirado em histórias reais e serve para mostrar o quanto muitas mulheres sofreram

Redação Publicado em 06/03/2013, às 09h52 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Laura (Marjorie Estiano) vive drama em 'Lado a Lado' - Reprodução/ Lado a Lado
Laura (Marjorie Estiano) vive drama em 'Lado a Lado' - Reprodução/ Lado a Lado

Em Lado a Lado, novela das 6 da Rede Globo que terá seu último capítulo exibido na próxima sexta-feira, 8, Constância (Patrícia Pillar, 49) internou a filha, Laura (Marjorie Estiano, 30), em um sanatório para impedi-la de denunciar um esquema de corrupção no Judiciário do qual ela fez parte.

Cláudia Lage, que escreve o folhetim com João Ximenes Braga (42), revelou que esse momento dramático da personagem foi inspirado em histórias reais e serve para mostrar o quanto muitas mulheres sofreram por sonharem com novos horizontes.

"Era uma prática comum no século XIX, que perdurou até meados do século XX. No estudo que nossa pesquisadora, Luciane Reis, fez pra gente, os prontuários dos médicos eram impressionantes. As justificativas para a internação parecem inverossímeis aos olhos de hoje. 'A paciente apresenta grave obsessão por livros', 'desprezo pela família', 'excitação sexual nervosa', 'recusa em ter filhos'”, explicou a autora, acrescentando que essas mulheres tinham algo em comum.

“Um dado notável é que boa parte das pacientes nos sanatórios era mulheres que haviam estudado além do estipulado para as mocinhas na época, que só aprendiam o suficiente para ler, escrever e fazer contas. Elas foram além, fizeram o curso normal ou ainda eram normalistas, dedicavam-se ou não ao magistério, mas eram mulheres com o intelectual acentuado, com interesses sociais e profissionais, que fugiam à ideia do casamento e da maternidade como o único destino possível. Foram tantas mulheres que passaram por isso que os seus nomes só chegaram a nós por meio de suas tristes histórias, já que todo o impulso delas de independência foi sufocado pelos familiares, o pai ou o irmão, ou pelo marido, que tinham a autorização para interná-las mesmo contra a vontade. Quer dizer, eles tinham o poder de julgar e decidir se suas esposas, irmãs e filhas eram loucas ou não, e interná-las caso assim desejassem. Do mesmo modo, só eles, ou uma junta médica, podia tirá-las do sanatório, ou deixá-las para sempre lá, como foi o caso de muitas", completou.

Cláudia também falou sobre a personagem Judite, a amiga que Laura faz no sanatório. "Inspirada em muitos casos reais, que vimos na pesquisa, Judite foi internada pelo próprio marido e esquecida no sanatório. Quando Laura chega, ela já está lá há 11 anos. A personagem ganhou esse nome, Judite, em homenagem a um texto da escritora Virgínia Woolf, no qual fala que se Shakespeare tivesse tido uma irmã tão talentosa quanto ele, ela nunca teria as mesmas oportunidades, e nunca se tornaria uma grande dramaturga. Virgínia batiza essa irmã fictícia de Judite. Enquanto Shakespeare ia para a universidade, Judite ficava em casa descascando batatas, por imposição dos pais. Essa irmã de Shakespeare, criada pela Virgínia Woolf, simboliza todas essas mulheres repletas de potenciais e de desejos, todos refreados e sufocados pela mentalidade sexista da sua época".

No capítulo que irá ao ar nesta quarta-feira, 6, Constância vai perceber que exagerou no “castigo” que deu à filha quando chegar ao sanatório e for impedida pelo médico de ver Laura.

Desesperada com a situação, a vilã não vê alternativa a não ser confessar para Edgar (Thiago Fragoso, 31) o que fez e pedir ajuda. O advogado vai ficar possesso e tentará salvar Laura.