O acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como “derrame” e hoje chamado pelos médicos acidente vascular encefálico (AVE), é uma das principais causas de morte no mundo e uma das doenças mais incapacitantes que existem. A nova denominação é mais precisa, porque muitas das ocorrências se manifestam em outras áreas do encéfalo, o centro do sistema nervoso, não ficando restrita ao cérebro.
A doença se caracteriza por uma interrupção repentina da circulação de sangue na região, causada por entupimento de uma artéria, com a consequente falta de sangue e oxigênio nos tecidos (isquemia), ou rompimento de um vaso, causando hemorragia. Os AVCs isquêmicos, mais comuns, respondem por 85% dos casos. Já os de origem hemorrágica são estimados em 15% do total.
No Brasil, só em 2011, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 170 000 pessoas foram internadas nos hospitais do SUS por AVCs de origem isquêmica ou hemorrágica. Em 2010, o ministério registrara a morte de quase 100 000 pessoas pelo problema.
Com o objetivo de reduzir esses números, o ministério autorizou em abril o atendimento, pelo SUS, das vítimas de AVCs na fase aguda. Pelo novo protocolo, os hospitais habilitados devem dar assistência integral aos pacientes e ministrar o medicamento trombolítico alteplase (rTPA), reconhecidamente eficaz para a dissolução de coágulos que entopem as artérias. Até então, não havia autorização para a utilização dessa substância, nem orientações para o treinamento das equipes necessárias para executar o procedimento. Desde a determinação do ministério, Governo Federal, Estados e municípios se articulam para criar os Centros de Atendimento de Urgência ao AVC para receber os pacientes.
A população precisa estar atenta aos sintomas do infarto cerebral: dificuldade para articular algumas palavras e fazer alguns movimentos, como levantar os braços; desequilíbrio; e fraqueza. Se alguém em sua companhia ou a seu lado parece estar tendo um AVC, leve-o ou solicite a presença de uma ambulância do Samu (telefone 192 em todo o País) para levá-lo imediatamente para o pronto-socorro do hospital habilitado mais próximo. É preciso frisar que o atendimento precisa ser muito rápido e por hospital especializado. Somente um neurologista é capaz de, por meio de testes, identificar a extensão de um AVC e prescrever o remédio certo para salvar a vida do paciente ou pelo menos reduzir as sequelas.
Deve-se ressaltar também que, embora em sua nomenclatura apareça a palavra “acidente”, grande parte dos AVCs pode ser evitada, porque os fatores de risco são conhecidos. Pessoas com hipertensão e diabetes fora do controle, fumantes, sedentários e obesos, assim como indivíduos que já sofreram infarto ou apresentam algum problema no coração, como a fibrilação atrial (um tipo de arritmia), estão mais suscetíveis a ter um AVC. A American Stroke Association recomenda Os Sete Passos Simples para a Saúde Vascular. Entre essas medidas estão: a) praticar atividade física aeróbia por no mínimo meia hora todo dia, cinco vezes por semana; b) controlar o colesterol; c) alimentar-se sempre de maneira saudável; d) controlar a pressão arterial; e) controlar o peso; f) controlar a glicemia e o diabetes; e
g) abandonar o tabagismo. Hoje o tratamento do AVC melhorou muito, mas a prevenção continua sendo a atitude mais importante.