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Homem maduro não se incomoda se a parceira tem atitude maternal

Leniza Castello Branco Publicado em 11/09/2006, às 14h15

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Muitas vezes o homem se queixa quando a mulher faz papel de mãe e com isso destrói a relação. Cuidar, proteger, querer ver o parceiro feliz fazem parte do relacionamento. Não é só a mãe que cuida e protege. Numa relação, aliás, o cuidado e o carinho devem vir de ambas as partes. Os dois parceiros têm de sentir prazer em dar o melhor de si para o outro, seja colaborando intelectualmente e fazendo uma comida saborosa, seja mantendo uma boa vida sexual, por exemplo. Ações como essas têm de ser prazerosas para ambos. Se os parceiros são maduros, não é uma atitude mais maternal ou filial que vai estragar a relação. Na verdade, o problema não é dar afeto nem cuidar, mas querer controlar o outro por meio de chantagens emocionais, doando-se porém ao mesmo tempo cobrando e forçando-o a fazer o que pretende. Isso é prejudicial. Se um dos parceiros é imaturo ou tem pavor de compromisso, se tem medo de ser controlado porque teve uma mãe controladora e ainda se sente como um menino, qualquer atitude que pareça maternal o assustará. E ele vai fugir da raia. A explicação é a seguinte. Pessoas que interpretam qualquer gesto de carinho ou cuidado como controle é que têm problema. Vivenciarão tal medo com qualquer parceiro. Um exemplo é o homem que tem pavor de compromisso, morre de medo quando a mulher quer cuidar dele, foge apavorado e diz que se parece com a sua mãe. Para não correr perigo, é provável que vá preferir uma mulher que o maltrate e despreze. Se sua relação com a mãe foi boa, não era reprimido por ela, tem o ego bem-estruturado, vai adorar mimos e carinhos e retribuir. Os cuidados maternais positivos, sem cobranças, podem vir tanto dos homens como das mulheres. E não devem ser interpretados como tentativa de dominação. Quando escolhemos os nossos parceiros, projetamos neles nosso companheiro ou companheira ideais, com as suas qualidades positivas, e esperamos que correspondam ao nosso príncipe ou princesa encantados. O casamento permite a projeção de conteúdos de nosso psiquismo. Alguns são conscientes, isto é, conhecidos. Achamos que determinada mulher tem a doçura de nossa mãe, por exemplo, mesmo sem conhecê-la. Isso é uma projeção consciente. Colocamos em alguém que não conhecemos qualidades que ainda não mostrou mas supomos que tenha. Pelo seu olhar, a voz e as maneiras ela parece ser doce, inteligente, meiga. Imaginamos, então, quepoderá ser boa parceira. Isso é consciente. Dizemos aos amigos: "Conheci uma mulher encantadora. É tão meiga!" Apreciamos essas qualidades, mas não percebemos que somos atraídos também por seu desejo de controle típico de nossa mãe. Tal desejo está inconsciente, mas atua com muita força, tanta ou mais do que as forças conscientes. Quando conhecemos alguém, somos atraídos também por qualidades que estão no inconsciente e só aparecem após certo tempo de união. A mãe controladora já existia, não era explícita, estava guardada na alma, mas também foi decisiva para que quiséssemos a pessoa. Tendemos a repetir no casamento os papéis que nossos pais nos delegaram. Se a mulher se comporta como mãe e o parceiro não aceita o papel de filho, ela muda. Mas se a mãe dele também era controladora e o desqualificava, vai se encaixar no papel e o conflito estará formado. Na terapia, podemos perguntar a quem se queixa desse tipo de mulher: "Quando você se lembra de ter sido controlado ou desqualificado desse modo? Por quem?" Pode ser a mãe, o pai, mesmo um irmão. O pavor do controle fica guardado e, quando uma situação parecida se repete, ativa o menino inseguro que ele foi. Ele reage de modo exagerado, fugindo ou dando fim à união. Parece que Chico Buarque (62) não tinha medo quando escreveu e compôs Sem Fantasia: "Vem meu menino vadio/ Vem sem mentir pra você/ Vem, mas vem sem fantasia/ Que da noite pro dia/ Você não vai crescer..."