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Gerald Thomas

O retorno triunfal do diretor de teatro carioca em Londres

Redação Publicado em 22/03/2011, às 17h13 - Atualizado em 28/03/2011, às 08h53

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Na capital inglesa, o artista radicado em NY, que chegou a anunciar em 2009 seu afastamento dos palcos, estreia o espetáculo Throats, no Pleasance Theatre. - EMILIANO CAPOZOLI
Na capital inglesa, o artista radicado em NY, que chegou a anunciar em 2009 seu afastamento dos palcos, estreia o espetáculo Throats, no Pleasance Theatre. - EMILIANO CAPOZOLI
Após sua despedida dos palcos, em 2009, com um manifesto em que exprimia a decepção com a cultura atual, o aclamado e não menos polêmico diretor de teatro brasileiro Gerald Thomas (56) não resistiu ficar longe de sua paixão e escolheu a peça Throats - gargantas, em inglês - para o seu grande retorno. "Depois de ler muito e observar o mundo sem a obrigação de ter que contribuir, me autoimpus o país onde seria o mais difícil para se começar de novo, a Inglaterra. O teatro daqui é supercareta, tradicional, com pouquíssimas exceções", diz o carioca radicado em Nova York, cujo espetáculo está em cartaz desde 18 de fevereiro no Pleasance Theatre, em Londres, e mostra um sombrio mundo pós 11 de setembro de 2001, data dos atentados terroristas nos EUA. Na época, seu relato originou o documentário A Primeira Guerra do Século XXI - Relato de uma Testemunha: Gerald Thomas, produzido e distribuído por CARAS. "Com a rapidez da informação, o artista hoje tem a obrigação de continuar a colocar seu ponto de vista sobre o sentido da vida", fala. Para encenar a peça, Gerald montou a London Dry Opera, que, apesar do nome, não é ligada à Ópera Seca, que o projetou nos anos 1980. Formado em Filosofia e dono de peculiar visão de mundo, o carioca, que passou parte de sua trajetória em territórios americano, inglês e alemão e criou espetáculos como Eletra com Creta, The Flash and Crash Days, M.O.R.T.E. e Um Circo de Rins e Fígados, concedeu entrevista exclusiva à CARAS. - Você enfrentou uma depressão nos últimos anos. A volta ao trabalho o ajudou a superá-la? - Não. Como posso ser feliz se tenho medo do mundo e da natureza? Se olho para o Japão ou Haiti e percebo que não valemos um tostão? Não sou um doente. Produzo feito um maluco. Mas talvez esse estilo de vida workaholic seja, de fato, uma doença. - O que o levou a voltar à ativa após anunciar a "aposentadoria" em carta na qual se dizia desiludido com o teatro? - Não era uma desilusão exclusivamente com o teatro, mas em relação a qualquer expressão artística que não conseguisse fazer um link entre a realidade e a arte. Não gosto de arte política, mas gosto de ver o efeito da dor do mundo sobre o artista. Hoje, com a rapidez da informação, o artista tem a obrigação de continuar a colocar o seu ponto de vista sobre o sentido da vida, as 'perdas ou ganhos' ou 'o que estamos fazendo aqui?' Assim, nosso tamanho perante o universo e as guerras são material para um autor como eu. Throats é sobre os ataques de 11 de setembro de 2001, que vi da minha janela. Mas, mais que isso, é sobre homens-bombas, sobre ter de desconfiar de multidões, de amigos, de religiões consideradas extremistas. - As críticas ao teatro atual contidas no manifesto ainda soam pertinentes hoje em dia? - Nada mudou, exceto a minha volta aos palcos. O manifesto está lá. Ele ainda continua. - Como vai o seu projeto de ópera com o músico John Paul Jones, ex-Led Zeppelin, que assina a trilha de Throats? - Nos encontramos uma vez por semana, mas mudamos o nome da ópera e até o tema. Resolvemos que seria ou algo baseado em um certo livro ou que colocaríamos os nossos berros altos no palco. - O público brasileiro terá a chance de conferir a sua peça Throats? - Sim, nós iremos para São Paulo e depois para Nova York. - Pensa em voltar a montar um espetáculo no Brasil? - Não no momento. - Sente saudade do País? - Muita. Morar aí só morei quando criança e no início da adolescência. Minha vida profissional está em Nova York; a emoção contida, aqui em Londres; o coração, 100% no Brasil.