Redação Publicado em 05/10/2010, às 19h23 - Atualizado às 19h25
Bipolar: de bi, do latim, bis, duas vezes, e polar, de polo, do grego pólos, pelo latim polus. Designa o que tem dois polos, aparece em dois polos ou tem características completamente opostas. Dá nome também a transtorno psíquico característico de pessoa que muda abruptamente de humor, parecendo outra, como se tivesse duas personalidades, alternadas no convívio com os outros.
Estilhaço: de estilha, do latim assula, lasca, pedaço, cavaco, pela variante do latim tardio astula, mudada para astilla em espanhol. O sufixo "aço" é próprio de aumentativo. A origem remota talvez seja o latim hasta. Designa coisa que se parte em muitos fragmentos: o para-brisa do carro despedaçou-se em muitos estilhaços depois da colisão. Aparece nestes versos de Águas de Março, do compositor e cantor carioca Tom Jobim (1927-1994): "É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando/ É a luz da manhã, é o tijolo chegando/ É a lenha, é o dia, é o fim da picada/ É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada".
Fanfarra: do francês fanfare, música alta, com ritmos bem marcados, tocada em desfiles e momentos festivos. Em francês, a palavra formou-se de provável origem onomatopaica. Serviu para designar o toque de clarins e trompas nas caçadas, o conjunto das melodias de caça e, mais tarde, banda de música que acompanhava cortejos civis e militares. Atualmente aplica-se à fanfarra dos desfiles, que é formada de instrumentos de sopro e de metal, aos quais são incorporados também saxofones e a bateria. Na ópera, é o trecho executado por instrumento de metal.
Hasta: do latim hasta, lança, chuço, dardo, do mesmo étimo de haste. Designava entre os antigos romanos o leilão. Era fincada uma lança, símbolo da autoridade quiritária, defronte ao lugar onde eram vendidos os bens dos devedores do tesouro público. Os quirites eram cidadãos romanos que podiam votar.
Quirite: do latim quirites, designando os sabinos incorporados a Roma após o famoso rapto de suas mulheres. Na linguagem militar, tinha o sentido de paisano e servia como injúria. Segundo a lenda, havendo homens demais e mulheres de menos entre eles, os romanos foram a uma festa dos sabinos, seus vizinhos, e de lá trouxeram viúvas e moças solteiras, tomando-as como suas mulheres. Quando os sabinos vieram retomá-las, elas defenderam seus maridos e filhos, ajudando os romanos a vencer os sabinos e colaborando para fixar os termos da paz. O Aurélio registra apenas o plural, mas o Aulete e outros dão entrada ao verbete no singular.
Recruta: de recrutar, do francês antigo recruter, ligado a recoitre, de coitre, crescer, portanto tornar a crescer, pelo prefixo "re". A origem remota é o latim recredere, também com o prefixo "re" anteposto a credere, crer, confiar. Designa o soldado que acabou de chegar ao quartel e aquele que assentou praça recentemente. Os recrutas não envelhecem nessa condição, logo serão soldados experientes, cabos, sargentos, tenentes, capitães, majores, generais. Exceto o Recruta Zero, personagem de quadrinhos criado pelo americano Mort Walker (86) em 1950 para criticar o serviço militar dos Estados Unidos. Ele surgiu como um estudante universitário preguiçoso, atrapalhado e indisciplinado. O autor, querendo denunciar os maus-tratos nas Forças Armadas, alistou o personagem no Exército. Ele fez sucesso entre os soldados e foi detestado pelos comandantes. Em 1969, a revista Mad retirou o emblemático boné e pôs na testa do recruta a ordem "Saiam do Vietnã". Na década de 1980, as histórias foram acusadas de sexistas pelos movimentos feministas. As tirinhas, desenhadas até hoje por seu criador, são publicadas aqui pelo jornal O Estado de S.Paulo. O Melhor do Recruta Zero (Editora LPM) é uma seleção dessas tiras.
Show: do inglês show, exibição, do mesmo étimo do verbo to show, mostrar, exibir. Dar um show é desempenhar bem o ofício, com competência, como fazem os atores talentosos. Por metáfora, o jogador que dá um show de bola nas partidas serviu de comparação para outros profissionais que se saem bem. Já os reality shows são espetáculos da televisão que apresentam pessoas reais, sem representar outras que não sejam elas mesmas.
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