por <b>Deonísio da Silva</b>*<br><br> Publicado em 10/11/2009, às 21h52 - Atualizado em 12/11/2009, às 11h48
Cabra da peste: do latim capra, cabra, e peste, declinação de pestis, peste. A expressão tem pouco a ver com o significado original das palavras que a compõem. Passou a designar o indivíduo valente, leal, corajoso, temido por sua valentia. Estes significados formaram-se porque, no Nordeste, cabra é sinônimo de homem. Quando o sujeito contraía uma doença contagiosa ou uma peste, todos se afastavam com medo, não dele, mas da doença que o acometia. Égua: do latim equa, égua, a fêmea do equus, cavalo, cuja variante, caballus, predominou na denominação do animal, consolidando-se contudo o adjetivo equino. No turfe, a égua vencedora recebia um banho de champanhe. Lavar a égua tornou-se, pois, expressão indicativa de sorte, de boa coisa.
Gambá: de origem controversa, talvez do tupi gã'bá, ventre oco, pela formação gua, ventre, e ambá, vazio. Designa animal marsupial, isto é, que tem pequena bolsa no ventre, onde estão as tetas e onde se acomodam os filhotes recém-nascidos. O gambá tem cauda preênsil, isto é, que pode prender, agarrar, e 18 dentes, ao contrário de outros mamíferos, que têm apenas 12. Ele é onívoro, ou seja, come de tudo, e leva vida noturna. Adora cachaça e uma das formas de apanhá-lo é deixar um pote com a bebida. Atraído pelo cheiro, bebe o conteúdo e cai embriagado. Nasceu daí a expressão "bêbado como um gambá".
Ler: do latim legere, colher, recolher, apanhar; enrolar, tirar, escolher, captar com os olhos. A origem remota é o grego léghein, reunir. Todas as línguas neolatinas mantiveram visível o étimo latino. Em italiano, ler é leggere; em espanhol é leer; e em francês é lire. O alemão lesen parece mais perto do étimo grego do que do latino.
Rebolar: de bola, do latim bulla, pelo provençal bola, com o prefixo "re" e o sufixo "ar", designando dança ou passo que faz com que o bumbum pareça uma bola em movimento. Aparece neste poema de Soila Schreiber (56), autora de vários livros, entre os quais Narrativas do Coração: "Rebola, bola no alto do viaduto/ Seu vulto cheirou cola/ e manda bala/ Rebola, bola um rebolado/ Aventura para os jornais:/ Buraco na porta do carro,/ Rombo no coração/ Por acaso essa arma tão certeira/Pode apontar pra outra bandeira,/ Vulto sem direção na linha vermelha?".
Silencioso: do latim silentiosus, silencioso, talvez com influência do francês silencieux. É adjetivo que qualifica o ambiente, o estado psicológico de alguém, mas também uma peça de automóveis e caminhões que têm o fim de suavizar o barulho resultante da explosão do combustível no motor. Como adjetivo e no feminino, aparece neste trecho de Morte no Paraíso, de Alberto Dines (77), a mais completa biografia do escritor judeu-austríaco Stefan Zweig (1881-1942), que se suicidou em Petrópolis, no Rio de Janeiro, juntamente com sua segunda esposa, Elisabeth Charlotte Altmann (1908-1942): "Enquanto A Mulher Silenciosa vivia sua ruidosa odisseia política, uma silenciosa mulher envolve Stefan inapelavelmente. Meses antes, como num folhetim bufo e batido, Friderike flagra o marido abraçado à secretária Lotte num quarto de hotel em Nice". O autor refere-se à ópera do compositor alemão Richard Strauss (1864-1949), não ao título homônimo de um romance brasileiro.
Teogonia: théos, deus, e gónos, fecundação, estão presentes nos étimos desta palavra que designa nas religiões politeístas, isto é, praticadas por aqueles que acreditavam em vários deuses, o nascimento das divindades e a apresentação da genealogia de cada uma delas. O conjunto de divindades foi conceito básico na organização econômica, religiosa e cultural das sociedades antigas. Teogonia dá título a um dos livros de Hesíodo (século VIII a.C.). Tanto nessa obra quanto em Os Trabalhos e os Dias, o autor trata do mito central: a punição de Prometeu, que roubou o fogo dos deuses para dá-lo aos homens. Ele foi o primeiro grande poeta grego depois de Homero (século VIII a.C.).
Yakisoba: do japonês yakisoba, macarrão frito, prato de origem chinesa. A variante é yakissoba, para evitar-se o som de "z", já que o "s" entre vogais tem som de "z". A massa é semelhante ao talharim, que vem frito e é acompanhado de linguiça, carne e um molho típico.
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