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Etimologia

No próximo domingo, a Copa do Mundo fará a sua finalíssima, de final, do latim finale, declinação de finalis, última partida, final. O jogo ocorre em Johannesburgo, a sede, do latim sede, declinação de sedes, mais movimentada de todo o Mundial.

por Deonísio da Silva* Publicado em 06/07/2010, às 13h44 - Atualizado às 13h45

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Etimologia
Esmagar: do latim vulgar exmagare, vinculado a maculare, machucar, magoar. Passou a ter o sentido de destruir, vencer, derrotar. O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1982-1987) utiliza o verbo esmagar nos versos de O Elefante: "Mas faminto de seres / e situações patéticas,/ de encontros ao luar/ no mais profundo oceano,/ sob a raiz das árvores/ ou no seio das conchas,/ de luzes que não cegam/ e brilham através/ dos troncos mais espessos,/ esse passo que vai/ sem esmagar as plantas/ no campo de batalha,/ à procura de sítios,/ segredos, episódios/ não contados em livro,/ de que apenas o vento,/ as folhas, a formiga/ reconhecem o talhe,/ mas que os homens ignoram,/ pois só ousam mostrar-se/ sob a paz das cortinas/ à pálpebra cerrada". Finalíssima: de final, do latim finale, declinação de finalis, final, substantivo e adjetivo no português, ligados a fim, do latim finis. O superlativo absoluto sintético foi substantivado para designar a partida final das competições esportivas ou outras disputas em que é referida a última etapa. No futebol, embora finalíssima tenha este nome, pode ainda ocorrer prorrogação da partida e, persistindo empate, a decisão vai para séries de pênaltis. As finalíssimas de Copa do Mundo de 1930 até 2010 quase sempre envolveram as mesmas seleções: a do Brasil foi à finalíssima em 1950, 1958, 1962, 1970, 1994, 1998 e 2002. Perdeu em 1950 e em 1998. A da Alemanha, em 1954, 1966, 1974, 1982, 1986, 1990 e 2002. A da Itália em 1934, 1938, 1970, 1982, 1994 e 2006. A da Argentina, em 1930, 1978, 1986, 1990. Uruguai, França, Checoslováquia, Holanda e Hungria foram a finalíssimas duas vezes cada um. A Suécia foi uma vez. Moderno: do latim modernus, radicado em modus, modo, que primeiramente no francês, no século XIV, e depois no português, no século XV, veio a designar a época em que se vive, por vezes caracterizada também como contemporânea. Os marcos iniciais e finais são porém arbitrários. Há historiadores que datam a Idade Moderna do fim da Idade Média ao fim da Revolução Francesa, mas em geral o entendimento é de fatos, objetos, ideias, invenções recentes. No limite, designa fenômenos caracterizados pelo modo mais avançado. No latim, a palavra modernus foi primeiramente usada por Flavius Magnus Aurelius Cassiodorus Senator (485-585) quando servia ao rei dos godos e dos ostrogodos e regente dos visigodos Teodorico, o Grande (454-526), que venceu Odoacro (434-493) e depois tomou o filósofo e teólogo Anicius Manlius Torquatus Severinus Boethius (475-524) como conselheiro, mas a quem depois mandou torturar e executar por divergências políticas. Quando estava na prisão Boethius, conhecido também como La Boétie, na cultura francesa, escreveu De Consolatione Philosophiae (O Consolo pela Filosofia). Cassiodoro era moderno, mas não muito, pois não é moderno mandar assassinar o discordante. Rivalidade: do latim rivalitate, declinação de rivalitas. É do mesmo étimo de rivus, que deu rius no latim vulgar e rio no português. Uma das primeiras rivalidades entre os seres humanos surgiu por disputa de água, para si e para os animais domésticos, provavelmente por povoações estabelecidas às margens de algum rio. Aos poucos, tais disputas foram realizadas também por outros motivos: por pastos à beira dos rios, por determinadas plantas ou árvores ali situadas, por gente que navegasse por aquelas águas. Rastreadas as origens, sempre se chegará a esses sentidos, mas o fato é que rivalidade consolidou-se como oposição, conflito, luta, guerra. Na Copa de 2010, algumas rivalidades clássicas no futebol voltaram a manifestar-se, como a dos brasileiros com os argentinos. Sede: do latim sede, declinação de sedes, local em que se pode sentar, onde estão o assento, a cadeira e, por extensão, a cátedra, a cadeira maior, o trono, de que é exemplo a expressão Santa Sé, sede da Igreja, onde está o trono de São Pedro, primeiro papa, expressão simbólica, já que os primeiros papas não tiveram tronos e às vezes nem sedes onde ficarem, tão perseguidos eram. Também o trono é simbólico. No sentido de sede, como necessidade de beber água ou outra bebida e ainda como desejo ardente, o étimo é o latim site, declinação de sitis, sede, que perdeu o acento circunflexo no primeiro "e" na reforma ortográfica.