Nome de conhecido palhaço de circo, ximbica tem origem controversa, possivelmente seja uma palavra derivada do banto ximba, surra de vara que os ogãs dão no iniciado. Também de origem controversa, zabumba pode ter surgido do conguês bumba, bater.
Abril: do latim vulgar aprilius, radicado em aprilis, em conformidade com nomes de seis dos 10 meses do antigo ano romano, presididos por deuses ou deusas: Jano (janeiro), Febre (fevereiro), Marte (março), Vênus (abril), Maia (maio), Juno (junho). Abril tem efemérides marcantes: o poeta inglês John Milton (1608-1674), já pobre, porque neto de avô católico que deserdara o pai ao descobrir seu protestantismo, e cego, em consequência de seus anos de presidiário por motivos políticos, vendeu o copyright de sua obraprima, O Paraíso Perdido, por 10 libras, no dia 27, em 1667; o inconfidente mineiro Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), foi enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro, no dia 21, em 1792; o Brasil foi descoberto no dia 22, em 1500; um soldado francês compôs A Marselhesa, que se consolidou como hino da França, no dia 25, em 1792; um camponês grego encontrou a estátua de Vênus na ilha de Milo, no dia 8, em 1820; a primeira ligação de um telefone celular foi realizada em Nova York, no dia 3, em 1973.
Coisa-ruim: de cousa, do latim causa, motivo, razão, e ruim, do latim vulgar ruinu, por influência de ruina, ruína, destruição. É o nome composto que reúne as entidades diabólicas mais conhecidas, entre as quais Lúcifer, Satanás, Belzebu, Belfegor, Leviatã, Mamon e Asmodeus, os dois últimos muito citados pelo presidente Jânio da Silva Quadros (1917-1992), para atribuir ignorância aos jornalistas que desconheciam esses nomes do diabo e exibir ao povo, nos comícios, sua proclamada erudição e saber, que não se limitavam ao português correto, mas esquisito, de seus discursos e intervenções.
Dom: do latim donum, presente dos deuses, mas designando também aquilo que lhes é oferecido. Está presente em muitas expressões, vinculando habilidades e talentos. Como os reis se consideravam herdeiros diretos de Deus, adotaram dom como indicativo de sua condição, logo misturado ao de dono, do latim dominus, senhor. Os reis católicos da Espanha, dom Fernando II (1452-1516) e dona Isabel I (1451-1504), e de Portugal, dom João II (1455-1495), que assinaram o Tratado de Tordesilhas, dividindo as novas terras entre as duas nações, levaram ao pé da letra serem donos do mundo, o que fez o rei francês Luís XII (1462-1515) perguntar: “Em que artigo de seu testamento Adão repartiu a Terra entre portugueses e espanhóis?”.
Sabedoria: de sabido e sabedor, ligados a saber, do latim sapere, ter gosto. É do mesmo étimo de sapore, sabor. Entre tantos motivos para aprender com quem fala bem, temos também os etimológicos. Tomou o sentido de conhecimento, mas vinculado tanto ao humano quanto ao divino, pois é considerado dom. La Sapienza, a Sabedoria, em italiano, é famosa universidade de Roma, fundada pelo papa Bonifácio VIII (1205-1303) em 20 de abril de 1303. Em 15 de janeiro de 2008, uma visita do papa Bento XVI (85) àquela universidade, prevista para dois dias depois, foi proibida, após intensa movimentação dos alunos. O discurso já estava pronto e o Vaticano o divulgou. O papa concluiu assim: “O que é que o papa tem a fazer ou a dizer na universidade? Seguramente, não deve procurar impor de modo autoritário aos outros a fé, a qual pode ser dada somente em liberdade.” Quatro anos depois, visitando Cuba, o mesmo papa ouvirá com paciência a pergunta surpreendente de Fidel Castro (85): “O que faz um papa?”.
Ximbica: de origem controversa, talvez palavra derivada do banto ximba, surra de vara que os ogãs aplicam no iniciado em transe como punição ordenada pelo orixá. Ximbica
designa também jogo de cartas, cachaça, pessoa mentirosa e carro velho. E dá nome a um palhaço de circo e a uma cantora que canta estes versos: “Eu me olho no espelho/ Linda passo meu batomom/ Ligo o rádio e não escuto nada de bom-om/ Propaganda eleitoral me dá depressão/ Que país sensacional/ Até palhaço é federal!”.
Zabumba: de origem controversa, talvez do étimo conguês bumba, bater. No banto designa pancada, tambor grande, bumbo. Seu significado mais comum em português é tambor confeccionado de pedaços de madeira colados, alternados com suportes de metal, em formato cilíndrico, tocado por varetas, macetas ou baquetas, sobre uma ou duas membranas esticadas. A zabumba está presente em muitos ritmos, sobretudo nordestinos.