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Etimologia

Redação Publicado em 05/03/2013, às 10h59 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Automóvel: de auto, por si mesmo, e móvel, que se move, influenciado pelo Francês automobile. Inventado por franceses e alemães, daí a presença de tantas palavras francesas nos veículos automotores, o primeiro a locomover-se por conta própria, por motor de combustão, era pouco mais do que uma pequena carruagem motorizada. Tornou-se conhecido como Benz Patent-Motorwagen. Foi inventado pelo engenheiro alemão Karl Friedrich Benz (1844-1929) e tinha apenas três rodas. Em 1886 foram vendidas 25 unidades. O tanque tinha capacidade para 1,5 litro, e a autonomia não chegava a 16 quilômetros. No ano seguinte, o freio — tiras de couro comprimidas sobre as rodas dianteiras — foi transferido para as traseiras. Fazia 16 quilômetros por hora e era mais lento do que um cavalo.

Bico: do Latim beccus, para designar sobretudo a região das maxilas das aves, coberta de invólucro córneo. Mas hoje o verbete é um dos mais extensos nos dicionários. Pode ser, entre outras coisas, a ponta do candeeiro, o bico da chuteira, um trabalho adicional ao emprego principal, o bico da torneira. Todo pássaro é ave, nem todas as aves são pássaros, mas todas têm bico. Algumas aves não voam, como o pinguim, o avestruz, o dodo, já extinto, e o quivi, símbolo da Nova Zelândia. 

Cocada: de coco, do nome da personagem infantil inventada para aterrorizar as crianças, também conhecida no Brasil por Cuca, mais o sufixo “ada”, comum na formação de palavras, menos a voga final de coco. Designa doce feito de coco ralado e açúcar ou calda de açúcar, cozido até adquirir consistência firme, cortado de variadas formas. E está presente na expressão rei ou rainha da cocada preta, surgida depois da vinda da família real para o Brasil, em 1809. O rei tinha o privilégio de comer as primeiras cocadas pretas, as mais saborosas, e só depois os nobres podiam servir-se. O brasileiro, muito debochado, passou a usar a frase para vingar a arrogância de quem queria sobrepor-se aos outros, como se rei fosse.

Efeméride: do Grego ephemerís pelo Latim ephemeris, designando tábua astronômica para registrar a posição dos astros no céu. Indicava também o registro de fatos importantes ocorridos no passado naquele dia e compromissos como o de pagar as contas, que não podiam ficar para as calendas, origem da palavra calendário, porque, ao contrário dos romanos, eles não tinham calendas. Irônicos, os romanos diziam de um ato que nunca ia se realizar que tinha ficado para as calendas gregas, inexistentes.

Mãe de santo: de mãe, do Latim mater, e santo, do Latim sanctus. Designa sacerdotisa dos cultos afrobrasileiros e está presente no candomblé e na umbanda, onde é responsável pela administração espiritual do terreiro. A expressão tinha hífen, perdido com o Acordo Ortográfico mais recente. É figura simpática e querida por todos, ao contrário da mãe de um santo cristão, São Pedro (século I), o primeiro papa. A mãe de São Pedro vive equidistante entre o Céu e o Inferno. É a única ali. As outras almas estão no Céu, no Inferno, no Purgatório ou no Limbo, mas ela nem cai, nem sobe. Personagem de um conto europeu muito popular, veio parar no Brasil. Nas tramas, ela é condenada ao Inferno, mas São Pedro consegue de Jesus (século I) que ela suba ao Céu por um talo de cebola que perdera num ralo. Quando está subindo, outras almas se agarram nela e a ranzinza senhora começa a chutá-las com tanta violência que o talo se rompe. Não voltou para o Inferno, mas também não pôde subir ao Céu.

Perdida: do Latim perdita, substantivo ligado ao verbo perdere, perder. Designa a prostituta ou mulher que outrora perdia a virgindade fora do casamento e era obrigada a prostituir-se. Mas, em 14 acepções já postas nos dicionários, o substantivo masculino “perdido” aparece na expressão “achados e perdidos” e nestes versos do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): “Amar o perdido/ deixa confundido/ este coração./ Nada pode o olvido/ contra o sem-sentido/ apelo do não./ As coisas tangíveis/ tornam-se insensíveis/ à palma da mão./ Mas as coisas findas,/ muito mais que lindas,/ essas ficarão.”